O metrô sombrio.
Eram 21h30minh da noite de uma sexta-feira. Um senhor de classe média embarca no último expresso do dia. Praticamente vazio, apenas com dez pessoas. Ele avalia todo o compartimento e senta-se próximo a janela e começa a pensar no dia que teve e já faz planos para os de amanhã. Pegou seu MP7, ligou, pos no ouvido e cochilou. Aparentemente tudo estava tranquilo. Um frio descomunal assolava o vagão do expresso. O senhor por sua vez despertou e pos seu paletó novamente. Encolheu-se completamente no banco. Ele se deslocava do centro da cidade até o interior, percurso que durava 2h.
Era uma sensação horrível, parecia que tudo iria ter um fim ali. Que todos seus anos de vasto trabalho chegassem ao fim; Por um momento ainda sonolento, pensou em sua família. Uma lágrima corre lhe a face. Imaginou como seria a vida de esposa e de seus dois filhos sem ele. Balançou a cabeça que não, rio e levou a mão ao rosto para limpar o vestígio que a lágrima deixou. Encostou sua cabeça na vidraça do expresso e dormiu. Mesmo dormindo, ainda sentia sensações estranhas. Seu coração apertava, sentia um vazio enorme. O ar por vezes faltava. Acordou! Olhou para os lados, levantou-se. Olhou pra trás, para os lados novamente. Suspeitando algo sobrenatural, tomado pelo medo, sentou-se novamente.
Lutou contra seu sono. Mais mesmo depois de tanto guerrear, dormiu. Nisso, o expresso para em uma das estações. Entram dois rapazes e uma moça. O senhor nada percebe, pois estava completamente apagado. O que chamava atenção dos outros passageiros que ficaram aparentemente inquietos era que os novos integrantes do expresso, traziam consigo uma prancha dentro da capa. Os outros integrantes imaginavam que não havia nenhum motivo de prancha numa cidade do interior muito menos naquele estado, já que não havia praias na região.
Os novos integrantes sentam-se e começam a conversar. Põem a suposta prancha ao lado deles e continuam conversando. Nesse momento, aquele senhor acordou assustado, pálido e com a mesma sensação de vazio só que agora muito maior. Olhou para os três, viu a prancha e ficou pensando no que poderia ser, já que prancha de verdade não seria pos praia era muito longe dali. Apenas dois dias de viagem da cidade, para a praia mais próxima. Neste momento, enquanto se perdia em hipóteses. Um dos três integrantes, o mais jovem, se aproximou do senhor e o perguntou se aquele expresso seguia em direção ao interior. Enquanto isso, os outros dois continuaram confabulando.
Por fim, chega à antepenúltima estação. Todos descem, exceto os três suspeitos e o senhor. O jovem que conversou outrora com o senhor, agora não está mais. Os olhos dos três começaram a mudar, dentes cresceram e suas roupas modificaram. O senhor apavorado, com os olhos esbugalhados e com o coração quase saindo pela boca gritava, como gritava. Ninguém dava ouvido. Então ele começou a correr entre os vagões do expresso. Desesperado, olhou para o relógio e viu que marcava 23h e que faltava apenas meia-hora. Os três que se tornaram vampiros abriram à capa que cobria a suposta prancha. Era um foice, prateada e espelhada, de aproximadamente 1,70m. E foram calmamente em busca do homem. Rindo e gargalhando. Então o mais astuto dos três gritou. Dizia que não se quedaria feliz se não obtivesse a vida daquele senhor. Gritava também que a família daquele senhor já encontrava se arruinada, pois eles haviam destruído. O pacato senhor, acanhando, sentado e encolhido no chão do primeiro vagão, onde se encontrava o maquinista, chorava. Chorava lágrimas cobertas de dor, peso e culpa. Antes de sair para seu trabalho, sua filha mais nova, a coisa mais preciosa da vida dele, havia pedido para que o pai se quedasse em casa. Ele apenas riu e seguiu seu dia e agora estava naquela situação. As lágrimas apenas rolavam o rosto e medo tomava sua face.
Nesse momento ele viu os três se aproximando, gritava desesperadamente, pedindo que não o matasse e que dava tudo para se ver livra daquela situação. Os outros riram. A jovem disse que o que eles queriam era a vida dele. O senhor apavorado, levantou-se e começou a correr em direção a eles. Pensou rapidamente e os derrubou. E continuou correndo até o fim do expresso. Eles gargalharam. Riam e riam cada vez mais alto. O senhor tentou se esconder embaixo de um assento. Então neste exato momento ele sente que o expresso estava parando. Com os nervos a flor da pele, ele saí debaixo de seu ‘esconderijo’ e olha para todos os lados e apenas vê o expresso parando e os três se aproximando. Finalmente o expresso para. Ele desesperado olha pela janela em busca de uma estação e acaba encontrando nada, somente os túneis do metrô. Então, ele corre pra porta e começa a bater desesperadamente. Olha que os três se aproximavam cada vez mais. Finalmente, a porta se abriu. Ele, desesperado e corroído pelo medo, saiu correndo, tomando os devidos cuidados para na cair. Sua visão já não era de bom grado, ainda mais no escuro. Mais correu com êxito e não caiu. Então, quando ele consegue passar o ultimo vagão que no caso era o primeiro, ele escuta uma voz estranha o chamando pelo nome. Ele para, olha pra trás e se assusta ao extremo. Vê outra pessoa diferente dos três que agora estava com essa criatura. Observa que sua vestimenta era diferente, seus olhos se tornavam cada vez mais vermelhos, sua pele era indiscutivelmente a mais branca que já havia visto em toda sua vida. Tão branca, a ponto de passar uma sensação de um enorme frio, um frio desolador. Dando passos pra trás, e olhando os quatro, tropeça e caí.
