FAIRCHILD C123, A VIAGEM PARA AS TREVAS

06:00 horas da manhã no aeroporto local, o velho Fairchild C-123, taxia na pista para seu ultimo vôo.
A bordo além do piloto e co-piloto mais 32 pessoas que iriam passar as férias nas praias do mediterrâneo.
O grito estridendente do ronco do avião ecoou na imensidão e logo era um ponto brilhante no céu.
Fora muito usado para transporte militar, aposentado dessa tarefa, realizava pequenos vôos numa empresa de taxi aéreo, carregando metade de sua capacidade sempre.
A  6000 metros de altitude flutuava o passaro de metal, ao sul as negras nuvens não seriam impecílio, o piloto saberia como resolver o problema.
Uma mão serena tocou o manche e de leve guinou a direção do avião para a direita, e também a direita das grossas nuvens.
Lá embaixo a aridez do deserto os observava, como um corvo a espera de carniça.
Durante 2 horas percorreram os céus do deserto as negras nuvens haviam passado há tempos e agora, uma região equatorial os aguardava com todas a suas nuançes, inclusive altas pluviosidades.
A 50 km ao sul, o piloto divisou a parede de tempestade que se formava e devido a largura fenomenal, não poderia desviar.
Um leve solavanco balançou a velha aeronave, estavam a 1 KM do temporal e devido claramente ao deslocamento do ar em forte ventos. Teriam transtornos.
Porque desviara o piloto as nuvens que antes apareceram no caminho?
Simples, porque conhecia o velho Fairchild e sabia até onde poderia ter a segurança garantida.
Um leve ciclone fez despencar o altimetro do avião que desceu a 3 km,  perigosamente.
Alvoroço entre os passageiros...
Agora a velha águia voava sob grossas nuvens que transformaram aquela manhã em um breu assustador.
O ronco dos motores apresentavam variações e o pânico estampado no rosto do piloto era flagrante.
E o pior aconteceu, um raio atingiu o motor direito do bimotor, diminuindo sua capacidade pela metade, a tragédia mostrava seu rosto.
2 km do chão e o piloto raciocinou por um pouso de emergência, foi quando a mãe natureza despejou mais milhares de volts, em um raio arrasador no motor esquerdo, nada mais poderia ser feito.
O avião mergulhou no vazio, com o piloto tentando estabilizar a aeronave, que seguia num mergulho em direção a terra porém levemente em diagonal....planando.
O verde da floresta equatorial surgiu a sua frente como um grande tapete verde, e entre árvores e arbustos que destroçaram metade do avião, ele pousou.
Restava a cabine e mais ou menos 5 metros da parte dos passageiros, o restante jazia entre as ramagens respingadas de sangue.
6 sobreviventes, eis o saldo do desastre....um silencio assustador se seguiu.
Pequenas escoriações e gemidos por membros fraturados faziam o cenário trágico entre os sobreviventes.
Meia hora mais tarde, já encontravam-se reunidos 28 corpos ao lado do que restou do avião.
O dia foi gasto apenas em reunir o que poderiam ter para comer e meios de sairem da grande floresta.
A noite veio e acomodados nas precárias proteções, ficaram livres da forte chuva que cai a noite nas regiões equatoriais.
Olhos cansados viram nascer o sol e pasmados viram o impossível... Nem vestígio dos mortos.
Onde estariam? Ressuscitaram?
A floresta esconde olhos nem sempre humanos, e outros esquecidos da civilização.
Havia um renitente bater de tambores que encheram a manhã.
Deslocando-se naquela direção 4 deles foram verificar e talvez conseguir alguma ajuda.
A uns 100 metros dali a constatação, algo teria destroçado os corpos, e partes deles estavam espalhados pelo caminho.
Mais 30 metros e uma gigantesca rede os colheu e aprisionou, 2 rostos negros com listras brancas aproximaram-se e cravaram longas clavas nos seus corpos indefesos.
O gritos foram ouvidos pelos dois sobreviventes no acampamento improvisado.
O som dos tambores continuavam...
30 homens negros com listras brancas nos corpos, aproximaram silenciosamente pela floresta.
Cercando o local, capturaram as vítimas e as levaram...por 2 horas de caminhada.
Num diâmetro de 400 metros naquele ponto perdido da floresta equatorial, erguia-se diante dos olhos dos sobreviventes o mais repugnante festim que seus olhos poderiam ter visto.
Nas divisas com a floresta em circulos, estavam cabanas cobertas de folhagens secas e ao centro uma enorme mesa, e no centro da mesa...pedaços de corpos que a partir de um forno ao fundo eram trazidos e devorados por pelo menos 200 nativos....e canibais.
Foi a ultima visão que tiveram aquelas pobres almas, que minutos mais tarde alimentavam com seus corpos aqueles seres humanos, apesar de tudo.

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 12/03/2009
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1482747
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