A REVOLTA DE MIRÓ

Miró estava bêbado. E muito revoltado. Viu a mulher dormindo feito uma porca no cama sebosa e resolveu cortá-la ao meio com um machado. Depois foi para o quintal. Tirou as roupas sujas de sangue e ficou completamente nu. Começou a uivar coisas que ninguém entendia. Ele estava fazendo de propósito, claro. Mas quem ouviu, e depois ficou sabendo do ocorrido, jurou que ele estava possuido pelo demônio. Para Miró, era justamente o contrário, naquela hora ele estava tirando o capeta da sua vida.

Com a algazarra, o cachorro da casa começou a latir. Miró foi até a casinha onde ele ficava preso. Abriu a portinha e o cão saltou para o lado de fora com os dentes arreganhados. Miró desceu-lhe o machado da cara que partiu o bicho em dois. O coração ficou caído no chão de terra e ainda batia quando Miró o pegou e o comeu.

Quando olhou para o vizinho, a casa lá estava cheia de gente gritando com ele. Até aquele momento ele nem mesmo percebera barulho ou presença de ninguém mas agora um monte de gente falava e gesticulava ao mesmo tempo na sua direção.

- Vão-se à casa do caralho, porras! - Gritou Miró ao mesmo tempo em que mostrava seu órgão genital peludão para quem quisesse ver.

De repente ouviu o barulho da polícia chegando na frente da sua casa. Ouviu os macacos invadindo pelo portão da frente. Empunhou o machado na direção de quem vinha de lá.

- Peraí, malandrage! É a puliça! - Gritou um dos meganhas.

- Alevanta as mão! - Gritou outro.

Mas Miró estava muito na dele naquele momento. Mal distinguia as luzes e cores ao seu redor. Pra ele, ele estava era num campo verde, enorme, sozinho; ele e o vento. E aqueles caras esquisitos e burros eram somente umas abelhas africanas que resolveram aparecer pra ferrar com tudo.

- Eu levanto é a puta que te pariu! - Gritou Miró. E partiu pra cima dos macacos.

Foi tiro pra todo lado. Teve até policia que atirou no próprio pé e teve outro que acertou umas três crianças na casa ao lado.

Miró caiu ciscando no meio do quintal. Mas ainda não estava morto não. Ficou no chão se esvaindo em sangue e rindo com a lingua de fora. E quanto mais sentia o sangue lhe cobrir mais ele ficava excitado até que teve uma ereção e começou a se masturbar.

As mocinhas da vizinhanda, vendo aquilo, ficaram todas louquinhas e se jogaram em cima dos rapazes que moravam por alí. E até as velhas e viúvas e beatas da região deram um jeitinho pra amassar o croquete também.

Foi uma fudelança só o restante do dia. Enquanto isso os policiais, que não eram bôbos nem nada, aproveitaram para afanar os pertences dos bolsos de todos que tiraram as roupas perto deles.

Do lado de fora da casa, na rua, a mesma cena se repetia. Todos quebravam o côco loucamente por todos os lados. E no rádio da viatura a central informava que uma epidemia de transões parecia ter tomado conta de todo o país.

Os policiais se entreolharam.

"Imaginem quanta roupa com os bolsos cheios de dinheiro, celulares e cartões de creditos não estão atiradas no chão nesse momento!" Disseram eles mentalmente um para o outro.

Assim, deram partida na viatura e foram fazer a vida por aí.

Miró, no seu melhor momento, melhorou também a vida de todo mundo.

Gabriel Heinrich
Enviado por Gabriel Heinrich em 29/08/2009
Reeditado em 31/08/2009
Código do texto: T1781803
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.