Amor Eterno

Saio debaixo das cobertas e vou vomitar no vaso. Esta rotina de bêbado esta me matando. Escrever é o que me resta alem de terríveis dores de cabeça. Escovo os dentes e acendo um cigarro, tento ler o jornal do dia mas não tem nenhuma novidade. Meu vizinho neste quarto de hotel chinfrim bate na porta, esta tão bêbado quanto se pode estar as três da tarde. Virou todas para aperitivar antes do almoço e não tem um níquel para comer um pão dormido. Abro a porta e ele me pede uns tostões para poder comer alguma coisa, mas digo que estou com o aluguel vencido a duas semanas e também não tenho nada para comer. Mentira, tenho um saldo de 100 dollares no banco, o que vai me segurar ate receber mais um pouco de dinheiro que vem de casa para me sustentar ate ter sucesso como escritor em Los Angeles. Mas não esta nada fácil, depois de mandar o chato do vizinho catar coquinhos me visto e saio para rua escondido da senhoria para não me morder 20 dollares do aluguel vencido. Vou a um bar tomar um drinque e passar o tempo. O bar estava vazio, ninguém ali dentro alem do barman, que limpava uns copos muito devagar que me acena com a cabeça quando entro. Pergunta o que vai ser “vodka e suco de laranja” respondo. Ele muito devagar vai ate o balcão e começa a preparar a bebida, me serve e volta ao seu canto. Me olho no espelho de trás do balcão, cabelo desgrenhado, barba por fazer, cheio de espinhas na cara é a visão do inferno. Na minha cidade natal eu era um rapaz ate apresentável, tinha meninas que corriam atrás de mim mas fui sempre meio banana. Estava quase sempre com a cara escondida atrás de um livro qualquer ávido por aprender a fazer aquela mágica com as palavras. Depois da quebra da bolsa em 29 tudo ficou muito difícil para nossa família em Boston, mas meu sonho de vir para Los Angeles era grande demais e vim conferir o sol da costa do pacifico. E aqui estou em 1932 com vinte anos e um sonho na cabeça. A escuridão dentro do bar é quebrada quando a portinha de vai e vem é aberta. Entra uma linda moça, bem vestida e muito branca,com cabelos vermelhos lindos e bem cortados e uma maquiagem bem feita, senta-se numa das cabines do bar e o garçom da uma olhada para ela detrás do balcão e muito contrariado vai ate ela ver o que vai querer. Com a mesma calma que me serviu prepara um whisky para a moça que devia ter um pouco mais de trinta anos, mas muito bonita e cheia de vida. Com a lentidão do garçom ela vem ate o balcão e me olho de soslaio. Senta num dos banquinhos e espera o seu drinque. O garçom assobiando trás o whisky dela e novamente volta para o seu lugar atrás do balcão. Enrolo um cigarro para acompanhar o meu drinque e a moça solta um assobio de assombro. Olho para ela e dou um sorriso e ela começa a falar:

- Você enrola muito rápido este cigarro, poderia fazer isso de novo?

- Acho que sim, você quer um cigarro? – eu digo.

- Claro, e você quer mais uma bebida? – pergunta ela vendo meu copo quase vazio – o que vai ser, outro destes?

- Acho que sim, - e passo o cigarro para ela – não tenho dinheiro para nada mais.

- Não se preocupe com dinheiro, eu tenho algum aqui. Qual é seu nome, rapaz?

- John, John davies. E o seu moça? – pergunto.

- Sarah. Você não é daqui não é mesmo?

- Não, sou de Boston. Estou aqui para conseguir alguma coisa melhor que lá. Sabe como é, não é? – digo.

- Sim, entendo perfeitamente. Saúde a nós. – e ela levanta seu drinque no ar e faz um brinde.

- Chame o garçom e peça o seu outro drinque, na lentidão que ele esta só vai chegar aqui no ano novo. – dia Sarah e grita com o rapaz pedindo o meu drinque.

Conversa vai e conversa vem e ela me convida para dar uma volta com ela ate sua casa, ela diz que mora ali perto num hotelzinho bem bacana. Caminhamos quase meia hora ate seu hotelzinho bacana. Era um prédio em ruínas pronto para demolição. Subimos ate o terceiro andar, não vi ninguém no hotel. Só ouvi barulho de passos rápidos e portas sendo fechadas. Chegamos ate a porta do quarto dela. Ela deu um sorriso e abriu com muito cuidado a porta que parecia que ia despencar da parede. Deu um rangido quando abriu e estava tudo escuro lá dentro. Pedi para abrir a janela, mas ela disse para ligar a luz da lâmpada e foi o que eu fiz. Me convidou a sentar na cama e foi ate o banheiro no quarto contíguo. De lá ela gritou para eu ficar a vontade e pegar um whisky em cima do armário que ela ia trazer os copos. Procurei com muito esforço ate que achei a garrafa de whisky e nisso apareceu ela com os copos. Sentou-se bem juntinha a mim na cama esfregando os joelhos nos meus e bebemos calados uns dois copos de bebida. Começamos a nos beijar, ela começou a me morder nos lábios como se fosse arrancar um pedaço de mim, tirou sua blusa, e eu beijei seus seios fartos. Ela meteu as mãos dentro de minhas calças e pegou meu membro duro e começou a beija-lo e chupa-lo com força como se nunca tivesse feito isso antes. Ficamos nus e transamos mais de uma vez, ela me beijava a cada vez com força redobrada. Me mordia no pescoço, eu sentia o sangue escorrer do meu lábio cortado por seu tesão intenso. Minhas costas estavam toda arranhas por suas unhas. Quando acabamos era tarde da noite já e dormi com ela depois de me limpas nos lençóis. No dia seguinte acordei bem tarde. Tipo duas e meia da tarde, fui ate o banheiro dela fazer xixi e me preparar para ir embora, quando ponho as mãos no pescoço todo dolorido da noite de amor. Passo pelo espelho e não noto nada demais. Mas paro e volto ate o banheiro, aonde era para ter o chuveiro tinha um gigantesco caixão de defunto, paro e me olho no espelho e noto o que devia ter notado não tenho reflexo mais. Em desespero saio correndo para pedir ajuda num dos quartos ao lado, bato, bato e ninguém responde. Assustado corro para rua, o sol da tarde me queima a pele e volto correndo para dentro do prédio condenado. Arrombo uma das portas, um quarto minúsculo e só um caixão no meio. Cada vez mais assustado faço o mesmo no quarto ao lado e também só um caixão e tudo fechado. Entro no quarto de Sarah e ela esta de roupão vermelho e me da boa tarde, dou-lhe um grito a plenos pulmões. Ela me da um beijinho com o canto da boca e diz “agora você será meu para sempre”. Nunca mais vi o lindo sol da califórnia. Virei um vampiro.

30/07/2009

17:02 hrs

Marcelo riboni.