Os Embalos De Um Sábado Bestial Para Eurinome Saborear Carne De Padres

Saint Patrick's Old Cathedral

Manhattan

New York City

18 de dezembro de 1977

Well, you can tell by the way I use my walk

I'm a woman's man, no time to talk

Music loud and women warm,

I've been kicked around since I was born

And now it's all right, it's okay

you may look the other way

We can try to understand

The New York Times' effect on man

Um sábado. Uma manhã de sábado do ano de 1977 em New York. Sete horas. Marca extamente sete horas no relógio da sacristia da Saint Patrick's Old Cathedral, localizada na 260-264 Mulberry Street. Barbara Spellmann Liszt, inglesa, 43 anos de idade, Phd em Teologia pela University Of Oxford, profunda conhecedora das Escrituras Sagradas de todas as religiões do mundo, uma excepcional adepta do estudo minucioso das doutrinas religiosas. Séria e compenetrada, trajando um vestido de mangas longas cinzento e sóbrio, cabelos negros presos em um coque, óculos de sofisticada armação italiana, ela analisa um poster do filme Saturday Night Fever, lançado quatro dias antes nos cinemas americanos. Um filme de sucesso, um filme a embalar as rotinas dos jovens de uma época repleta de desafios e problemáticas comportamentais a preocuparem as mais altas esferas da Igreja Católica. Fixemos extremamente a nossa atenção na atenção de Barbara no cartaz do filme, adquirido por um dos padres com os quais veio encontrar-se para discutirem acerca do fenômeno conturbado e perturbador da juventude daquela época, a da Era Disco. Pela lente dos óculos dela, sigamo-lhe o olhar fixado em John Travolta, pleno, sedutor, envolvente, no cartaz. Ganhemos as direções do olhar de Barbara, percorrendo aquele corpo jovem, esguio, atraente, fixado no cartaz executando um passo de dança. Contemplemos, fora do olhar de Barbara, um sorriso mais compenetrado do que o seu antes sério estado de ser, um estado que normalmente lhe caracteriza. Barbara sente, imagina, realizando, que toca aquele corpo jovem de John Travolta... Barbara sente, imagina, realizando, que acima está do corpo do esguio John Travolta... Barbara sente, imagina, realizando, o envolvente calor do corpo de John Travolta... Calor entre suas pernas... Calor entre seus seios... Calor em seus lábios... Ela sente, imagina, realizando, John Travolta dançante... Ela sente, imagina, realizando, John Travolta envolvente... Dançante, nu, diante dela, o pênis balançando e excitando-lhe... Envolvente, nu, diante dela, o pênis balançando e endurecendo... Ela sente, imagina, realizando, que está a dançar com John Travolta... A dançar nua, de frente para John Travolta, sentindo o pênis endurecido dele entre suas coxas... A dançar nua, de costas para John Travolta, sentindo o pênis dele roçar em suas nádegas a cada movimento de dança... Calor em suas nádegas... Calor em suas coxas... Calor em... Barbara se recompõe, fecha o cartaz, os participantes da reunião adentram na sacristia. Novamente, estamos com uma Barbara séria. Novamente, estamos com uma Barbara compenetrada em sua seriedade.

John Bartes, 75 anos, o padre que adquiriu o cartaz, o primeiro a adentrar na sala, cônego de Saint Patrick. William Smith Jurgens, 26 anos; Stephen Warnick, 25 anos; Johann Burmann, 28 anos; Walter Scott Williamson, 24 anos; Robert Bush Sanders, 27 anos; Esteban Rodriguez Castro, 22 anos; David Segalli Marchetti, 23 anos. Sete padres, jovens, formados pelo Padre John, seus discípulos e como que filhos adotivos, pois tirou-os de orfanatos e, com os recursos de sua religião, cuidou dos mesmos com o amor que apenas os mais bondosos seres podem demonstrar. O Padre John e seus discípulos (chamados pela comunidade católica local de Filhos Do Padre John) receberam a famosa Doutora Barbara para uma discussão acerca dos rumos da juventude à altura daqueles anos embalados pela Disco Music. Com euforia, os sete jovens padres sentam-se à mesa disposta para a reunião na sacristia, logo após o padre John assumir uma das cabeceiras da mesma; a outra cabeceira ocupada está por Barbara. Esta entrega ao padre John o cartaz, erguendo-se e até ele caminhando. Disfarçadamente, vejamos juntos, ela fita cada um dos jovens padres, de belezas diferentes e encantos específicos. Vejamos o que ela vê através de seus óculos. Vejamos. Ela vê sete homens de batina, animados com a reunião que ali ocorrerá, conversando e sorrindo. Ela vê sete homens jovens, homens belos, homens com belezas heterogêneas, atraentes, sedutores. Ela não os vê, no entanto, da forma como sentiu, imaginou, realizou ao fitar o jovem corpo sedutor de John Travolta no cartaz do filme... Ela os vê de um modo tão heterogêneo como as belezas deles... Ela vê, vê, carne apodrecida sendo saboreada por...

