A MORTE QUE ESPERA
A fumaça negra cobriu por instantes o sol, naquela tarde quente de agosto.
Era o ano de 1968, o horror teve hora e vez num sangrento atentado...
4 de Fevereiro de 1968, a frente de 22 homens, os gritos assustadores daquele major, ecoavam por toda a unidade militar, era a ultima turma de oficiais a ser formada pelo major, depois faria trabalhos burocráticos por mais 1 ano e viria então a aposentadoria.
5 meses de curso, a temível alteração psicológica, que tanto abalava a mente daqueles homens.
Todas as turmas formadas mostravam homens diferentes ao final do curso, submissos, e frios.
Na verdade era isso que esperavam os superiores, homens que aceitassem ordens, nem que fossem absurdas e frios para morrerem sem o perigo temer e nem evitar.
Foram dias terríveis em pântanos imundos, cheios de podridão onde o esgoto era a agua mais limpa.
Noites inteiras com seus uniformes molhados, e as temíveis torturas, não como castigo, mas como necessárias aulas de sobrevivencia.
Na verdade não eram homens, mas jovens recém saidos da adolescencia, que almejavam algo de bom na vida e
escolheram a vida militar.
Nas vizinhanças belicosos vizinhos eram a ameaça a combater depois de formados.
O que num outro país levaria 3 anos eles fariam em 5 meses, este ja era um teste para suas frágeis vidas.
Durante 4 dias da semana, os treinamentos duravam 24 horas e nos outros 15 horas.
Era brutal e muitos deles terminavam o dia de treinamento na enfermaria.
Esta era o resultado do esforço físico, quanto ao esforço mental, este era sentido a médio prazo.
Ao fundo do quartel, numa área chamada de Local para reaproveitamento, eram colocada todas as coisas
inservíveis no quartel, e no subsolo deste local eram feitas as execuções...
15 dias depois de terminado o curso, eram feitos testes com os novos oficiais pra ver do aproveitamento do curso ou não.
Na realidade é que se buscava nestas avaliações resquícios de rebeldia e de conduta inversa a que se propunha ensinar o comando superior.
Na evidencia de anomalias pós-cursos, estes elementos eram, executados em cadeiras elétricas, pois era irreversível o dano feito ao cérebro destes jovens.
Portanto, haviam dois caminhos, a educação forçada para a submissão ou o desvio do aprendizado para a rebeldia e ao dom da criminalidade.
Muitos após 3 meses de curso, apresentavam uma docilidade fora do normal, enquanto outros perambulavam nas noites dentro dos alojamentos.
Nesta fase, até o término dos 5 meses, o unico contato que os oficiais tinham com os jovens era nas aulas, nas horas de folga não podiam avaliar as atitudes deles, e havia entre todos uma cumplicidade muito grande, nada era revelado fora do alojamento.
7 jovens que entre si conversavam ja sabiam o que o curso tinha-lhes causado na mente, e também sabiam que seriam avaliados.
O que cabia apenas aos oficiais superiores saberem eram as execuções, mas estes 7 jovens, vasculhando documentos sabiam dos seus destinos.
O que se sabia era que os homens eram levados aquele local interrogados e depois transferidos daquele quartel para outro, mas a realidade era tenebrosa.
Separados no dia da formatura, os 7 homens foram colocados, em um galpão, ao lado do depósito de armas e munição, com 4 guardas para cuidá-los.
Duas coisas foram fundamentais para que a tragédia tivesse exito:
Os guardas eram recrutas inexperientes, e os presos experimentados alunos oficiais.
Tudo eles sabiam de munição, tudo eles sabiam de defesa pessoal, foram preparados para ser uma tropa de infantaria, portanto aptos para enfrentarem o inimigo corpo a corpo.
Enquanto corria a formatura e os desfiles, um a um os guardas foram sendo atraidos para dentro do local onde estavam os sete homens e mortos, uns enforcados outros, com suas cabeças estraçalhadas contra as paredes.
Dentro do paiol de munição, tiveram meia hora para "prepararem-se".
Estes homens, não foram tornados submissos, mas adquiriram a frieza e algo mais, as suas vidas foram privadas de sentimentos como amor e piedade, por erros na conduta da aplicação do curso.
A bem da verdade eram, animais, que tinham somente o ódio em seus corações.
Ao final dos desfiles, estavam formados os militares, formando 4 colunas, em forma de um quadrado, e ao centro, junto com outros oficiais, o major despedia-se daquela sua última turma de formação...
Distantes 4 metros um do outro, os 7 homens entraram no meio do quadrado, onde estavam 240 homens...
Enfileirados, um a um aciononaram cada um por vez a sua carga de bombas amarradas ao corpo...
O sétimo homem, quando acionou os seus explosivos estava abraçado ao major...
O sangue manchou o piso cimentado, pedaços humanos espalhados no silencio da tarde...
A transformação abrupta do cérebro levou-os ao sucídio e a execução coletiva. Isto somente uma nova vida em um outro mundo para recompor o trajeto em direção a Deus.