A estrada das Brumas

Em uma noite rubra e chuvosa, rápidos faróis riscavam a paisagem da estrada. Sophia dirigia a caminho de casa, depois de um longo dia de trabalho. Apesar de cautelosa, não era de seu agrado dirigir em noites chuvosas. Subitamente um farol explodiu em sua face a cegando por alguns minutos, perdendo o controle do carro. Uma serie de imagens confusas, o som do ferro e vidro estilhaçado, e mais nada, o negro e a perda de consciência.

Ao abrir os olhos à dor era perturbadora, mas se arrastou para fora do carro, caminhando com dificuldade e com a mente confusa. Uma espessa bruma cobria o lugar, obscurecendo a visão, mas havia milhares de sons vozes que gritavam em agonia, choros e outros que ela mesma não conseguia identificar. Luzes confusas e cheiro de fumaça, a estrada estava um verdadeiro caos.

Ela estava ferida com as roupas cheias de sangue, procurou no meio das brumas alguém que pudesse ajudar, ate que no horizonte um ponto de luz podia ser visto, diferente das outras, tão clara e fraca que mal podia ser vista. Ela a seguiu a procura de alguem, caminhou entre galhos e folhas secas em meio à escuridão da mata, se ferindo entre espinhos e insetos noturnos. Logo avistou uma casa antiga, esquecida naquele lugar entre a penumbra noturna, haviam algumas luzes que brilhavam timidamente em alguns pontos da casa.

A porta foi levemente aberta com apenas um toque, mas os passos rangiam no assoalho de madeira envelhecida. Aparentemente não havia ninguém, apenas moveis quebrados e empoeirados, nas janelas uma cortina velha e suja planava com o vento gélido que invadia a janela. Sophia pensou que em uma obviedade, claro que não haveria ajuda naquele lugar, mas o medo a excitava a querer continuar a fazendo ignorar a dor. Uma estranha luz refletia no alto da escada, subindo calmamente ela seguiu até o quarto iluminado por milhares de velas, pela janela ela podia ver o caos no horizonte onde luzes e sirenes se movimentavam rapidamente devido ao acidente.

Sua atenção se desviou para uma cadeira ao lado da janela, balançando lentamente enquanto a madeira rangia, alguém também fitava o horizonte. Aquilo lhe arrepiou o corpo inteiro, o suor frio se misturava com o sangue em sua testa, até uma voz palpitar seu coração, fazendo seu peito arder de medo. A voz disse;

_ não tema criança...Veio a procura de ajuda não é?

_ eu..Eu só queria um telefone ou algo que pudesse usar...

_hum..Não creio que este seja o melhor lugar para se pedir ajuda, mas posso garantir que pior não esta em relação ao lugar de onde veio...

antes que pudesse formular alguma pergunta, a figura se levantou e virou em sua direção, suas roupas eram estranhas e antigas, de uma pela cinza e sem brilho, possuía um olhar tão negro que você poderia se perder neles, um imenso vazio, um corpo cadavérico apenas. Ele se aproximou lentamente de Sophie, então ela pode sentir um forte cheiro de morte que ele exalava, ela não conseguia se mover devido ao medo.

_ minha aparência não é das melhores, eu sei..pois anos me alimentando de roedores definitivamente não me fizeram muito bem...Mas agradeço por ter vindo...

A cada minuto Sophie sentia que estava ficando mais estranho e perigoso, ela apenas queria sair o mais rápido possível, para longe daquele estranho ser. Mas antes mesmo que pudesse pensar em algo, ela já estava nos braços cadavéricos daquele ser com uma força descomunal, ela pode sentir o torpor, sua força se esvaindo até os braços se soltarem no ar. Ainda consciente ela teve uma visão impressionante, bem diante de seus olhos aquele mesmo homem antes cadavérico, transformou-se em um belo rapaz de cabelos negros e pele clara, uma boca avermelhada e tentadora, olhos que brilhavam intensamente, capazes de enlouquecer de paixão qualquer mulher. E foi assim como ela se sentiu, entregue aquele anjo de asas negras. Ele aproximou seus lábios ternos ao seu ouvido e lhe perguntou da forma mais delicada e apaixonada que um simples homem pode dizer;

_você quer viver?

fim

Taiane Gonçalves Dias
Enviado por Taiane Gonçalves Dias em 30/01/2009
Reeditado em 11/07/2010
Código do texto: T1413794
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