Multidão

Dor. Não sabia que isso era sentir a dor. Cada neurônio do meu corpo parece gritar em protesto, meus músculos querem que tudo acabe logo, o cérebro pede para fechar os olhos e relaxar. Mas como?

Pelos olhos cerrados, vejo um grande número de pessoas se aglomerando em volta. Quem são elas? O que fazem observando minha dor? Por que não me ajudam?

Elas falam muito alto. Parem com isso. Parem! Fiquem quietos e me ajudem!

Uma mão dura e fria me tocou o rosto. Parecia estar me examinando. E senti a pressão.

Me sufoca. Eu já estava praticamente morto. Qual era a razão de me sufocar?

Mas percebi que não eram as mãos que me impediam de ter mais um sopro de vida. Elas já tinham ido embora.

Sou eu quem não consigo respirar. Eu já não sei mais respirar. Meu corpo já não quer mais o ar. Rejeita o oxigênio e minha alma.

Pois agora vejo claramente. A multidão que se aglomerava em volta do meu corpo não eram pessoas. Apenas anjos que esperavam pelo fim do processo de vida. A mão que me tocara era a mão da Morte.

Hebert Tada
Enviado por Hebert Tada em 28/04/2009
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