IZABEL LORONDA

A noite já estava alta e a lua cheia iluminava toda a cidade dando um ar misterioso e sombrio.

Como de costume, todas as vezes que faltava luz, Dona Zélia, uma senhora pobre que trabalhava muito lavando e cozinhando em casa de família para sustentar sozinha seus dois filhos, os reunia ao redor do fogão de lenha (que nesta hora era o lugar mais quentinho de toda a casa), para contar-lhes histórias de sua infância. Nem bem sentaram e Georgina a filha mais nova foi logo dizendo:

- Não me venha com histórias de terror! Todos sabem que não me assusto fácil! – exclamou a corajosa menina dos cabelos compridos e negros, seus olhos castanhos pareciam mais brilhantes a luz do fogo e sua pele ainda mais branca.

- Como não se assusta? – disse Marquinho, o filho mais velho já achando graça do rápido esquecimento de sua irmã – Da ultima vez, nem dormir você conseguiu!

- Ora meninos parem com isso! – fala a mãe já entrando no clima – A história que contarei hoje para vocês será sim de terror, mas é uma história diferente... Pois aconteceu de verdade!

Todos a olharam fascinados e já arrependidos de terem se sentado ali naquele lugar, o fogo da lenha fazia sombras tenebrosas ganharem vida e Georgina podia jurar que uma das sombras sorria calorosamente para ela. Nesta hora o silêncio foi cortado pela voz propositalmente modificada de Dona Zélia.

- Era uma vez, neste mesmo bairro onde moramos, existia uma mulher chamada Izabel Loronda. Ela era uma andarilha, sem casa, família ou amigos, vivia sozinha nos becos escuros e na floresta que existia atrás de nossa casa.

Loronda, como era conhecida, tinha os cabelos despenteados e com alguns fios já embranquecidos pelo tempo, suas roupas eram rasgadas e mal cheirosas... Alguns mais observadores diziam que era banguela, outros que tinha apenas um dente na parte de cima da gengiva e este ainda estava podre, outros afirmavam de pés juntos e mãos postas que se tratava de uma bruxa! Diziam, também que de seus olhos saiam fogo e que por isso não mais enxergava como nós e sim com a língua...

Chegaram a dizer, até que trazia mal agouro para quem a olhasse fixamente e por esse motivo ninguém se atrevia a olha-la. Seus pés descalços mostravam unhas enormes, pretas e rachadas.

Até que sem muitas explicações Loronda é achada morta no beco escuro. Ninguém sabia quem tinha feito tamanha maldade com a mulher e logo trataram de sumir com o corpo, deixando por isso mesmo, afinal não existia parentes nem amigos para reivindicar o crime.

Porém, logo que a noite caiu escura como a de hoje, ouve-se uma voz horrenda que cantava pelas ruas:

Izabel Loronda...

Ela já morreu...

Ela já morreu...

Ela está aqui!

Mas ninguém teve coragem de olhar pela janela e ver quem estava cantando tão medonha melodia. Uns dizem que em noites escuras, Loronda volta de seu túmulo para procurar seu assassino...

Outros dizem que ela busca vingança de todos moradores por não darem importância a sua morte e que se encontra alguém na rua leva para junto dela. Por isso se escutarem sua música, saiam correndo sem olhar para trás, talvez assim tenham alguma chance de saírem a salvos!

AUTOR: WYLLER CERUTTI

Wyller Cerutti
Enviado por Wyller Cerutti em 16/06/2009
Código do texto: T1652560
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