Amor em 3 atos - Giselle Sato


ATO 1 - A carta



Meu amor,

Estou tão cansada, a vida perdeu o sentido depois que você me deixou. Juro que tentei perdoar, mas as promissórias das nossas dívidas não paravam de chegar. Os telefonemas de cobranças, os agiotas de plantão na porta da nossa casa, as ameaças dia e noite.

Procurei por você em todos os lugares que freqüentávamos e ninguém sabia dizer seu antigo endereço ou qualquer detalhe da sua vida. Entendi que fui ingênua acreditando em tantas mentiras, que deveria ter investigado seu passado antes de ter aberto a porta da minha casa.

Frágil, carente, recém viúva e ainda jovem o suficiente para atrair seu desejo. Em poucos meses gastamos em farras a fortuna do falecido. As jóias de família penhoradas para construir suas excentricidades.
Vez por outra você desaparecia sem qualquer explicação. Com medo de te perder jamais fiz exigências e cobranças. Aceitava as migalhas do teu amor e isso me bastava.

Vivíamos reclusos e aprendi a amar as noites. Saíamos pelas ruas de madrugada, era como se o mundo parasse para nós. Nunca temi nada ao seu lado, desafiamos o perigo mil vezes, éramos inatingíveis.

A paixão me consumiu, respirava seus passos, atormentada em súplicas. Tornei-me uma mulher viciada em seus fetiches. Nos jogos amorosos, na urgência jamais suprida, no limiar do gozo insaciável.
Era sua escrava, suplicando que aliviasse meu tormento. Sinto tanto sua falta.
Aqui é frio e solitário. Sou uma mulher morta sem você e vivo de lembranças.
O desespero e a saudade consomem meus dias. Tudo que desejo é a morte.

Eternamente sua, 
Ana.







 ATO 2-  Caso encerrado.



A polícia revirou a cela e não encontrou nenhuma evidência. Uma gilete e o bilhete apontariam o suicídio mas não haviam lesões.
O corpo da mulher era uma máscara de horror. Sem uma gota de sangue, parecia um boneco de cera em posição macabra.

Completamente retorcida, a boca escancarada em um eterno grito de horror.
Um completo mistério que o delegado tratou de encobrir. A família ficou aliviada com a notícia do suicídio e não exigiram qualquer explicação. 









ATO 3 - Final


Em um piano bar exclusivo, na cidade que nunca dorme, Domênico tocava melodias italianas ao piano.
A figura incomum ao piano, atraía todos os olhares. O pequeno salão enchia-se de casais extasiados. Ele tinha o poder de despertar os sentidos.

Isto era mais que perfeito para atrair qualquer mulher. Dom analisava todas as possibilidades, sentia o cheiro de cada uma, o som do sangue fresco circulando no corpo macio, o tremor do desejo mal disfarçado em olhares cobiçosos.

Por um minuto, pensou ter visto Ana, sua quase assassina. A pobre coitada, descarregou a pistola em um homem inocente. Um sósia quase perfeito, frequentador assíduo do piano bar, que explorava a semelhança para conseguir mulheres. Infelizmente mortal.

Dom agradeceu os aplausos. Ana era mais uma alma perdida na coleção do Vampiro.
Apenas...um fantasma a mais...





Série E-books Vale das Sombras
Vale das Sombras




Vale das Sombras é uma comunidade do Orkut, um cantinho onde escritores de estilo sombrio postam seus textos para serem apreciados de maneira justa, sem os antigos preconceitos, livres das taxações.
No Vale o goticismo é visto como um movimento literário, ensinamos que estilo sombrio não precisa necessariamente vir de uma mente depressiva ou suicida.
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Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 19/07/2008
Reeditado em 16/08/2008
Código do texto: T1087742
Classificação de conteúdo: seguro
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