– O que nos diz acerca desse filme, Doutora Barbara? - Padre John assusta-a e interrompe-lhe a visão.

– Senhor?

– O que a senhora, Doutora Barbara, nos diz acerca do filme?

– Eu o assisti ontem, como o senhor me recomendou, Padre John, para que pudesse melhor discutir o fênomeno que toma conta da juventude deste país. Pareceu-me uma ode aos excessos venenosos da carne, uma turbulenta exaltação dos instintos mais animalescos proporcionados pela dança motivada pela esfera musical do mesmo, extremamente erótica e exótica, nele presente como a fixar-se na mente dos jovens..

– Foi como eu lhes disse, filhos. - Dirige-se aos demais padres. - Uma perdição insana, uma depravação, este filme e toda a música que polui a juventude deste país. Enfrentei os hippies e a Contracultura; as drogas e o sexo livre; os Beatles, os Rolling Stones, o Black Sabbath, Timothy Leary e os demais pervertidos moralmente falidos a atentarem contra todos os ideais cristãos; e continuo a enfrentar toda a perturbação decorrente da desvalorização da Cultura Americana e dos ideais da Igreja De Cristo. Minha guerra contra esse tipo de filme e de música, de comportamento e pensamento, não acabará enquanto eu estiver vivo.

– Suponho que já iniciamos a nossa reunião, Padre John. - Entrega-lhe o cartaz. - Sobre a música que a Igreja Católica condena, penso que seja apenas uma nova forma de louvar-se a Deus, que se revela a todos conforme as ocasiões mais inauditas e insuspeitas.

– Não penso que John Lennon, Mick Jagger e Ozzy Osbourne, assim como os Bee Gees que tocam a profana melodia inserida neste filme e que a senhora mesma condenou, cantem para o Nosso Senhor Deus.

– Cito o Salmo 23, versículos 1 a 5:

"Justos, aclamai o Senhor!

Apraz o louvor que vem de homens

honestos.

Celebrai o Senhor com a cítara,

entoai-lhe canções com a harpa de dez

cordas!

Cantai-lhe um cântico novo,

tocai belas melodias!

Porque é de retidão a palavra do Senhor,

e de fidelidade toda a sua obra:

ele ama a justiça e o direito;

a terra está repleta da misericórdia

do Senhor."

– Homens honestos aos olhos do Senhor cantariam hinos a Satanás e defenderiam a utilização das drogas?

– Qual hino a Satanás é mais enaltecedor Deste do que aquele que a Igreja Católica faz soar ao dar importância demais a um Anjo Caído, Padre John?

– A senhora possui idéias...

– Possuo as idéias que me são particulares, Padre John, faço uso bom do meu livre-arbítrio na arte de pensar por mim mesma. Sou uma teóloga que vê o fenômeno religioso sob diversas facetas, conforme todas as religiões. Não estou intimamente ligada, no entanto, a nenhuma delas e, até certo ponto, sou uma cética antes de estudar todos os pormenores dos dados que me chegam ao conhecimento. Vou me sentar para que possamos iniciar melhor a nossa reunião.

Whether you're a brother or whether you're a mother

You're stayin' alive, stayin' alive

Feel the city breakin' and everybody shakin'

And you're stayin' alive, stayin' alive

Ah, ah, ah, ah, stayin' alive, stayin' alive

Ah, ah, ah, ah, stayin' alive

– Senhores, tenho aqui em mãos uma documentação que elaborei e que aborda os acontecimentos mais significativos da Humanidade neste século vinte comparados a acontecimentos históricos mundiais específicos e que vieram a estabelecer os parâmetros culturais que se expandem pelo mundo atualmente. - Entrega ao Padre Esteban, à sua esquerda, oito datilografias, cada uma com duzentas e nove páginas contendo os resultados de sua pesquisa. - Os senhores poderão ler, após esta reunião, como cheguei às conclusões que hoje, aqui, exporei a todos de maneira ordenadamente científica e racionalizada, sem promenores de atenções aos dogmas de fé católica. Antes, gostaria de esclarecer que não sou ligada à Igreja Católica como uma membra atuante a aceitar-lhe as leis e os dogmas, apesar de ter sido educada em uma família fervorosamente adepta da religião que guarda os direitos sobre esta igreja aqui na qual estamos. Aceitei o vosso convite, Padre John, mais como um desafio do que como uma oportunidade de defender os ideais católicos, tenho que ser-lhe sincera, pois a sinceridade é um dom herdado de minha família tipicamente inglesa, nos moldes de ortodoxos conceitos morais.

