O INESQUECÍVEL INFERNO
O ar impregnado do cheiro de vela e de perfume adocicado, mostrava um ar pesado naquele cemitério.
As formais providências e os 4 caixões desceram à sepultura, em gavetas laterais, abaixo do solo.
Encostados em muro próximo, 5 homens de óculos escuros, com média de idade de 65 anos, olhavam serenos, o ato fúnebre.
2 dias antes, uma família passava férias em seu sitio entre as montanhas, quando aconteceu a tragédia.
Era noite de sábado, sem nenhum ruído aproximaram-se da casa, e pelos fundos, usando chaves michas, adentraram a residencia, já na sala, ante 4 aterrorizadas pessoas, as metralhadoras e as escopetas calibre 12, despejaram 4 minutos ininterruptos de projéteis e chumbo em cima das pobres vítimas indefesas.
Em seguida, jogaram tinta vermelha numa parede e sumiram.
No dia seguinte, uma das filhas vinda da capital localizou os mortos.
O velho coronel aposentado, passou por vários setores no exercito, mas o que mais gostava de fazer era na área de informação.
Corriam os negros anos da ditadura, 5 jovens estudantes estavam numa passeata e juntos a 50 manifestantes foram presos e conduzidos a interrogatório.
Foram levados separados dos outros a esse lugar e nunca mais viram os companheiros de protestos.
Usavam uma fita vermelha na camisa, simbolo do comunismo.
Foram apresentados ao "Coronel", e ao temível Pau de Arara, que consistia em apenas duas cadeiras colocadas uma ao lado da outra, e entre elas, ficava o interrogado preso com a sola dos pés para cima, consequentemente com a cabeça para baixo, uma barra de ferro entre as pernas, na parte de traz dos joelhos dobrados, proporcionava tal posição.
Era uma sala sinistra, apenas uma luz fraca no meio, o pau de arara, argolas nas paredes e ao fundo um pequeno cômodo, parecia ser um banheiro.
O pau de arara tinha várias utilidades, entre elas, para afogamento, pois tinham a cabeça para baixo, mas a face virada para cima, e a agua do chuveiro era compacta, de modo que bastava colocar a pessoa embaixo do chuveiro pra provocar um afogamento.
Outro método consistia em bater na sola dos pés com ripas de 1 x 2 polegadas de largura.
Mas o pior eram os choques naquilo que parecia ser um banheiro, o chão era enxarcado de água, e a vítima colocada dentro descalça.
De fora, colocavam dois fios desencapados em contato com a água para "chocar" os homens.
Foram 2 meses de torturas nesse inferno, com a presença do coronel diariamente.
Fora as torturas descritas, as queimaduras com cigarro e as temíveis agulhadas embaixo das unhas, lentamente minavam as forças dos homens, tidos como terroristas e proscritos.
Talvez a dor e o desejo de ver os seus carrascos em outras condições os mantinha de pé.
Por uma rádio estatal instalada propositalmente dentro do cubículo, ouviam notícias de fora.
Eram vedadas outras noticias, senão as relacionadas a prisão e morte de manifestantes, isso era torturante.
A pergunta que começavam as sessões de tortura era sempre a mesma: Quem é seu chefe?
Em dois meses nada conseguiram os torturadores, a não ser debilitar profundamente seus encarcerados.
Ao final de dois meses, foram jogados ao lado de um bonito síto, numa estrada silenciosa.
No inicio da manhã, 5 homens rotos e desnorteados, eram tratados de seus ferimentos num pequeno casebre, entre vários amigos.
1 semana após, estavam nas ruas, combatendo o regime. Muitos foram as vezes, em que banhados de sangue, de companheiros feridos, prometiam um novo amanhecer um ao outro. Nos tres ultimos anos da ditadura, estavam entre os 25 componentes de um esquadrão da morte, responsavel pelas represálias ao regime.
Cada manifestante morto era um soldado também condenado, isto para minar a resistencia da força instituida pela mão de ferro militar.
Cemitérios clandestinos existiam em todo lugar, e a noite era reservada aos massacres, enquanto no dia claro se combatia menos severamente o regime.
O regime acabou, a anistia concedeu a liberdade para os antigos combatentes do regime mas restou a lembrança, as dores psicológicas, restou o ódio... Ao término do sepultamento, um dos senhores encostados, dirigiu-se ao tumulo, retirou do bolso, uma velha fita vermelha, colocou-a na palma da mão cerrou a mão em punho, abriu-a e depois jogou-a levemente, ela pousou sobre o caixão do Coronel, o último a ser colocado na gaveta. Virou, caminhou até os outros homens e a dois passos, retirou os óculos e sorriu...
Os outros sorriram discretamente para o Chefe.
