O DIÁRIO DE SANGUE.

O diário de sangue.

Como de costume a manhã estava calma e agradável para o passeio diário de Carlos no anoso parque da cidade, pouco movimento, o cantar matinal dos pássaros, a paz vistosa e fria de uma bela alvorada. Avistou ao longe o velho banco que sempre o acompanhara confortavelmente na leitura matinal, tudo primoroso, vazio e tranquilo como toda aposentadoria merece.

Aproximou-se com o jornal do dia entre os dedos ainda antes de sentar-se notou um pequeno livro sobre seu rotineiro banco. Olhou em volta procurando em vão o dono do opúsculo.

“Talvez logo o dono venha recolhê-lo” Pensou.

Sentou-se numa curiosidade iniciando latejo, tentou ler o jornal, a curiosidade aumentava juntamente com o tempo, alguns corredores em Cooper passavam, mas ninguém parava, nem ao menos olhavam para o livro. Nenhum dono possível.

Carlos como um amante da literatura, fora professor literário por muitos anos, amava ler, e aquele belo livro de capa envelhecida expandia demasiadamente a sua curiosidade, em gigantescos minutos, a curiosidade vencera, descobriu que aquilo era um diário, agora aberto juntamente como o destino do leitor.

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“Pobre leitor”

Meu nome infelizmente não pode ser pronunciado por sua inútil e desprezível linguagem, tente por educação definir-me como um grito, um imenso grito de terror dito suavemente por sua flácida língua.

Vivemos entre vocês antes mesmo que pudessem falar ou andar com suas duas patas frágeis e medíocres, somos aquilo que vocês chamam de caçadores, mas não caçadores comuns, como entenderiam; Não caçamos as presas que sua espécie tanto mensura, essas são insetos insignificantes perante o nosso destino, como formigas perante vocês. Caçamos algo um pouco maior, mais inteligente e não menos sensível.

Eu, como os da minha espécie, infortunado leitor; casso vocês. A fraca raça dos homens é a qual fui destinado a predação. Sou aquilo que sua espécie amedrontada fantasiosamente definiu como vampiro.

Como grandes provedores da ignorância, o homem, idealizou erroneamente a minha espécie, definiram-nos pela imaginação pouco profunda como seres coexistentes e correlacionados as suas espécies parasitas ou aproveitadoras, ou ainda com as características psicológicas humanas mais fúteis, ou, como dizem de baixa moral ou índole; correlacionam nos com aventureiros, conquistadores e sagazes sofridos que por meio de um sentido superior dominam suas vitimas destinando-os a morte ou a se tornarem como eles, pobre ficção, pobres mentes.

Observe com seu pouco raciocínio a minha explicação, assim entendera em partes o que realmente somos.

Nós como parte deste mundo, nascemos para predação, assim como o homem domina os animais inferiores, nós dominamos o homem, contudo com mais sabedoria e eficácia, todas as espécies reconhecem o improfícuo homem, o temem pela sua força de caça e maestria intelectual em relação a eles. Sendo assim o homem existe e é temido, ele é reconhecido mesmo por essas singelas criaturas, tornou-se visto, muito diferente de nós.

Estando no topo da cadeia alimentar, nos adaptamos a não participara da visibilidade do homem, tendo assim sempre o controle do rebanho, utilizamos a arrogância do homem como arma frutífera para nossos feitos, não existimos para eles, somos ficcionais.

Assim vocês no seu engrandecimento próprio não percebem que nos alimentam com aproximadamente quarenta mil presas por ano. Vocês possuem estes números, são seus números de pessoas desaparecidas, mas a arrogância como planejado os cegam, deste modo nos alimentando desde sempre.

Não nos nutrimos como inventaram, não bebemos somente o sangue, nós comemos a carne, os órgãos, somos os predadores da sua raça, superiores, mas ainda assim sobrevivemos do mesmo modo, nos alimentamos. Muitos os devoram enquanto gritam, outros preferem o sangue frio, isto como estupidamente inventaram, não nos causa mal algum, pelo contrario é quase tão saboroso quanto.

Todas as maneiras de nos findar são falsas, absolutamente improdutíveis e imaginarias; estacas de madeira, prata, aço, crucifixo ou símbolo de qualquer religião estúpida criada por vocês. Não podemos morrer, por que não estamos vivos, não do modo que possam entender.

Vocês são o gado, nós os predadores, tudo é muito simples.

Nós caçamos com o mérito de superioridade, estamos sempre à frente, sem obstáculos, a inteligência humana não pode nos alcançar, e como sempre nunca poderão. Como disse somos o topo da cadeia.

Este é o destino, vocês vivem nós matamos, nós comemos e vocês vivem. Sempre com menos quarenta mil, contudo vocês se reproduzem como ratos e vermes, sempre haverá alimento, sempre.

Isto velho verme que lê estas linhas, mostrei-lhe um pouco do que somos, pois não somos como vocês que atacam suas presas numa covardia diária, nós nos revelamos com honra para aquele a quem escolhemos nos alimentar. Agora velho medíocre, deixe estas anotações no banco, onde achara e saiba que não terá tempo de contar isto a alguém.

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Carlos com as mão trêmulas pôs o diário sobre o banco, levantou-se rapidamente com os olhos esbugalhados, seus passos seguiram largos, o jornal caíra, olhou sobre os ombros para o banco, o diário já não estava mais lá, e pouco tempo depois ele também não estaria.

JVictor.

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