O TREM FANTASMA MALDITO... -Da Série... ACONTECEU COMIGO!

 

Não sei de você, mas toda vez que sou obrigada a entrar num trem fantasma, entro receosa. Sim, obrigada a ir. Nunca entrei por vontade própria. Quando criança entrei para não ser chamada de covarde pelos colegas, depois para fazer a vontade dos filhos e sobrinhos. Para mim é pior que andar no teleférico da cidade. E olha que é bem alto!

 

Quando Carlos disse ir com namorada Lika ao novo parque da cidade, fiquei preocupada. A estrutura dos brinquedos era duvidosa, e havia um ar macabro naquele parque que Deus me livre!

 

Toda vez que eu passava por ele, tinha a sensação de estar sendo observada. É batata! Se começo a abrir boca e sentir uma sonolência repentina e inexplicável, pode saber, tem alguma coisa errada. Tenho essa sensibilidade sempre que alguma pessoa negativa se aproxima de mim ou vou a algum ambiente carregado, com clima tenso. Fico assim sonolenta, dá uma indisposição como se a pressão arterial caísse demais. Sinto como se eu fosse para-raios ou um captador de espíritos maus... Sei lá! Mas, que sinto isso é fato. Por isso quando Carlinhos disse que levaria Lika ao parque tentei convencê-lo a levar a namorada ao teatro ao invés do parque. Era mais culto e seguro.

 

- Ah, Carlinhos... Eu quero andar na montanha russa e no trem fantasma... Dizem que é assustador! – Fez denguinho Lika. Ela sabia como persuadir o namorado. Manha e beicinho numa carinha bonita, quem há de resistir? Carlos não seria diferente. E lá foram ao bendito parque.

 

Fiz o que pude, tentei evitar... Jovens não sentem medo, diversão é a lei e linguagem deles.

 

-Lika, a tia Adê falou daquele jeito, acho que ela sentiu alguma coisa... – Preocupou-se Carlos.

 

- Aaaaaaaaaaaah não, Carlos! Não me venha com aquela história que sua tia vê fantasmas coisa e tal! Ela tem é mania de achar que sabe adivinhar as coisas! – Reclamou Lika.

 

- Vê fantasmas, não... Ela sente que alguma coisa pode acontecer, é diferente. É algo a prevenindo. Acho até bom. Sempre segui os conselhos dela e nunca caí em furada... – Explicou Carlos.

 

-Se você não quiser ir comigo, vou com Soraya e a Mi...- Ameaçou Lika.

 

- Não! Se você insiste e não tem medo, então vamos. – Carlos seguiu para o parque um pouco apreensivo.

 

Já no parque, a música alta, o cheiro de pipoca, a maçã do amor, os balões cheios de gás hélio, tudo isso fizeram Carlos distrair-se e esquecer dos zelos da tia Adelaide.

 

Tiro ao alvo, boca do palhaço, pescaria entre picolés, cachorro-quente e algodão doce, Carlos e Lika pareciam dois meninos alegres.

Depois da montanha russa, chegou o momento do trem fantasma. A essa altura, Carlos nem lembrava mais dos receios da tia Adê.

 

Lika, pegou emprestado o chapéu do vendedor de balões, ficou atrás da barraquinha de tickets, quando Carlos foi pagar a entrada do trem fantasma, a namorada o assustou pulando na sua frente:

 

- Buuuuuuuuuuuuuuhhh! Eu sou o fantasma do trem das onze que vim comer seu fígado com cebolas... Ha, ha, ha!! – Debochou Lika.

 

- Putz! Caramba! Estava distraído... – Disse Carlos já morrendo de rir do susto que levou. Carlos continuou. – Fica brincando, depois aparece um vampiro aí... He,He,He!

 

- Venha, meu doce vampiro! – Puxando Carlos pelo braço, Lika foi entrando no trem fantasma.

 

Muita risada, muita brincadeira, a noite prometia grandes surpresas...

 

Antes de entrar no vagão, Carlos olhou para a placa na entrada do túnel e ficou incomodado com aqueles dizeres...

 

Total escuridão. Mal o trem começou a deslizar sobre os trilhos, Lika sentiu o corpo arrepiar e se agarrou ao namorado.

 

-Ué, cadê a corajosa? – Divertiu-se Carlos ao perceber que Lika estava com medo.

