A sonata para Sofia
A Sonata para Sofia
Dentro de uma noite fria e chuvosa, onde os relâmpagos podiam ser avistados ao longe, no imenso casarão o musico compunha sua obra prima.
Era a sonata de Sofia que nascia aos delicados toques de piano, sobre a nostalgia, a tristeza e a dor de um amor perdido pela morte. Na solidão e na desolação o musico dedilhava o piano para evocar a alma de Sofia, tão pura, tão jovem, tão ardente, vencida pela tuberculose.
Mas dentro de sua composição, o som de Sofia ganhava forma, nos toques mais profundos do piano.O velho musico conseguia romper as barreiras do infinito e posar sobre uma atmosfera límpida e pura.
E era dentro a lembrança, a vida, as reminiscências de um amor que lutara, que vencera e que estaria eternizado no imenso solar, sob a luz das velas do candelabro, sobre o toque do piano.
Da mais bela canção evocava a vida e em sua criação solene e soturna e tentava junto daquela noite espectral um sonho de ter sua bela amada de volta em seus braços. O pianista queria que sua sonata se tornasse um suplicio de dor, uma forma de vencer o infinito; e que nem a morte; nem a saudade vencesse a obra de criação artística.
O som de Sofia criou forma no salão e dentro de seu transe, o pianista pode enxergar o fantasma da amada que se aproximara do corredor, junto ao centro da sala. Era alva, loira e bela como sempre, e o compositor continuava sua canção e percebia que a alma de Sofia estaria presente sempre que ele tocasse sua musica.
Mas nem um escrever uma partitura a mais, estava pronta, radiante, inteira. Através de sua evocação o musico poderia trazer Sofia de volta e reviver, com toda saudade e toda grandeza o avistar de sua face, que através de sua sonata renascia passo a passo.
A noite caia em sua escuridão longínqua e o casarão mergulhava na atmosfera de um som selvagem, rítmico e feroz. Sua mais perfeita criação tinha a presença de um amor, seus sentimentos remanesciam e dentro daquela noite sombria, de repente ele explodiu em lagrimas ao perceber que o corpo de sua adorada agora adormecia no centro do solar, assim que finalizara sua composição.
Mergulhou em seu corpo e sentiu que sua vida esmaecia pouco a pouco e resolvera enterrá-la no jardim do imenso casarão. Sim ela estava morta, mas a ressuscitaria ao soar do piano e sentira dentro de seus sentimentos mais profundos que a presença estaria ali em sua obra de arte.
Assim os séculos se passaram e a evocação de Sofia estaria presente em cada orquestra, cada apresentação em um teatro dentro de uma noite escura, chuvosa, onde o tempo se encarregara em seu pianista a composição mais bela e mais eterna; o som de Sofia.
Joaquim Dark
Joaquimdark1@ibest.com.br