SEXTA-FEIRA MACABRA

Numa sexta-feira, dia trinta e um de outubro, de um ano não revelado, cinco amigos resolveram comemorar o dia das bruxas em grande estilo. Cada um se fantasiou adequadamente e comprou algo pra comemorar esta tão esperada data.

Tinha abóboras iluminadas, bruxinhas, duendes, vampiros e uma doce bonequinha, com o rosto ensangüentado e duas inofensivas facas uma enfiada na cabeça e outra seguravam com uma das mãos.

A festa estava ótima, pra começar a entrar no clima, um filme de exorcismo, depois a insinuação de um ritual de magia negra e pra continuar a festa muito vinho e musica.

Pare inexplicável, mas tudo acaba, e aquela festa não foi diferente, mas como estava muito tarde resolveram ficar por ali e dormir na casa.

Já se passava das quatro da manha, e com as luzes apagadas, só ouvia-se o doce ressonar de quatro almas muito cansadas.

Um relâmpago corta o céu escuro e ouve-se uma risada, depois sons de sinos e por fim passos lentos e precisos como os de uma marcha de exercito.

E todos continuavam a dormir e o barulho se aproximava, vinha da sala onde foi feito à festa. A porta da sala que estava fechada se abre, os passos se aproximam, um dos amigos desperta, e percebe que havia algo errado, seria talvez um ladrão? Pensamentos iam de encontro ao barulho que cada instante mais aumentava.

E cada vez ia chegando mais perto...

Mais perto...

Perto...

O desespero tomou conta deles, cada um pedia misericórdia a Deus, a sua maneira. E já estava bem próximo, o ser ate o momento desconhecido gira a maçaneta da porta do quarto onde dormiam porem um dos amigos havia fechado com chave, temendo um ladrão, um deles acendeu a luz, e uma voz monstruosa ecoou pela madrugada, e dizia malignamente:

- Abre,abre, sou a morte e vim buscar um de vocês.

Quem será o escolhido ou quem melhor quem morrera nesta noite?-e a voz continuava

Se não abrir eu mesma abrirei...

Quem iria abrir? Quem teria coragem? E ficaram imóveis diante da situação, o medo era tanto que nem respirar direito respiravam, só entreolhavam-se com cara de interrogação...

Ouve-se um grito ensurdecedor e uma onda gigante espanca a porta que cai ao chão, ao som das palavras proferidas, por um ser pequeno e ate o momento desconhecido...

- Que as forças do mais profundo inferno te faça abrir oh porta maldita!

Meu Deus, inacreditável, era a doce e inofensiva bonequinha das duas facas, agora nas mãos.

Foi um susto enorme, a boneca estava viva, preparada para matar alguém ou que atravessasse seu caminho.

Os amigos inseparáveis ficaram mudos, como estatuas de pedras, ate que um deles, num estalo de bravura pegou uma arma que estava ao seu lado, em cima do criado mudo e sem pensar muito atirou. O tiro acertou o pescoço da boneca que caiu...e eles saíram correndo, enquanto ela parecia ter morrido, um deles até deu um chute nela e a mesma permanecia totalmente imóvel.entretanto a paz durou pouco, ela voltou com sua sede de vingança aguçada, disse a eles que só iria da sossego depois que cumprisse sua missão:matar um deles.

E começou a andar, os amigos corriam dela, mas um caiu justo o que a tinha chutado,a doce bonequinha, ela esticou sua pequena mão e dela enormes garras apareceram, pegou seu dedo indicador que tinha a maior unha e enfiou, cortando como uma navalha o podre coração daquele rapaz, e sem nenhum receio ainda teve coragem de dizer com uma voz meiga e sensível:

- Desculpe querido, mas não era você!!

E continuou a andar, um outro rapaz estava com sal grosso e alho, com um sopro, gelado e forte como o vento de inverno, o sal tomou conta dos olhos dele que ficou sem enxergar até o raiar do novo dia.

