SANGUE NA MÃO...ODIO NO CORAÇÃO.

O sobrevoar de morcegos tornava a noite de lua cheia misteriosa naquela vila esquecida, na remota região cercada de velhos ciprestes ao sul de Auschwitz  uma antiga sede da máquina da morte nazista.
A vida naquelas redondezas era básicamente agricola, extensas áreas verdes, e ao fundo sob a permanente névoa do outono, a figura sinistra do prédio da morte.
Ja não havia ninguém naquele prédio que houvera visto o sacrifício de muitos seres humanos.
Apesar da vila ser um agrupamento de pessoas que deveriam conhecer-se, não era bem a realidade, haviam alí, germanicos, eslavos e alguns ocidentais, metade remanescentes da guerra, terminada a 30 anos.
Ja possuiam todas as facilidades da vida moderna, mas os costumes apesar do progresso estava estabelecido em antigos costumes.
Numa tarde, o sol se punha no horizonte, quando do leste surgiram duas pessoas, chamando a população.
Encontraram a ferramenta de trabalho de um jovem agricultor em uma poça de sangue, mas o corpo, desapareceu.
Foi procurado aquela noite e nos dias seguintes, mas infutiferas eram as buscas.
Um mes após o ocorrido, o som da morte ecoou ao final da vila numa estrada, que dava acesso ao tenebroso prédio da máquina da morte.
Eram 02 horas da madrugada, e desta feita as roupas da vítima, com várias perfurações e vermelha de sangue,
indicava o assassinio, além do teatro da morte, as marcas das duas rodas, provavelmente de uma charrete, eram
a unica pista...Seguiram, iam sim para lá....para os fornos.
A fachada era a mesma de 30 anos, o ranger dos grandes portões, era como penetrar no inferno.
Em numero de trinta pessoas, vasculharam cada pedaço e nada encontraram.
Era dificil pois, uma faixa de 50 metros de grama cercava aquele lugar e as marcas na terra eram invisiveis mesmo a luz do dia.
Sucederam-se os crimes e ja contavam-se 45 mortos, investigações e nada de encontrarem o criminoso.
A polícia ja trabalhava com a possibilidade de o criminoso vir de fora da vila para matar os moradores.
Foram realizados levantamentos sobre a vida de todos, mas eram agricultores, longe de qualquer suspeita.
É fato que alguns apresentavam disturbios remanescentes da guerra, mas nada que pudesse apontá-los como
pessoas perigosas.
O destino as vezes da voltas para colocar luz onde ela parece que nunca ira existir.
Corria uma manhã do final do outono, a mudança climática trouxe um surto de gripe ao povoado,
A semelhança com a Gripe Espanhola, que assolou a europa em 1918, uma doença contagiosa que matou mais de 20 milhoes de pessoas no mundo, colocou as autoridades em alerta.
Um hospital de campanha foi instalado nas proximidades, mas a severidade da doença, era imune a todos os antibióticos conhecidos.
Durante os dias os funerais suscederam-se e a vila estava condenada.
O contato proximo fez a todos vítimas da epidemia.
Sondagens foram feitas na vizinhança pra ver se havia mais algum morador.
Nas proximidades do prédio sinistro de Auschwitz, do lado oposto a que encontrava-se a vila, havia um casebre, e ao fundo dele, uma extensa floresta.
Duas viaturas aproximaram-se do casebre, 4 soldados abriram a porta...
Era um casebre com apenas um cômodo, com mesa, uma cadeira, um velho fogão e uma cama feita de paus retirados da floresta. Na parede a foto de um jovem, com mais ou menos 30 anos, uma arma na mão, e uma data 10 de dezembro de 1940.
Quase imperceptível no lado direito no canto da foto antes da data, a suástica nazista.
Ao lado do fogão, ferramentas de trabalho na lavoura e...um corpo.
Um ancião de longas barbas, jazia no chão, há dias. A gripe o matou.
Para verificar as redondezas da casa, sairam por uma porta ao fundo.
Do lado esquerdo da porta de traz uma charrete estacionada, e ao fundo uma estradinha para a floresta.
Seguiram a pé pela estradinha mas não andaram 50 metros...
De um lado e de outro da estrada, entradas davam para extensos vazios e no chão....túmulos.
Uma placa em letras negras góticas dizia: "Em memória aos irmãos mortos na derrota nazista"
A guerra não traz somente dor e ódio, traz ressentimentos.
Assim como nem sempre a paz traz o perdão, mas a falsa idéia de que o ódio não nos alcançará.
Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 25/03/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1505296
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.