Os quatros gargalhando, se aproximam do individuo o seguram e o levam novamente para dentro do expresso. A jovem segurando a foice. Passava seu dedo sobre a afiada lâmina. Ele com certeza mais submisso do que qualquer coisa, chorava apenas. Então a jovem começou a falar. Dizia que havia chegado à hora dele. Que sua família já estava totalmente arruinada. Esposa morta e filhos torturados, com chagas extremamente abertas por todo corpo.
Nesse momento ele leva a mão ao rosto e começa a falar de entonação grossa e apavorada. Expressava-se dizendo que se culpava por não escutar sua filha. Disse também, que sua filha havia pedido a ele para não sair para trabalhar. E logo perguntou o porquê daquilo tudo somente com ele. Os quatros riram e o chefe, o mais astuto e aparentemente belo disse que ele estava devendo a eles e que a hora de cobrar era aquela. O senhor curvou sua cabeça e começou a falar. Dizia que não tinha nada a ganhar, muito menos a perder com a morte, já que sua família já estava morta e em estado de decomposição. Nisso, o quarto integrante o agarrou pela gola da camisa, mostrou seus dentes afiados e o jogou próximo a cabine do maquinista. Os outros três de pronto o amarraram. O mais jovem retirou da sua jaqueta um chicote com laminas afiadas. Deu-lhe uma chicotada, duas chicotadas, três chicotadas. Chorando de dor, ódio, raiva, amargura e infelicidade, com o corpo sangrando, o pobre senhor agonizava. A jovem tratou de tirar a roupa do senhor deixando-o sem nenhuma peça. E então a dose de chicotadas foram aumentando e os gritos mistos de gargalhadas também. A jovem se aproxima dele, ajoelha-se perante o pobre que já estava todo machucado. Alisa-lhe o pescoço e passa a mão por todo seu corpo. Passa os dedos sobre os lábios dele e como uma fera morde o pescoço dele. Suga muito do seu sangue, deixando-o praticamente sem forças. Para. A seguir vem o segundo e crava-lhe os dentes sugando-o. Os outros dois apenas observaram, pois não estavam com desejo, pois antes haviam feito vitimas. A mulher do homem. Por falar no homem, ele já se encontrava quase desfalecido. Com os olhos cerrados, a boca aberta, sangrando. Igualmente o corpo. Então o chefe, digamos assim, pegou a foice e apontou para o peito do senhor. Enfiou um pouco mais e fez-lhe um corte até a altura do estomago. Neste momento, o pobre senhor veio ao desencarne. Vendo seu corpo naquele estado, seu espírito começou a agonizar. Os quatros perceberam que ele havia morrido. E o maquinista toma a foice do companheiro, encosta no pescoço do moribundo e fala que sua cabeça seria o prêmio. Ele ergue a foice para trás pondo toda força existente, exatamente agora o espírito fecha os olhos não desejando ver tamanha desgraça. Apenas houve um barulho enorme e como se algo estivesse espirrando incessantemente. Preferiu ficar de olhos fechados e começou a vagar pela linha do trem, de olhos fechados ainda. Caminhou por alguns instantes e muito longe ouviu um choro. De olhos ainda fechados, sorriu. Abriram-se os olhos. A vista meio que embaçada se deu conta de estar em um hospital, todo encubado e sua esposa chorando. Ele fixa o olhar nela e assustado com olhos arregalados começa a se debater. Então sua esposa o olha e recomeça seu choro, mais um choro finalmente de alegria. Após dois dias que ainda continuará internado e sem visitas ele obteve alta do médico. Quando realmente viu sua mulher com lágrimas escorrendo o rosto, sorriu. Impossibilitado de pronto a abraçar, abriu os braços e pediu um forte abraço. Sua esposa de pronta fez o que ele havia pedido e ao pé do ouvido ele pediu explicações, quis saber o que havia acontecido esse tempo todo. Sua esposa ainda com lágrimas caindo pelo rosto disse que ele havia batido de carro e que estava três dias em coma; tudo realmente e devidamente explicado ele seguiu pra casa sem nada falar da experiência que obteve nesses três dias.