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                ASAS PARA A ETERNIDADE

Em uma manhã, sentada num parque com lindo jardim, ela fazia afagos nos pequenos esquilos,
habitantes dos altos pinheiros alpinos, que vinham até os visitantes, que sempre contra a vontade dos
guardas dos parques, lhes davam alguma coisa para comer.
Nas montanhas a neve começava a derreter, anunciando o final do inverno no hemisfério norte, o céu azul, o cheiro de pinho, o sol tímido, eram um ótimo atrativo para quem como ela tinha a vida tão atribulada.
Ao colocar o rosto entre as mãos e erguer a cabeça viu no imaculado céu azul, o rastro de um avião que havia passado, sabia para onde ia, sabia todas as rotas, afinal era aeromoça há 7 anos.
Apesar de tanto tempo na aviação ela era uma jovem e bonita mulher, 29 anos, solteira, com a alma e o coração cheio de sonhos para serem realizados, quem sabe um dia...Pensava ela naquele momento.
No fundo do parque num pequeno jardim, sempre nos finais de passeios ia para fazer sua oração e pedir proteção a Deus.
O barulho imenso do aeroporto, nunca fora problema, pois gostava daquela agitação, daquela
babilonia de línguas e costumes no vestir.
Não sabia mais quantas vezes chegara àquele aeroporto e dele saiu, quantas vezes os motores
das imensas aeronaves lhe ultrapassaram os decibéis suportaveis pelos ouvidos, mas nunca havia observado que tonalidades tinham os roncos, para ela eram todos iguais.
Mais uma escala de viagem, e como sempre longas, quase cruzando o globo terrestre.
193 passageiros, 8 aeromoças, 7 outros tripulantes, entre pilotos e da parte administrativa no ar.
Uma breve oração, nos apartamentos do aeroporto, destinado ao pessoal da companhias, e logo em seguida, a preparação já dentro da aeronave, para a decolagem.
O som quase imperceptível vindo do exterior, parecia um zunido, dentro do avião.
Pelas janelas ela pode observar, como tantas vezes os angares passarem pelo seu avião taxiando, as árvores, os edifícios e lá ao longe uma igrejinha que ela sempre olhava com muito carinho, antes das viagem e quando chegava
era a primeira visão que queria ter.
Aprumado em horizontal, como devem ser as aeronaves, a aceleração do jato, foi levantada e ele começou a deslizar, cada vez mais rápido, até libertar-se no vazio da atmosfera.
Recolheram-se todos da tripulação para uma reunião, menos de meia hora após, o comandante, desejava a todos uma boa viagem e bom trabalho
para seus comandados, seriam 10 horas de viagem, a 11.000 metros de altitude sobre os alpes, europa e porção da ásia.
3 horas após a decolagem a tempestade de final de inverno, trouxe grossas camadas de nuvens,
e a influencia ia até a estratosfera, portanto, o avião passaria no seu interior...
Sempre que havia turbulência, ela voltava seu pensamento a Deus, numa forma de aliviar a tensão,
Neste início de noite no entando, haviam outros problemas, aquele barulho dos motores que
julgava nunca ter observado, pela constante recepção do mesmo som, era capaz de diferenciar sim pois a muito viajava na mesma aeronave....
De um leve zunido agora, depois das primeiras turbulências notou em pequena diferença o ronco anterior, para este que agora, rodeava aquele mundo...
Ela caminhava da frente para a área trazeira do jato quando um forte cheiro de fumaça repentinamente invadiu o corpo do avião,
as luzes de emergencia foram acesas, de um leve zunido, em pouco tempo, ouvia agora o ronco que intercalava-se com momentos de completa inercia, até parecia que flutuavam sem nenhuma sustentação.
O desespero, assemelhava-se a dos condenados em câmara de gás no holocausto, pois mais nada há além deles, só a morte os espera...
Aquele som de arremeter que ela tantas vezes ouviu, agora de tempos em tempos ouvia, mas era
evidente que os motores não atingiam seu ponto máximo, e caia novamente ao tenebroso silencio, a aeronave, mergulhava na diagonal...
Ela sabia...
De 11 kilometros, o avião caiu para 6, e o ar gelado do exterior, ja atingia por pequenos frestos, quase todos.
Numa ultima tentativa, o piloto, tentou uma ultima arremetida.....
As turbinas não responderam....o Fogo se espalhou pelo corpo do avião e quando a aeronave estava a 6 kilometros do seu destino, a 300 metros do chão, explodiu...
O gigante de 300 toneladas ao bater no chão no meio das chamas, partiu-se em dois, espalhando cadáveres carbonizados pelos campos de cultivares baixos, deixando o horrendo espetáculo que só uma máquina que carrega 139.110 litros de combustivel, poderia ter deixado de legado ao cair...
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 02/06/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1628871
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