PSICOSE

Que luzes seriam aquelas quando pela madrugada Peter acordou e foi ao banheiro, os remédios ja não faziam efeito decididamente, mas porque tomá-los? Porque queriam que ele tomasse aquilo?
A manhã estava com uma tonalidade escura, iria chover, o espaço da grande praça parecia um emaranhado de interrogações para Peter, há tempos que a confusão mental lhe aflingia a vida.
38 anos, solteiro e há 3 morando sozinho, piloto profissional, escondia dos superiores seu problema.
Os incomodos personagens da sua outra vida agora pareciam conviver com ele dia a dia, onde estivesse.
Neste dia de folga, passeava na praça e lá estavam eles, até uma simples abelha parecia um monstro a espreitá-lo, não tinha mais paz.
Os remédios? Bem faziam um efeito relampago e as perseguições e vozes vinham em seguida, como uma torrente a arrastá-lo para o delírio e as visões.
A manhã passou, a tarde e a noite chegou, e com ela os medos voltaram...
De hora em hora acordou durante a noite com batidas nas paredes e seres voando pelo seu quarto, iria ao médico novamente, decidiu.
Mas isso seria possível somente na próxima folga.
Esta manhã tomou o dobro de remédios, teria que voar com passageiros.
Peter era naturalmente um homem silencioso, com um caráter irretocável e na empresa ninguém viu nada de estranho nele.
09:00 horas da manhã, 65 passageiros, Peter e um co-piloto taxiaram na pista.
8 minutos depois alçava vôo a aeronave...
20 minutos depois Peter pediu para o co-piloto verificar a esquerda de onde estavam uma aeronave.
Muito além de sua rota, viu o co-piloto uma bando de patos em migração, comunicou ao piloto.
Em silencio, Peter balançou uma vez a cabeça, entendendo a comunicação.
Controlou-se sabia que as coisas iriam piorar.
1 hora após deixarem o aeroporto, o co-pilo assumiu o controle e Peter foi ao banheiro, onde tomou uma dose dupla de medicamentos, rapidamente saiu do banheiro, quando algo o chamou atras do balcão no banheiro.
De volta a cabine, Peter, ao entrar teve a pior visão que ja havia tido.
A uns 100 metros do avião, uma luz verde intensa lhe ofuscou a visão, caminhou em silencio até a poltrona e sentou-se, esperando o impacto.
Fechou os olhos e virou para sua janela.
Quando novamente olhou para a frente, o infinito do céu era o que ele via.
Suando frio olhou para o co-piloto que imóvel olhava para a frente não se dando conta do ocorrido com Peter.
11:45 minutos, os sintomas eram visíveis, olhos vermelhos, uma ansiedade que beirava a loucura, pela primeira vez em meses alguém que não o médico perguntava-lhe alguma coisa sobre a doença.
Peter, Peter...Chamou o co-piloto...
O que esta sentindo Peter?
Apenas uma queda de pressão eu acho, respondeu ele.
Quer que eu assuma a aeronave Peter?
Não é necessário, respondeu.
Bom, vou ao banheiro, disse o co-piloto.
Tudo bem, concluiu, Peter.
Os 15 minutos seguintes foram os mais longos da vida de Peter.
Apesar de esconder a doença das pessoas, se sentia muito frágil, sozinho.
Sentiu medo, na verdade pavor...levantou...
Ouvia gritos de socorro, as luzes do lado de fora do avião voltaram.
Cambaleante, foi até o acesso aos passageiros...
O que viu lhe transferiu ao inferno...
Aqueles olhos pareciam brasas enfileiradas, em sua mente uma horda de demonios vieram buscá-lo.
Viu fumaça, e sentiu o cheiro de enxofre vindo do fundo daquele inferno.
Voltou-se, deu dois passos, adentro a cabine, travou a porta, agora na cabine sussurou...
Estou protegido...
Ouviu a campainha de chamado do lado de fora da porta, era o co-piloto.
Em sua mente eram tentativas de arrombamento, para sacrificá-lo.
Não irão me pegar...demonios infelizes, retrucou.
Pouco a pouco, dominado pelas alucinações, foi perdendo altura, queria ver a terra o quanto antes.
As batidas na porta aumentaram, iriam matá-lo, julgou.
Olhou para trás um misto de desespero e loucura estampava sua face...Voltou a cabeça para frente...
E gritou bem forte, como se estivesse alertando alguém...
Vamos lá demonios...Chegou nossa hora...
E mergulhou o jato sobre a terra...
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 04/05/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1575769
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.