Quem tem Medo de Escuro?

De sua velha cadeira de madeira, o velhor senhor Lourenço passava as manhãs a olhar a rua pouco movimentada da frente de sua casa. Todas as manhãs o sol o brindava com seus raios dourados e quentes animando, um pouco, sua careca manchada. Ele cruza as pernas e aproveita o ócio. Todo dia é assim.

Porém, um dia, uma quarta-feira, o velhor senhor Lourenço não foi até sua velha cadeira de madeira. Preferiu continuar deitado, remexendo dum lado para o outro da cama enquanto sentia espasmos provocados pela gastrite crônica. Foram duas horas de indecisão: levantar, com dor e ver a vida alheia; ou permanecer sofrendo na horizontal.

Com muito sofrimento, seu Lourenço levantou-se e foi mancando, com uma mão segurando as costas, até a porta de vidro.

Quando olhou para fora, espantou-se.

Tudo estava escuro. No céu não havia o sol, dourado e presente, não havia a lua, não havia estrelas.

Para se certificar do que via, foi até a rack, velha e carcomida, olhar o relógio, velho. O relógio mostrava que eram dez da manhã, ou seja, onde estava o sol?

Ligando a TV, um repórter de plantão anunciava o incrível 'desaparecimento' do sol. Lourenço, espantado e confuso, pensou:

-Essa gastrite está me deixando louco.

Voltou, passo por passo, e deitou-se na sua cama. Revolvendo-se ao meio de dores agudas.

Dieggo Oliveira
Enviado por Dieggo Oliveira em 13/09/2009
Reeditado em 12/10/2009
Código do texto: T1808546
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