A Dama da Floresta
Pablo, Juan e Luis eram três homens de um vilarejo próximo que se preparavam para caçar numa mata ali perto. Juan era mais velho, um senhor já grisalho e castigado pelo tempo. Despedira-se da mulher e dos filhos, que desejavam-lhes boa sorte; Pablo era um rapazinho que não tinha mais de vinte anos de idade. Preparava-se para a caçada e recebia a benção da mãe; Luis, por sua vez, era um homem inescrupuloso. Tinha mulher e filhos, mas mesmo assim mantinha um affair com Lola, uma garota jovem e bela a qual ele prometia mundos e fundos.
Juan e Pablo já estavam impacientes com a demora de Luis. O procuravam. Foi então que o velho Juan o encontrou num canto com a moça, que saiu correndo, ajeitando as vestes, morrendo de vergonha. Juan fez vistas grossas, mas achou melhor não comentar nada e, secamente, disse que já estavam muito atrasados.
Ainda quando seguiam seu caminho, uma bela morena voltava com uma cesta de roupas do rio e Luis, discretamente, mas nem tanto, apalpou a nádega da mulher, que riu maliciosamente.
Iam os três na mata. Já havia se passado algumas horas, mas ainda custaria a eles retornarem para casa. Foi quando Luis começou a falar do desejo de estar com uma mulher. O velho Juan repreendeu o comportamento desse, dizendo que ele devia respeitar a mulher e tomar muito cuidado. O jovem Pablo não entendeu o porquê da advertência. O velho Juan limitou-se a dizer que não era hora nem lugar para falar sobre o assunto. Luis riu e seguiu outro rumo na mata, ainda aconselhando, ao longe, que Pablo aproveitasse a vida e as mulheres.
Luis não percebeu o quanto havia se afastado dos companheiros. Estava lá com seus pensamentos, quando algo lhe chamou a atenção. Havia um movimento ali. Algo corria entre o mato. Ele foi atrás. Quanto mais ele ia atrás, mais a “aparição” se distanciava. Mas ele não desistia.
Por fim, ele conseguiu alcança-la. A “criatura” escondia-se timidamente atrás de uma árvore. Luis não podia acreditar: para seu espanto, era uma mulher! Aliás, aquela era a criatura mais bela que ele havia visto desde então. A jovem escondia-se timidamente atrás da arvore, ao passo que Luis tentava aproximar-se dela a todo custo. A moça sorria-lhe e lança-lhe um olhar convidativo. Luis logo entendeu o que ela queria...
Ao tentar se aproximar da moça, ela foi se distanciando, ainda sorrindo de um modo peculiar. Luis estava hipnotizado por aquela magnífica criatura.
Ele foi entrando na mata, sem perceber o quanto havia se distanciado de seus companheiros.
Por fim, a mulher parou, mostrando toda a sua formosura. Luis estava deslumbrado e já de água na boca, pensando na sorte que tinha. Foi aproximando-se da mulher e a agarrou e com mãos desesperadas, puxava-lhe as vestes.
Foi então que a mulher, mais que depressa, o atirou ao chão e subiu em cima dele. Luis já sorria quando, para seu espanto e desespero, uma terrível metamorfose se fez presente: a bela mulher tornou-se uma terrível criatura de feições animalescas, escancarando e exibindo dentes podres e pontiguados; uma baba putrefata e repulsiva pingava da boca escancarada, e garras afiadas arranhavam seu corpo indefeso. Luis mal teve tempo de gritar.
Pablo e Juan estavam preocupados com o sumiço de Luis. Procuraram, procuraram, e horas depois, para seu terror, encontraram uma carcaça mutilada daquele que outrora fora seu companheiro. Pablo sentiu que os sentidos lhe estavam faltando.
Pablo acordou horas depois, na cabana de Juan. Havia desmaiado. Pensava que havia tido um pesadelo. Mas Juan confirmou o acontecido. Todos estavam chocados.
Foi então que Juan contou a história. A lenda que vagava por aqueles arredores...
- Eu o avisei. Eu já tinha dito para ele ter cuidado com a Sayona...
- A Sayona? – perguntou Pablo, confuso.
- Sim, a Sayona... – disse o velho, com voz misteriosa. Então ele contou toda a história...
Melissa era uma jovem que vivia numa pequena povoado nas campinas da Venezuela e era a garota mais formosa dali. Ela casou-se com um ilustre homem, carinhoso e amoroso. Melissa e seu esposo tinham um bebê menino.
Um dia, Melissa estava nadando nua num rio próximo, quando um homem do vilarejo a viu. Depois disso, o homem sempre a seguia e espionava seu banho no rio.
Um dia, Melissa o viu e mandou-o deixa-la em paz. Ele a ignorou, e no lugar, disse que estava ali para dar-lhe um aviso:
- Seu marido está tendo um caso com outra senão sua própria mãe! – ele disse.
Melissa correu para casa e encontrou o marido adormecido com o bebê nos braços. Cega de ódio, ela queimou a casa com eles dentro. Os aldeões podiam ouvir os gritos deles enquanto melissa corria para a casa da mãe. Encontrou-a no pátio e a atacou com uma machadinha, golpeando-a no estomago. Enquanto a mãe sangrava até a morte, ela amaldiçoou Melissa, dizendo que a partir daquele instante, ela teria que vingar todas as mulheres matando seus maridos infiéis.
Daquele dia em diante, Melissa tornou-se “A Sayona”, aparecendo para homens que mantém casos amorosos fora do casamento.
OBS.: Esse texto foi baseado em famosa lenda urbana (não me recordo qual o país).