***Ladrões De Corpos***

- O que você está esperando? Tire logo esse, depois volte para pegar os outros corpos.

- É que esta cova está trancada. Flávio respondia ao patrão, estava tentando tirar o corpo da tumba, mas ao perceber que estava trancada procurou o pé-de-cabra, mas lembrou que tinha esquecido no cemitério da cidade vizinha.

- Você é um inútil, deveria fazer você voltar lá. Paulão, homem bravo, berrava nos ouvidos de seu ajudante, não se continha com as suas burrices.

- Chefe! Já pegamos corpos suficientes aqui, já podemos ir embora.

- Você está certo, não podemos demorar, é arriscado ficar muito tempo aqui, a polícia pode nos pegar de novo. Disse Paulão, rindo.

- Como se isso fosse adiantar alguma coisa, você nunca ficou mais de duas horas em uma sela.

Na cidade de Maria Fonseca, havia muitos furtos, tais furtos eram de cadáveres, principalmente de humanos, a população já tinha conhecimento da autoria dos crimes, mas nada poderia ser feito os dois ladrões já foram pegos inúmeras vezes, mas não ficam na prisão por mais de duas horas, ninguém sabe como eles conseguem fugir, a melhor explicação é o fato que eles desaparecem, como se fossem fantasmas.

No início do inverno morreu uma mãe de santo, a comunidade não queria enterrar o seu corpo no cemitério, tinham medo de que o corpo fosse raptado, pelos famosos “ladrões de corpos”, mas não houve jeito, se o enterro fosse à outra cidade, haveria uma terrível burocracia.

- Acho que morreu gente! Dizia Paulão sempre que morria alguém, é como se fosse uma praga, eles tinham o poder de ver a morte, só bastava um olhar dentro dos olhos do indivíduo.

- Morreu sim! É uma mãe de santo. Flávio falava desconfiava

- Vamos deixar quietos, não mecho com essas coisas! Paulão colocava um ponto final na história.

- Ainda lembro, do dia que morreu aquela bela menina, nós roubamos seu corpo, desde aquele dia não tivemos mais paz. Dizia Paulo, de vez em quando olhava para o lado desconfiado.

- Aquela menina não nos deixou em paz por muito tempo, hein! Conseguimos mandar aquela alma pro devido lugar. Dizia Flávio, já bastante satisfeito.

- Nosso tempo está acabando! Finalmente vamos ser julgados! Falta apenas um corpo, acho que tal corp será o da macumbeira.

- Por mim, tudo bem chefe, além de que, ela está morta. Insinuava Flávio.

Eles cavaram e desenterraram o corpo, com certeza se não tivesse feito esse ato, poderiam voltar cada um para sua cova e descansarem em paz, mas, foram atrevido de ir bulir com a Véia Santa, agora, uma praga foi jogada para os dois, eles terão que viver a serviço dos anjos da treva, esse foi o seu segundo castigo.

Quando Flávio e Paulão eram vivos abusaram e mataram uma menina e logo depois comeu a sua carne, eles eram seguidores de uma crença que era obrigado a praticar a necrofilia, mal sabia eles que aquele corpo estava possuído por um demônio, por conta disso, eles morreram e foram castigado a se alimentar de corpos, engolindo os ossos e cabelos, não poderia deixar vestígio, quando eles atingissem o número 666 de vítimas eles seriam libertos.

Mas eles mexeram no lugar onde não devia.

Fim

Autoria: Joab Magalhães

Sob o pseudônimo de Kelvyn Vasconcellos