Terra de ninguém | O retorno dos que se foram (PARTE 1)

Prólogo.

As pessoas costumam em acreditar em criaturas místicas desde que o mundo é mundo. Monstros, deuses, anjos e demônios, todos os símbolos que podem nos ajudar ou nos destruir. O que o ser humano nunca analisou foi que todos estes simbolismos e seres criados por nossa imaginação são apenas uma forma de nos distanciar do pensamento de que seremos nós mesmos a nos ajudar ou nos destruir. Não se sabe por qual razão a humanidade sempre caminhou por este último, a DESTRUIÇÃO.

Capítulo 1;

Ironia

Em uma madrugada comum na cidade de Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, Hector voltava para casa, cansado e com a cabeça cheia de pensamentos que lhe causavam mais cansaço. Descia vagarosamente pelas ruas enquanto percebia o fluxo contrário das pessoas. Enquanto ele se preparava para seu descanso, após horas de trabalho, as demais pessoas se preparavam para suas rotinas diárias, após um longo descanso noturno.

No ponto de ônibus Hector pensava no seu trabalho. Enquanto via a cidade começar a acordar e criar vida, não podia deixar escapar um sorriso pela ironia que era preparar a morte dos outros, algo que poucas pessoas teriam estômago para fazer, periferia deixar nas mãos de um desconhecido e apenas se desesperar no funeral. Ao contrário das sociedades mais antigas, onde o preparo do corpo era feito exclusivamente pelos familiares, uma forma de presentear aquele se fora. No seu pensamento ficava a imagem de sua última obra, uma jovem de aproximadamente vinte e dois anos que tinha sido baleada em um assalto. A preparação de seu corpo foi trabalhosa uma vez que seu rosto ficou desfigurado por uma bala que atravessou seu rosto indo parar em seu cérebro, causando uma morte instantânea e indolor. O enterro seria às onze da manhã o que o deixou com tempo para fazer um excelente trabalho para causar menos dor aos entes queridos. Os olhos fixos e atormentados daquela jovem ficaram na mente de Hector.

Ao chegar em casa Hector se deparou com uma notícia estranha no noticiário local. Uma senhora de oitenta anos atacou seus familiares com mordidas enquanto soltava vários gruídos como um animal selvagem, todas as tentativas de acalmá-la foram em vão e após sentir sua vida em risco o policial atirou na cabeça matando a pobre velha louca. A família, chocada com o gesto, protestava na frente das câmeras, indignados com o despreparo das autoridades em atuar em casos como este. Hector mais uma vez se chocou com a brutalidade da sociedade que se aproxima cada vez mais do caos.

Hector se deitou naquela manhã com os olhos da jovem no pensamento e a imagem da velha louca atacando seus familiares.

Álvaro Volkhadan
Enviado por Álvaro Volkhadan em 09/02/2009
Reeditado em 14/02/2009
Código do texto: T1429401
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