A Caronista Fantasma
* Tradução e adaptação de famosa lenda Americana.
A estrada principal que vai de Baltimore a Nova York, ao chegar ao quilometro 12 se cruza com uma importante auto-estrada. Trata-se de um cruzamento muito perigoso, e em muitas ocasiões há se falado de se construir uma passagem subterrânea para evitar acidentes, apesar de que ainda não se tenham feito nada.
Um sábado há noite, o doutor Andrew Hawkes regressava a sua casa depois de uma festa. Ao chegar ao cruzamento, reduziu a velocidade e se surpreendeu ao ver uma "deliciosa" jovenzinha, vestida com um longo vestido de festa e pedindo carona. O Dr. Hawkes freou bruscamente e fez um sinal para que a garota subisse a parte traseira de seu conversível.
- O banco da frente está cheio de tacos de golfe e pacotes... – se desculpou.
Em seguida, perguntou:
- Mas, o que uma garota tão jovem como você está fazendo sozinha a essas horas da noite?
- A história é um tanto longa para contar agora – disse a garota. Sua voz era doce e ao mesmo tempo penetrante.
- Por favor, leve-me para casa. Explicarei-lhe tudo lá. O endereço é North Charles Street, número 56. Espero que não esteja muito longe do seu caminho.
O doutor resmungou algo e pôs o carro para andar.
A certa altura da viagem, a moça rompeu seu silêncio e disse:
- Por favor, não corra. Tenha cuidado com a curva que há mais a frente.
O doutor ouviu-a atentamente, observando-a pelo retrovisor. Sua expressão era séria e distante.
Mais a frente, havia uma curva bem acentuada. O doutor passou sem maiores problemas.
Quando estava se aproximando do endereço indicado pela moça – uma casa com as janelas fechadas – disse-lhe:
- Já chegamos.
Após dizer isso, se virou e viu que o banco traseiro estava vazio.
- Que demônios! – murmurou para si o doutor. A garota não podia ter caído do carro, nem muito menos ter evaporado.
O doutor saiu do carro e dirigiu-se a casa. Tocou repetidas vezes a campainha, confuso como nunca havia estado em toda sua vida.
Depois de um longo tempo de espera, a porta se abriu e surgiu um homem de cabelo grisalho e aspecto cansando, que o olhou fixamente.
- Não sei como dizer-lhe a que coisa mais surpreendente acaba de suceder – começou a dizer o doutor, um pouco embaraçado – uma garota muito jovem me deu esse endereço faz um momento. Trouxe-a de carro até aqui e...
- Sim, sim, já sei – disse o homem com ar cansado – essa mesma situação aconteceu várias outras vezes, todos os sábados a noite, nesse mês. Essa garota, senhor, era minha filha. Morreu há dois anos em um acidente de automóvel nesse mesmo cruzamento onde o senhor a encontrou...