O belo/feio fim.
Ah! A noite... sem lua e sem estrelas para tornar poético seu fim...
Foi assim que imaginei o momento de minha vingança, quando enfim colocaria minhas mãos trêmulas em teu corpo. Nenhuma beleza a envolver o momento, impedindo-a assim de terminar como era de seu desejo.
Lembra, quando juntos brincávamos de imaginar nossas mortes, nosso últimos segundos de vida sobre a Terra? Você sempre aparecia com uma descrição surreal, cheia de beleza e sentido para sua morte. Ora eram as estrelas no céu, ora era o piscar incessante de vaga-lumes em meio à mata.
Eis que agora me vingo, pois te tirei todas essas expectativas. Trouxe-a para o mais imundo dos terrenos baldios, onde apenas ratos servirão como testemunhas do desfecho nada encantador de sua vida. A lua, como disse antes, não ilumina sua face, que ao contrário do que também imaginava, não está serena com a proximidade da senhora Morte. Seus olhos faltam saltar da órbita a cada punhalada que atinge seu corpo frágil.
Lembra-se do cemitério florido e com altas árvores a te servir de descanso eterno? Pois o pouco que eu permitir sobrar do que eras, será jogado em muitos cantos onde nem mesmo as ervas daninhas se atrevem a nascer.
Só uma coisa será igual ao que imaginou sobre sua morte: o fato de estar linda, divinamente vestida. Um anjo, como gostava de se imaginar. E isso é inegável, está muito linda, vestida de branco, passando uma imagem pura quando na verdade tornou-se a mais suja das mulheres para mim. Pois é com o vestido que usou há pouco para iludir-me com falsas promessas de um amor inexistente, perante um padre e muitas testemunhas, que encontrará seu fim.
Esse gosto te darei, minha amada, para que chegue ao inferno onde estarás pela eternidade com a imagem que desejava: um anjo. Caído, mas um anjo.