CORPOS EM CHAMAS (miniconto)
As sombras marcam as paredes dos prédios. Uma echarpe se enrosca no marco da Bandeira. O odor do sangue impregna o ar. Choros e lamentos atormentam ainda mais, os que estão tentando se salvar. No alto do edifício uma mulher grita em desespero! Uma bolsa despenca do vigésimo sexto andar. Pessoas desorientadas caminham no parapeito do edifício em chamas. O que fazer? O calor derrete as portas. As chamas lambem as placas do teto do décimo segundo andar. O fogo se propaga e arrasta as pessoas ao inferno. Um grito de terror. A mulher se joga. Logo seu corpo se choca contra o asfalto. Mais um jovem se atira. O fogo queima os corpos, arranca as almas. O rosto da morte se multiplica. Corpos caem flutuando para esparramar carne e sangue pelo chão. As testemunhas deste horror acenam lenços e escrevem no asfalto pedindo: CALMA. A família testemunha a cena. A menina esconde o rosto no vestido da mãe. Uma grande explosão lança chamas e vidros das janelas para longe. Um bombeiro com o corpo em chamas é socorrido. O suór escorre pelo meu rosto. O pesadelo atormenta! O susto acelera as batidas do coração. Salto da cama! Acordo! As lembranças da infância alucinam a minha noite.