A Menina No Jardim

Entrei com ar triunfante! Finalmente, casa própria!

Foram anos de sufoco, muito sacrifício, mas consegui.

Percorri alegremente meu olhar pela casa. Não era grande, tinha 2 quartos e uma sala confortável, uma boa cozinha. Era solteiro e morava sozinho, para mim estava perfeito!

Em frente à casa um pequeno jardim, florido. Gostava de flores, desde que minha mãe falecera eu passara a ver a beleza em pequeninos detalhes da vida.

O pagamento da casa me foi muito facilitado, seu antigo morador quis se desfazer rápido da casa, ambos sabemos que a casa valia bem mais. Mas o mercado é assim mesmo, os tempos estão difíceis para todo mundo. Fizera um ótimo negócio e estava muito feliz!

Saía para trabalhar de manhã e voltava a noite, minha nova casa exigia poucos cuidados, nunca tivera empregada e não era agora que iria precisar, daria conta do recado perfeitamente.

Tarde de sábado, estava na janela olhando o jardim... então a vi pela primeira vez. Uma garotinha, deveria ter uns 9 anos, brincando lá fora! Quem seria? De certo, filha de alguma vizinha, sou novo e ainda não fiz nenhuma amizade. Bem, seria uma boa hora para começar.

Fui até ela. Ela estava muito sorridente, brincava alegremente correndo ora para um lado, ora para o outro. O muro de minha casa era baixinho, provavelmente ela pensou que a casa estava ainda à venda e pulou para brincar no meu jardim

- Olá menina, qual seu nome?

- Oi! Meu nome é Amanda e meu apelido é Garbage

- Você mora aqui perto Amanda? - perguntei

- Quer brincar comigo de esconder?

- Sim mas sua mãe, mora por aqui?

- Brinca comigo de esconder!

E lá fui eu, fechar os olhos para ela se esconder.

Dei alguns minutos e lá fui eu procurar... olhei, olhei... nada da Amanda. Sorri comigo mesmo, coisa de criança!

A semana passou, nem tive tempo de sai para tentar conhecer mais a vizinhança... o trabalho me tomava todo o tempo.

Estava cansado, sentado na poltrona e ouvi risos no jardim... era ela, Amanda!

Levantei e fui animado até ela. Ela assim que me viu sorriu para mim

- Oi Amanda. Onde você se escondeu heim danadinha? Semana passada procurei e não consegui te achar.

- Eu me escondi atrás da parede – disse ela sorrindo –

- Amanda me fale de seus pais, eles sabem que você vem aqui brincar?

- Vamos brincar de novo de esconder?

- Sim mas antes me diga, onde você mora, é aqui perto? E seu pai?

- Ah... eu não gosto do meu pai! Vamos brincar de esconder!

Meu coração sentiu profundamente... pobre menina, não gosta dos pais e prefere sair de casa e vir brincar com quem mal conhece...

Fechei os olhos e me pus novamente a contar

Novamente, procurei, procurei e nada! Essa menina sabe se esconder!

No dia seguinte, a polícia aparece no meu portão. Perguntavam sobre uma menina, filha do dono antigo da casa que desaparecera... soube então que seu pai estava preso, acusado de ter sumido com a própria filha.

Era ela, não tinha dúvidas! Amanda! Por isso ela dizia que não gostava do pai!

Dei a polícia todas as informações que sabia, das vindas de Amanda nas tardes de sábado a minha casa... que no caso, ela sua antiga casa... por isso ela se sentia tão à vontade aqui.

A policia anotou tudo e foi embora. Fiquei a pensar, se ela aparecesse de novo, teria de entreter ela até chamar disfarçadamente a polícia! Que mundo cão meu Deus!

A semana passou e como sempre, lá estava ela, pontual como sempre! Fui correndo até ela

- Amanda, seu pai foi preso e procuram por você! Estiveram aqui te procurando... onde você se esconde?

- Atrás da parede! Vamos brincar de esconder?

- Não Amanda, preciso entregar você a seu pai, ele está preso por sua causa, pensam que ele sumiu com você!

- Não!!! Odeio meu pai!!! Não vou!!!

- Mas Amanda...

- Vamos brincar de esconder?

Antes que dissesse outra palavra ela correu para se esconder... Eu gritei, gritei, procurei mas nada... Frustrado, voltei para dentro de casa

Dois dias depois a polícia bateu a minha porta. Tinham um mandado de busca! Iriam vasculhar minha casa e estavam decididos!

Só faltava essa, pensarem que eu estava escondendo a menina!

Eles entraram, parece que sabiam aonde ir

- O pai confessou! - Disse o delegado. Sabemos onde Amanda está!

Eles entraram no segundo quarto, empunharam umas marretas e começaram a demolir a parede.

Após 30 ou 40 marretadas, foi aparecendo um corpo lá dentro... quase desmaiei! O corpo de uma criança...

Cheguei mais perto e vi a roupa, era ela! Amanda! Morta, atrás da parede!

André da Costa
Enviado por André da Costa em 09/03/2006
Reeditado em 24/05/2007
Código do texto: T121085