A Dama de Vermelho
Década de 70. Haveria um grande baile num conhecido clube daquela cidade. O lugar ficou lotado de jovens curtindo a música da época. Na festa, Carlos, um rapaz de vinte e três anos, moreno, bonito, alto, foi à festa, ansioso para encontrar seus amigos. Encontrou com sua turma na frente do clube e entraram. Lá estavam diversas jovens querendo dançar e... paquerar, é claro.
Nisso, ele conhece uma bela jovem loira, dona de um corpo escultural, que trajava um belo vestido vermelho. Carlos então começa a puxar papo com a garota.
Os dois dançam e se divertem muitos. Algumas horas depois, Carlos volta e diz aos amigos:
- Galera, eu vou dar um pulo ali. Mais tarde agente se vê.
O casal sai do clube e fica passeando por perto. Em meio a conversa, ela diz:
- Faz tempo que não vou a um baile assim. Eu também tinha minha turma, mas o pessoal já se mudou daqui. Adoro vir a praça todos os sábados. E você?
- Não sou de estar em praça, respondeu o rapaz. Gosto de ficar em casa; só saio em festas. É difícil alguém me ver na rua.
Ficaram juntos o resto da madrugada.
Como já era muito tarde, a moça disse que precisava ir embora. Como estava de carro, o rapaz se ofereceu para levá-la, pois estava tarde para ela ir sozinha.
O lugar era longe e a madrugada estava ficando fria. O rapaz, num gesto de gentileza, emprestou à moça sua jaqueta.
Ela morava num bairro bem afastado do centro. Depois de um tempo, por fim chegaram.
Deram um tempo na frente. Até que o temo mudou e começou a chover. A moça agradeceu a linda noite proporcionada e disse que precisava entrar. Carlos se despediu e correu para o carro esquecendo, propositalmente, sua jaqueta com a moça – assim, teria um motivo pra vê-la novamente...
No dia seguinte, ansioso em rever a moça, Carlos foi ao tal lugar onde ela morava, para “buscar a jaqueta”.
Quando ele bateu à porta, uma senhora idosa apareceu.
- Pois não?
- Bom dia! Olhe, ontem eu deixei uma moça aqui. Acredita que eu conversei tanto com ela mas esqueci de perguntar o nome dela? – disse, encabulado.
A senhora olhou confusa para Carlos.
- Como assim? Aqui não mora nenhuma moça... eu vivo sozinha nessa casa.
- Senhora – Carlos prosseguiu, confuso – eu não estou enganado: ontem eu deixei uma moça, uma moça muito bonita, ela era loira e...
A explicação e atenção de Carlos foram interrompidas por um retrato com ele viu num canto.
- É ela! Essa é a garota! – disse, triunfante, apontando o retrato.
A senhora, num gesto de pavor e incredulidade, levou as mãos ao rosto e perguntou ao jovem:
- De onde você a conhece?
- Do baile de ontem...
- Meu filho, tem certeza que estava com ela?
- Mas é lógico. Trouxe-a aqui! Eu Já disse! – confirmou Carlos, sem entender onde a senhora queria chegar.
- Não brinque comigo rapaz! – ela disse, indignada – Minha filha Luciana morreu há doze anos, atropelada na frente ao Clube. Hoje Luciana jaz no cemitério da cidade! – disse, já entre lagrimas.
Calos sentiu um calafrio subir-lhe a espinha. Parecia que lhe jogaram um balde de água fria. Horrorizado, ele foi embora, sem dizer uma palavra, enquanto a senhora permanecia ali, entre lágrimas. Carlos entrou correndo no carro, sem querer saber da jaqueta e rezando para esquecer daquela fatídica noite em que conhecera a Dama de Vermelho.