A inofensiva boneca ri, e fala que ainda não cumpriu sua importante missão. Um vento gelado e sombrio abriu todas as janela de um modo muito brusco e outro relâmpago corta o negro céu, mais uma marca daquela noite sombria.

Já eram quase cinco horas da manha, mas o céu continuava escuro, parecia que o tempo havia parado... Mas dentro da casa a confusão continuava, e mais um barulho estranho foi ouvido, e assustou a todos, parecia um choro de mulher, um soluçar infantil.

Foram olhar a janela e viram um vulto passar pelo portão, alguém havia entrado, mas quem seria àquela hora da manha.

O tempo passou e eles começaram acreditar que era apenas fruto da fértil imaginação deles, mas não era alguém chegou até a porta, era uma bela mulher, de olhos verdes, branca, de belos cabelos cacheados e curvas sinuosas, vestida num belo vestido vermelho. No momento em que ela girou a maçaneta da porta, mais um relâmpago cortou novamente o céu, e a face da bela mulher foi reconhecida.

A graciosa bonequinha deu um pulo de felicidade e gritou:

-minha querida mamãe!

Nisso um deles balbuciou meio tremulo um nome de mulher:

-Fa-fa-fa-bi-bi-a-ana ,-era uma ex-namorada que havia se suicidado por ele não querer saber mais dela.

A porta se abriu e a moça entrou, e ele constatou que era ela mesma... Fabiana chegou perto do seu homem amado, a causa das loucuras e devaneios de seu viver e diz ao pé do ouvido, de um jeito doce e muito sensual, quase sussurrando:

-Meu querido e único amor, por seu desprezo, hoje vagueio na noite, sou uma alma sombria sem redenção, e como até hoje não pude me vingar de você por isso, mandei minha mascote do inferno, reencarnar na delicada bonequinha e matar você, meu querido.

Ele ficou pasmo, nisto o relógio da catedral badalou as seis da manhã, estava próximo o amanhecer, o seu fim estava próximo.

Fabiana sabia que se não o matasse antes do amanhecer, teria que esperar até o próximo dia das bruxas e o pior, tinha que ser numa sexta-feira, isso demoraria muito, talvez anos ou décadas, seria uma eternidade regada de ódio, vagando por caminhos escuros, sem salvação.

A musa de vermelho chega próximo ao corpo do rapaz morto por engano e movida de intima compaixão, acaricia seu belo corpo definido por belos músculos, e fala com ar de realização:

-Vou adorar ter a sua companhia no inferno, belo homem sagaz, sei me saciará totalmente!

E continua:

-Vamos logo com isso minha querida, mate-o, derrame esse sangue, vai...

A boneca responde:

-Mãe, já está quase amanhecendo eu não tenho...

Um gato preto com os olhos cor de fogo sobe na janela e mia

-... forças

Após essa declaração tão cheia de verdade, o rapaz jurado de morte, acreditando que já estava salvo chega mais próximo delas. E ambas sem piedade começam o ritual de sacrifício, Fabiana enfia suas unhas no peito de seu amado e retira o coração ainda pulsante, enquanto isso sua filha enfia as duas facas na cabeça dele, o rapaz cai sem dizer adeus.

A boneca cai no chão inanimada, Fabiana desaparece para sempre, os amigos mortos tem seus corpos fulminados, e os que continuaram vivos, ficam estáticos esperando o amanhecer.

O sol raiou com total intensidade, às seis e meia da manhã, finalmente era sábado, os amigos se levantam e foram ao cemitério onde estava sepultada Fabiana, ainda tinham esperança de ser apenas um pesadelo... quando chegam a lapide encontram duas caveiras, e uma frase escrita com sangue, que ainda estava fresco, isso provava apenas que não foi um pesadelo.

A frase causou arrepio nos dois e dizia: cuidado o próximo pode ser você!

A Confessora
Enviado por A Confessora em 28/10/2008
Reeditado em 28/10/2008
Código do texto: T1251753
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.