o uivo

Relógio marca meia noite,

Lua cheia, poucas nuvens no céu

De outono. Faz um pouco de frio

E um cachorro late ao longe.

Gritos saem das paredes do apartamento

Do lado direito. Gemidos vem do apartamento

Da esquerda. É tudo que a vida é;

Sexo e brigas. Começo a sentir uma dor

Crescendo dentro do peito.

Parece que vou morrer.

Saio para rua, encontro um bêbado

Que pede esmolas, não o reconheço

Mas ele sabe quem eu sou.

Dou-lhe uma porrada na cara, voam dentes

E sangue da sua boca. Agora será mais um

Indigente no pronto socorro, se tiver sorte.

Cambaleio por uma rua lateral, bato contra

A parede de tijolos da nova aberração do bairro

Que chamam de edifício. Caminho mais umas

Quadras e entro num velho botequim.

Começo a gritar obscenidades para os fregueses

Que assustados falam coisas que não consigo

Entender. O dono do lugar pega um porrete e tenta

Me derrubar. Alterado como eu estava isso não era

Tão simples assim. Tomei seu bastão e enfiei no meio da cara

Dele. Mais sangue e gritos de desespero.

Deixo o local ainda mais confuso.

Cruzo com algumas prostitutas que tentam se vender

Mesmo para um cara espumando pela boca.

Corro para o parque na outra avenida. Quando chego lá

Solto meu uivo de lobisomem para linda lua de maio.

Marcelo riboni

01/05/2009

19:50hrs.