 

- Sei lá... Meu corpo arrepiou todinho... – A voz da Lika estava diferente, séria, um tanto assustada.

 

- Você está bem? Quer sair? – Carlos ficou preocupado com a namorada. Ela era sempre alegre, de repente havia mudado o humor.

 

- Não sei, Carlos... Aquilo que sua tia falou, estou sentindo uma coisa esquisita, parece que tem alguém me espiando... – Quando Lika ia pedir para sair, o trem começou a andar em alta velocidade.

 

- Para, para... – Lika entrou em desespero e começou a gritar. O trem corria como se não tivesse freios, como se estivesse descontrolado!

 

- Calma, Lika, é só um trem de parque de diversão! – Tentou acamá-la.

 

E vinham bruxas com suas risadas esganiçadas, vampiros com odor de sangue fresco, zumbis cheirando a carne putrificada, morcegos enormes, aranhas, cobras... Todo aquele cenário aumentava o desconforto tanto em Lika quanto em Carlos. O mau cheiro era insuportável dava a sensação de que tudo ali era mesmo real.

 

Fora as luzes que surgiam a cada nova aparição monstruosa, quase nada se via. Lika, pergunta para Carlos:

 

- Já não se passaram os três minutos? Está demorando para chegar a saída! – Lika estava angustiada e rouca de tanto gritar.

 

- Lika... Você não vai acreditar... Na entrada havia uma placa que dizia: “TRÊS MINUTOS QUE IRÃO DURAR UMA ETERNIDADE”, e acabei de ver no celular que estamos aqui dentro há uma hora... – Carlos só pensava na tia, arrependido por não ter aceitado seus conselhos.

 

- Meu Deus! E agora? O que vamos fazer? Vamos morrer aqui! – Lika estava histérica, descontrolada, começou a gritar:

 

- SOCORRO, SOCORRO, SOCORRO! ME TIREM DAQUI!!!

 

- Meu amor, me abraça, vou tirar você daqui! – Carlos tentou acalmá-la, prometendo o que lhe parecia impossível.

 

Numa curva, Carlos tentou levantar, alguma coisa acertou forte sua cabeça, e ele desmaiou. Foi aí que Lika viu aproximar um vulto de um homem alto, forte e gritou:

 

- Graças a Deus, moço! Por favor, ajuda aqui que alguma coisa acertou meu namorado... – mal acabou de falar, aquele vulto investiu contra Lika uma faca num dos olhos, e desapareceu.

 

O grito de dor que Lika deu foi assustador. O trem parou fora do túnel e as pessoas que estavam esperando a vez para entrar no vagão, ficaram apavoradas com aquela horrível cena. Todos acreditaram que o namorado havia feito aquilo com Lika, pois ele não estava no vagão.

 

Com a chegada da polícia é que puderam apurar o ocorrido. Lika, pela dor, desmaiou. Foi conduzida pelos bombeiros para o hospital mais próximo da cidade. Encontraram Carlos desfalecido com um corte na cabeça. O local estava inchado revelando que ele também havia sido agredido violentamente. Depois que voltou a si com ajuda dos paramédicos, Carlos soube o que havia acontecido com a namorada. Ficou horrorizado chegando a chorar pelo dano causado a ela. Lika ficaria cega de uma vista. Era irreversível.

 

A perícia pediu para ver a câmera de circuito de segurança do parque. Ao rever a fita, os peritos ficaram espantados com o que mostrava. Ao lado de Lika, Carlos estava desmaiado. Em algum momento, ele voou para fora como se alguém bem forte o arremessasse. Depois, Lika parecia conversar com alguém, embora não houvesse ninguém na imagem da fita. De repente, do nada, uma adaga é introduzida em sua vista direita.

 

Não houve quem descobrisse o autor daquele crime bárbaro. Nem o mais conceituado perito foi capaz de solucionar esse caso. Ninguém jamais conseguiria desvendar, como tia Adelaide havia dito, não era algo carnal, e sim sobrenatural...

 

-É por isso, meu filho, que não gosto de trem fantasma. Pode ter algum espírito negativo como pode ser um psicopata escondido lá dentro fantasiado de vampiro ou de outra coisa para cometer um crime, desses que ficam sem solução. – Disse tia Adê.

 

 

 

Você aí? Quando for entrar  em trem fantasma, assegure-se de que não tem ninguém lá dentro. Pode ter um espírito mau, pode ter um psicopata assassino... Cuidado!!!