– A sinceridade abre os portões do Reino Dos Céus a todos os justos, Doutora Barbara.

– E os dos Infernos também, Padre John.

– Exatamente, os injustos também sinceros em sua injustiça abrem os portões do Reino De Satanás.

– Mas, e se a injustiça dos injustos for justiça conforme os olhos de Deus que dá o livre-arbítrio a todas as criaturas humanas? E se a injustiça, toda injustiça, possuir uma qualidade qualquer que possa torná-la tão divina quanto todo ato de justiça?

– Seria uma aberração universal que assim fosse, Doutora Barbara. - O Padre Esteban manifesta-se. - Nada do reino de Satanás pode ser justo perante os olhos do Nosso Senhor Deus.

– E como saber dos percalços misteriosos de Deus, Padre Esteban? E como saber dos todos misteriosos de Deus, Padre Esteban?

– O coração delimita cada descoberta desses percalços e a alma faz com que cada um deles nos purifique. E os Mistérios se Revelam aos clamores dos sinceros em Deus.

– O senhor não compreendeu as minhas perguntas, Padre Esteban... E se os percalços misteriosos e os todos misteriosos de Deus guiam certos seres humanos para os Braços de Satanás?

– Isso é blasfemo, Doutora Barbara! - Protesta o Padre John.

– A blasfêmia nasce da intenção de ofender aos potentes caminhos de Deus, Padre John. Não estou a ofender a Deus, estou a tentar fazê-los refletir acerca da misteriosa aura de todas as coisas de Deus. Uma aura que percorre, se racionalmente objetivizada, tantos labirintos interpretativos que são possíveis de serem cientificamente analisados à guisa da Filosofia em termos de Metafísica. Deus precisa ser, racionalmente, compreendido em Seu Direito Divino conforme as leis científicas de raciocínio e estudo, senão nada saberemos verdadeiramente acerca de Sua Vontade.

– Deus precisa apenas que nós O amemos e aceitemos todas as glórias e dádivas que Ele nos oferece. Como Jesus, Ele quer que nos sacrifiquemos, para, como Aquele, dizermos um dia:

"Pai, é chegada a hora, glorifica teu Filho

para que teu Filho glorifique a Ti,

e para que, pelo poder que lhe conferiste

sobre toda criatura, dê a vida eterna

a todos aqueles que lhe entregaste."

– Não são todos os seres humanos que são como Jesus e o mal de todos vocês, padres, é querer igualar-se a Ele em aparência, semelhança e identidade.

– Melhor assim do que igualar-se a Satanás, como fazem os dançarinos, as prostitutas, os drogados, os feiticeiros, os bruxos, os pornográfos e todos que estão longe do Senhor. - Retruca o Padre Stephen.

– Dançar é uma forma de igualar-se a Satanás?

– Se a dança não for direcionada ao Nosso Senhor Deus, é uma dança de Satanás.

– Satanás, então, está possuindo o corpo de John Travolta no filme? Está possuindo o corpo de todos os demais no filme? Está possuindo o corpo de todos os dançarinos nas discotecas de New York? E nas do mundo?

– Tudo que renega aos princípios cristãos, Doutora Barbara, é uma negação de Deus, de forma veementemente visível. - O padre William afirma.

– E o livre-arbítrio? Onde, na visão de vocês, fica o livre-arbítrio? Na beira da escadaria do nada de uma coroação de arbírtrios válidos apenas para a vossa religião?

– A liberdade faz parte do Homem, mas não como a definida por Jean-Paul Sartre em O Ser E O Nada, um livro que a senhora deve ter lido, pois as suas palavras parecem-me ter sido por ele moldadas.

– Sartre discute no livro sobre O Ser e toca nesse ponto da liberdade de uma maneira que me é totalmente simpática, Padre William. E eu chego à conclusão de que Ser É Liberdade Completa De Livre Existencial Atuação, sem as amarras a um Deus qualquer e a Satanás. Ser, padres, é de forma bem livre imitar as vestes de Deus e de Satanás. Sartre jamais chegou a isso, já que era um ateu, como todos sabemos; o pensamento aqui exposto, comodito, é totalmente meu.

– Acha simpáticas as idéias de um ateu, Doutora Barbara?

