Santuário das cinzas - II
Capítulo 2
"[...] É prudente não se soprar
sobre cinzas recentes;
das brasas podem renascer
chamas incontroláveis... "
(Antônio Mesquita Galvão)
A mulher caída abriu os olhos assustada, puxou a roupa e se cobriu constrangida. Olhou Judie silenciosa por alguns segundos e gritou:
- Andrew!!! - Sua voz chorosa cortou o silêncio profundo.
- Shhh! - Judie tentou acalmá-la, mas ela continuava gritando enquanto se afastava dela.
- Cadê o Andrew? O que você fez com ele?!?! O que você quer!?!?!
- Se acalma!
- Sai daqui! Sai daqui, desgraçada! Socorro! - a mulher chorava em desespero.
- Eu também sou vítima! - Judie perdeu a paciência e gritou.
A mulher se calou, mas continuou recuando ainda se arrastando no chão.
- Quem é você! Quem é você!?!?!?!
- Me chamo Judie Linbergh. Do condado de Møre og Romsdal.
- Lynna. Também sou de Romsdal. Como você veio parar aqui?
- Henrik... - Judie começou a se lembrar. - Henrik!
- Droga, quem é Henrik? - Lynna se levantou, batendo a roupa suja de terra.
- Meu namorado. - Judie olhava assustada para os lados. - Você não estava sozinha.... Eu... eu... tinha um homem!
- O que você fez com ele?
- Mas que droga! Eu já disse que também estou procurando meu namorado!
- Como você chegou até aqui? - Lynn se afastava de Judie.
- Eu não sei. Não sei o que está acontecendo. Nós estávamos lá em cima e... Ele desapareceu. Foi tudo muito rápido... - Judie se lembrava dos acontecimentos - Que lugar é esse? Tinha uma mulher. E uma pedra...
- Eu não sei do que você está falando, mas fique longe de mim! - Lynn se abaixou e pegou um grande galho de árvore.
- Não é coincidência. Não é... Dois homens sumiram esta noite... Temos que dar parte na polícia. - dizia Judie.
Lynn percebeu que se ela estava disposta a ir até a delegacia, então realmente não estava envolvida no desaparecimento. Ela abaixou o galho e se aproximou de Judie.
Temos que sair daqui...
Judie olhou uma trilha de cinzas abaixo.
- Por aqui.