O ar impregnado do cheiro de vela e de perfume adocicado, mostrava um ar pesado naquele cemitério.
As formais providências e os 4 caixões desceram à sepultura, em gavetas laterais, abaixo do solo.
Encostados em muro próximo, 5 homens de óculos escuros, com média de idade de 65 anos, olhavam serenos, o ato fúnebre.
2 dias antes, uma família passava férias em seu sitio entre as montanhas, quando aconteceu a tragédia.
Era noite de sábado, sem nenhum ruído aproximaram-se da casa, e pelos fundos, usando chaves michas, adentraram a residencia, já na sala, ante 4 aterrorizadas pessoas, as metralhadoras e as escopetas calibre 12, despejaram 4 minutos ininterruptos de projéteis e chumbo em cima das pobres vítimas indefesas.
Em seguida, jogaram tinta vermelha numa parede e sumiram.
No dia seguinte, uma das filhas vinda da capital localizou os mortos.
O velho coronel aposentado, passou por vários setores no exercito, mas o que mais gostava de fazer era na área de informação.
Corriam os negros anos da ditadura, 5 jovens estudantes estavam numa passeata e juntos a 50 manifestantes foram presos e conduzidos a interrogatório.
Foram levados separados dos outros a esse lugar e nunca mais viram os companheiros de protestos.
Usavam uma fita vermelha na camisa, simbolo do comunismo.
Foram apresentados ao "Coronel", e ao temível Pau de Arara, que consistia em apenas duas cadeiras colocadas uma ao lado da outra, e entre elas, ficava o interrogado preso com a sola dos pés para cima, consequentemente com a cabeça para baixo, uma barra de ferro entre as pernas, na parte de traz dos joelhos dobrados, proporcionava tal posição.
Era uma sala sinistra, apenas uma luz fraca no meio, o pau de arara, argolas nas paredes e ao fundo um pequeno cômodo, parecia ser um banheiro.
O pau de arara tinha várias utilidades, entre elas, para afogamento, pois tinham a cabeça para baixo, mas a face virada para cima, e a agua do chuveiro era compacta, de modo que bastava colocar a pessoa embaixo do chuveiro pra provocar um afogamento.
Outro método consistia em bater na sola dos pés com ripas de 1 x 2 polegadas de largura.
Mas o pior eram os choques naquilo que parecia ser um banheiro, o chão era enxarcado de água, e a vítima colocada dentro descalça.
De fora, colocavam dois fios desencapados em contato com a água para "chocar" os homens.
Foram 2 meses de torturas nesse inferno, com a presença do coronel diariamente.
Fora as torturas descritas, as queimaduras com cigarro e as temíveis agulhadas embaixo das unhas, lentamente minavam as forças dos homens, tidos como terroristas e proscritos.
Talvez a dor e o desejo de ver os seus carrascos em outras condições os mantinha de pé.
Por uma rádio estatal instalada propositalmente dentro do cubículo, ouviam notícias de fora.
Eram vedadas outras noticias, senão as relacionadas a prisão e morte de manifestantes, isso era torturante.
A pergunta que começavam as sessões de tortura era sempre a mesma: Quem é seu chefe?
Em dois meses nada conseguiram os torturadores, a não ser debilitar profundamente seus encarcerados.
Ao final de dois meses, foram jogados ao lado de um bonito síto, numa estrada silenciosa.
No inicio da manhã, 5 homens rotos e desnorteados, eram tratados de seus ferimentos num pequeno casebre, entre vários amigos.
1 semana após, estavam nas ruas, combatendo o regime. Muitos foram as vezes, em que banhados de sangue, de companheiros feridos, prometiam um novo amanhecer um ao outro. Nos tres ultimos anos da ditadura, estavam entre os 25 componentes de um esquadrão da morte, responsavel pelas represálias ao regime.
Cada manifestante morto era um soldado também condenado, isto para minar a resistencia da força instituida pela mão de ferro militar.
Cemitérios clandestinos existiam em todo lugar, e a noite era reservada aos massacres, enquanto no dia claro se combatia menos severamente o regime.
O regime acabou, a anistia concedeu a liberdade para os antigos combatentes do regime mas restou a lembrança, as dores psicológicas, restou o ódio... Ao término do sepultamento, um dos senhores encostados, dirigiu-se ao tumulo, retirou do bolso, uma velha fita vermelha, colocou-a na palma da mão cerrou a mão em punho, abriu-a e depois jogou-a levemente, ela pousou sobre o caixão do Coronel, o último a ser colocado na gaveta. Virou, caminhou até os outros homens e a dois passos, retirou os óculos e sorriu...
Os outros sorriram discretamente para o Chefe.