Conto de Terror

Conto de Terror

“Como percebi que os colaboradores deste site gostam muito de escrever sobre este tema e são muito lidos, resolvi me aventurar”.

Acordei as 05:30 com o jato do caminhão pipa. Meu primeiro banho do dia. Não usei palavrões porque Marta, minha companheira, confiscou todos e os derramou no motorista do pipa.

Ouvi sons estranhos, girei minha cabeça para todos os lados, era um ataque multi-direcional e invisível. Quando percebi de onde vinha o terrível barulho, Marta já se mijava de rir com seu par de dentes bicolor. Era meu estômago fazendo passeata e piquete.

Andamos romanticamente abraçados pela inspiradora rua da Bahia (parte de baixo da Av. Afonso Pena). Na verdade estávamos nos abraçando tentando espantar o frio de julho agravado pelos jatos d’água.

Não tardou a aparecer uma morta; estava armada com uma serra. Era a morta de fome da Luzia, que tinha vergonha de pedir esmola e ficava serrando o que a gente ganhava. Foi uma fuga alucinante onde certamente quase alcançamos a marca histórica de quase dois quilômetros por hora. Lembrando que estávamos em desvantagem, porque apesar da Luzia morar numa cadeira de rodas, eu estava com dificuldade com o novo cabo de vassouras que enfiei debaixo do braço pra servir de apoio pra minha única perna (esquerda). Acabamos conseguindo salvar o cream craker do café.

Mas no hora do almoço o grande monstro da fome apareceu novamente e desta vez estávamos sem provisões. Ficamos próximos de restaurantes e fomos atacados por bruxas piaçavas enlouquecidas. Pedimos trocados no varejo e ganhamos palavrões no atacado. Mexemos no lixo e tivemos que nos contentar em dividir um pente de peixe com cheiro suspeito.

Estômago enganado, fomos pros semáforos. Um fusca pisou no meu pé (que humilhação, um fusca), uma moto pegou nos peitos da Marta e no fim ao menos conseguimos nos ver nos vidros dos carros sempre fechados.

Chega à noite e com ela todos os perigos. Mas nesse caso, eu e a Marta acabamos nos dando bem, entramos debaixo do papelão e não precisamos encarar as novelas.

Fernando Tamietti
Enviado por Fernando Tamietti em 15/07/2008
Reeditado em 02/07/2011
Código do texto: T1081888
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