HORDA DE MISERÁVEIS

Quando caía a tarde naqueles sertões a parte conservadora daquele canto do mundo,recolhia-se em suas casas, e tudo girava em torno da televisão e os mais humildes em volta do rádio a pilha e do morceguinho:(lampião com um recipiente em vidro,pavio e combustível a querosene).
Mas tinha uma parte da pequena localidade que passava a vida, a causar danos aos vizinhos, e a encomodar estes na hora do sossego, principalmente a noite.
Entre os baderneiros 4 motoqueiros, trabalhadores rurais como os outros mas que gastavam tudo que tinham em função das motocicletas.
Entre as diversões destes jovens, estava o de em alta madrugada, passar pelas casas em marcha lenta e atirar bombas, ou atirar com revólveres os animais.
Era algo incontrolável que nem as autoridades resolviam, pois eram rápidos e agiam somente a noite.
Tinham levado a ruína alguns pequenos do lugar, tinham a índole má, não se preocupariam se alguem morresse por causa deles.
Mas como fazer justiça, sem chamar a atenção de alguém?
Ao longo da estradinha em que passavam os motoqueiros na madrugada, Chico e Pedro planejaram uma emboscada para os amigos de farra.
Consistia em uma rampa sob a terra, que fazia a moto levantar e fazer o motoqueiro perder a direção.
1....2....3 horas da madrugada...O ronco forte das 4 motos soaram no ar, ao longe primeiro, depois mais forte, até que lá no morro as luzes aproximavam-se...
Todas as motos subiram as rampas, aumentando a velocidade, caindo na frente e pra espanto dos dois, seguiram em frente, no breu da noite...
mais 50 metros na frente bem no meio de uma curva passava um riacho.
O ronco cessou...
No outro dia pela manhã, os rastros estavam no chão, os sulco na grama antes do riacho, também denunciavam a presença de algo sobre ela...
Chegaram ao lado do riacho, mas dentro dele nada existia, nada havia caído naquele riacho.
Várias noites sucederam-se, ouviam-se os roncos das motos, mas ninguém as via, eram giramundos que nem os pais sabiam de seus paradeiros, pois hoje estavam aqui e outro dia acolá.
A tarde havia precedido uma tempestade, o riacho transbordou e alguns pescadores aproveitavam a agua suja para pescar, e na outra margem do rio...alguma coisa chamou a atenção de um deles...
Largou a vara de pesca, regaçou a calça e entrou devagar...Quando estava com a água pela cintura a uns 5 metros do barranco sentiu ferroadas terríveis na perna ferida dias antes, quando quiz mudar o passo, uma chuva de piranhas lhe desintegrou o abdomem, afundando-o, ante os gritos desesperados dos companheiros...Em 5 minutos nada mais restava, apenas a carcaça , que os companheiros com uma vara comprida tiraram da água.
O unico que havia visto a tal coisa do outro lado do riacho, estava morto.
O nível do rio baixou, agora sim, qualquer pessoa que se aproximasse dele veria as tais coisas...
Amontoados onde o rio fazia um redemoínho, dezenas de ossos misturados ao barro...
Pelas quantidades de cranios, sabiam bem de quem se tratava, as autoridades vieram e levaram os ossos...
Mas a máquina de matar tinha os criadores e ela era bem mais complexa...
Além da rampa que jogava as motos para cima...10 metros além,  uma faixa de 4 metros quadrados em cada trilho da estrada, tinha um filete de 1 cm de graxa....E mais além, a mais 10 metros, lâminas de arado postas uma ao lado da outra fixadas em madeira...
Na madrugada da emboscada, uma caminhonete foi deixada para carregar os restos das motos.
E os corpos?...Bem, foram para alimentar as piranhas...
O trajeto das motos incluiu a subida na rampa, o solavanco terrível ao cairem no chão, o inevitável mergulho na superfície lisa de graxa e o esquartejamento nas lâminas de arado Os gritos terríveis, os últimos momentos daqueles trastes foram abafados pelos capacetes...
O eco do som das motos ainda é ouvido nas montanhas daqueles confins do mundo, o que todos pensam ser uma coisa gravada no inconsciente coletivo, somente Chico e Pedro sabem que não...
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 26/05/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1615970
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.