Experimento...- Vampiros
Aterrorizados olhavam aturdidos em sua volta e compreenderam que o sinistro grupo de negro era ameaça para eles. O pânico foi geral, cada um corria para um lado. Sergio e Luis correram em direção ao muro. Decisão nada inteligente, pois o muro era muito alto e nunca eles conseguiriam escapar por ali. Sergio não viu o buraco que havia logo depois da Mercedes e esborrachou-se nela. Rastejando como um verme, chorando e chamando pela mãe ele só parou por um breve momento de gritar quando notou o par de coturnos pretos que barrava sua passagem.
Com a visão distorcida pelas suas lágrimas fitou a criatura horrenda que o observava do alto de seus quase dois metros de altura. E a visão não era nada animadora, só fez com que ele gritasse ainda mais alto. Sentiu seu corpo suspenso no ar. Àquela coisa o levantava pelos cabelos, devagar, sem pressa. Totalmente no controle da situação. Quando ficou ao nível do rosto da fera estava uivando e contorcendo-se de medo.
A criatura era abominável, dentes protuberantes e afiados! E havia o hálito! O hálito era fétido, frio e nauseante. A fera rosnou e olhou com malicia para o jovem que se contorcia em desespero sob suas possantes mãos. Soltou uma risada de escárnio e num asgar de selvageria afundou os dentes poderosos na jugular do rapaz.
A pele era macia e tenra. O vampiro sentiu um tremor de satisfação! Como era gloriosa a sensação de ter um humano, frágil criatura em suas mãos... Era fascinante a textura do sangue que descia por sua garganta. Mesmo depois de quase quatrocentos anos ainda era sublime , odiosa e apaixonante constatar sua invulnerabilidade, seu total controle de suas vítimas. Era maravilhoso se alimentar do sangue quente e revigorante do humano apavorado.
Estasiado com seu banquete, nem notava o sangue que escorria de sua boca para a camiseta branca do rapaz. Aos poucos Sérgio ia perdendo as forças, a ardência no pescoço que no início era insuportável não passava agora de um leve queimar. Uma dormência gostosa no corpo o fazia sentir muito sono, era quase agradável a sensação de impotência que sentia enquanto o vampiro usava seu sangue para se fortalecer... Seu coração aos pouquinhos ia se aquietando, batia suavemente, cada vez mais devagar. Um sussurro de vida ainda se agitava em seu ser, como as asas de uma borboleta que ensaiava o seu primeiro vôo fora do casulo!
Quando em fim o vampiro saciado largou o seu corpo com suavidade sobre a grama molhada, Sergio podia ouvir bem baixinho a música da casa noturna, podia sentir o ventinho gelado da noite roçando sobre sua face úmida de lágrimas salgadas. Mas não ouvia seus amigos. Eles não gritavam mais, não choravam mais. O som de suas vozes parecia ter sido interrompido para sempre.
Sérgio queria apenas dormir, mas sentia frio. Encolheu seu corpo gelado e vulnerável , esperava ansiosamente pelo calor do sol. Ansiava em acordar em sua cama, em seu quarto quente. Abrir a janela e ver a mãe cuidando das rosas vermelhas que ele tantas vezes havia quebrado com suas intermináveis bolas de futebol.