A DAMA DA MORTE.
A Dama da morte.
A avenida transbordava veículos, o barulho expandia-se agressivamente, homens e seus maquinários de força bélica rugiam como monstros na construção na qual Marcos ,estático e confuso, mantinha-se em frente.
Havia muitos carros na larga avenida, a maioria em alta velocidade, muitas pessoas trafegavam no passeio e como em toda cidade grande; solitariamente em conjunto seguiam seus destinos.
Marcos reparava boquiaberta a visão.
Um largo canteiro determinava e separava o sentido de trânsito da avenida, algumas pessoas ali estavam reunidas, aguardando o momento certo para completar a travessia de ambos os lados.
Marcos olhava confuso para aquele aglomerado de pessoas, reparou surpreso, que, uma bela dama entre eles o olhava sorrindo, este lhe retribuiu um sorriso simpático. A dama com um soberbo vestido vermelho abaixou a cabeça expressando doçura e timidez, suavemente retornou a olhar. Marcos retribuiu.
- Ei. Cuidado. O grito ecoou da construção.
Uma grande chave inglesa caiu na calçada não muito próximo de Marcos, um grande barulho seguiu-se. Marcos assustou-se, viu vários trabalhadores que corriam da obra em sua direção.
Olhou novamente para a bela dama, no segundo em que, um carro talvez distraído pelo acidente na construção a atropelava, fazendo-a voar pelos ares em viravoltas acrobáticas, até aterrissar como o crânio no chão.
O quarto estava escuro, silencioso, o calor era abafante e escarnecedor, Marcos, sozinho acordou aos gritos.
Precisou de um tempo para se recuperar, o suor escorria-lhe a face, girou infindamente na cama procurando recobrar os sonos, contudo seus pensamentos não cessavam; “Novamente esse sonho, já faz um mês, talvez como dizem; preciso de um médico’.
Arduamente adormeceu.
Dois meses depois
Passara-se muito tempo, e nada mudara, os sonhos eram constantes; todas as noites, sem exceção eles o acompanhavam.
Marcos, seguindo conselhos médicos decidira viajar, no propósito de aliviar a tensão e o stress. Conseguira uma folga de debito na sexta-feira, e, na quinta-feira a noite partiu.
A cidade escolhida não era tão longe, porém grande como preferia e gostava, nada de mato , bichos ou pessoas ignorantes, somente ele sozinho na urbanização complexa e solitária.
Chegou a meia noite, não fora difícil achar um hotel, assim, na manha seguinte lá estava ele no centro de uma grande cidade, no paraíso. Fora na maravilhosa biblioteca, no gigantesco museu e por infortúnio dos maus conselhos conheceu o gigantesco e poluído rio da cidade.
Achou realmente que os médicos estavam certos, precisava daquilo, estava feliz como há muito tempo, nem lembranças dos sonhos, uma paz incontestável.
Teve que descer do ônibus que o levava para o hotel porque este apresentara defeitos durante o trajeto, estava tão bem que não se importou, decidiu seguir a pé, pois não se encontrava tão longe do hotel.
Sua caminhada acabou juntamente com sua alegria ao verificar que encontrava-se frente a uma construção e uma avenida muito conhecida, detalhe por detalhe, a mais de seis meses em seus sonhos.
A paz desaparecera, a confusão do sonho lhe tomara, estava naquele lugar. Olhou para os carros, as pessoas eram muitas, parou olhou para o canteiro”ela não pode estar lá”, e lá estava ela, olhando e sorrindo.
Antes que a chave inglesa da construção caísse, lá estava Marcos correndo como um louco entre os carros para salvar a bela mulher.
A chave inglesa caíra.
Marcos empurrou a bela dama numa volúpia incrível. O carro não a acertara, mas o acertara, e lá estava ele com poucos momentos de vida, feliz pelo que consiguirá, sorrindo, até o momento em que a bela mulher aproximou-se.
Ela não era mais bela, não possuía feições, era uma névoa indescritível para Marcos. Aproximou-se de Marcos, acariciou-lhe o cabelo e sussurrou em seu ouvido:
- Você vai para onde eu não posso ir. Lembre-se disso.
Marcos deu seu último suspiro.
França 2009-04-17
- Mãe! Mãe! Disse a criança ao acordar aos gritos.
-O quê? Que foi?
-Ela! Ela!
-Hum, ela de novo.
- Sim! Mãe a mulher de vermelho vai morrer.
Fim. João Victor.
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