– Como filósofo, Sartre jamais condenaria a dança e a música, sejam estas quais forem e o que inspirassem em seus adeptos, Padre William. Devemos compreender, através de nós mesmos e não de Sartre, a liberdade condicionante da atitude da juventude americana, assim como da juventude mundial. Sou fã dos Beatles, dos Rolling Stones, do Black Sabbath e, uma vez, participei de uma das reuniões psicodélicas de Timothy Leary. O LSD me fez ver uma Realidade que culmina na mais completa força de todas as formas perceptíveis e imperceptíveis ao nosso olhar humano acostumado, usualmente, a ver todas as coisas sob o prisma do imediato, do indireto, do acesso restrito e ocasional. As drogas, conforme descrevi nos estudos que vocês tem em mãos, foram as grandes invenções do Homem, as grandes libertadoras, mais eficazes do que as religiões, da mente humana, que, com elas, pode alcançar estados a mais de envolvimento com a Realidade. A embriaguez liberta, a embriague salva, a embriaguez regenera, como bem disse Baudelaire em um poema e como diz Crowley no Livro Da Lei:

"Mas amar-Me é melhor que toda a coisa: se sob as estrelas da noite no deserto tu presentemente queimas meu incenso diante de Mim, invocando-Me com um coração puro, e a chama Serpentina ali contida, tu virás deitar-te em meu seio um bocadinho. Por um beijo tu então quererás dar tudo; mas quem quer que dê uma partícula de pó perderá tudo naquela hora. Vós ajuntareis mercadorias e quantidade de mulheres e espécies; vós usareis ricas jóias; vós excedereis as nações da terra em esplender e orgulho; mas sempre no amor de Mim, e assim vireis à minha alegria. Eu te urjo seriamente a que venhas diante de Mim em uma vestimenta única, e coberto com um rico diadema. Eu te amo! Eu te desejo! Pálido ou púrpura, velado ou voluptuoso, Eu que sou todo prazer e púrpura, e embriaguez do senso mais íntimo, te desejo. Põe as asas, e acorda o esplendor enroscado dentro de ti: vem A Mim!"

– Isso é uma defesa da perdição!

– Aleyster Crowley era um filho de Satanás! - Protesta o Padre John.

– A serviço de Deus, Padre John. - Barbara sentencia, finalmente sorrindo e abandonando a sua cáustica seriedade.

Oh, when you walk

– Irmãos, todos nós aqui temos que caminhar conforme os tempos e aceitarmos as idéias e as atitudes da parcela humana fora de nossa Igreja. - Muito controlado, o Padre David. - Padre John, o senhor nos ensinou a não discriminarmos as pessoas conforme as suas atitudes particulares e a não sermos loucos defensores dos dogmas da nossa Igreja.

– Contra as degenerações, Padre David, devemos ser defensores incondicionais dos preceitos cristãos! Não vos ensinei a aceitarem degenerações absurdas da existencialidade humana conforme a Bíblia prenuncia ditas e escritas por seres humanos como Jean-Paul Sartre e Aleyster Crowley, ou qualquer outro que ataque a nossa religião e o nosso Deus!

– Antes de tudo, Padre John, nós somos filósofos e estudantes religiosos como a Doutora Barbara, e sabemos que nem todos estão preparados para a cristã virtude de seguir a nossa Igreja. E nem todos, também, são isentos de uma visão mais ampla, como nós, das situações envolvidas nos questionamentos nascidos da descrença em nosso Deus e no apoio aos bárbaros arcaismos pagãos e ateísticos que tanto estão a crescer nesta época da História Da Humanidade, um retorno ao mundo primitivo e caótico que havia antes do advento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

– Somos moralmente responsáveis por defendermos ferrenhamente os nossos ideais, sejam estes filosóficos ou religiosos, Padre David. Eu lhe ensinei, como aos vossos irmãos, as virtudes preferidas pelo Nosso Senhor Deus, e defendidas pelo Nosso Senhor Jesus Cristo, Seu Filho Amado Que Se Sacrificou Humildemente Por Nós, como a caridade para com os fracos, os perdidos e os degenerados, mas não que concordemos com as idéias deles.

– Sou uma degenerada, Padre John? - Barbara pergunta-lhe, com leve sorriso. - Uma fraca? Uma perdida? Aos seus olhos de cristão ardoroso, eu sou um tipo de criatura condenável aos olhos de Deus?

– Ao envolver-se com drogas e com as bases da Contracultura, Doutora Barbara, a senhora não segue, exatamente, os preceitos de uma criatura de Deus moralmente válida aos olhos Deste.

– Sou uma cientista antes de ser teóloga, Padre John. E, como cientista, devo experimentar as possibilidades de todas as coisas que ao meu olhar cognitivo chegam. Não sou como René Descartes a matematizar o conhecimento, a friamente delimitar uma consciente prova da existência de Deus, a qual foi contestada por Immanuel Kant muito antes de Sartre. Se me droguei, se dancei ao som de Satisfaction, se chorei ao som de Yesterday ou se estremeci ao som de Black Sabbath, foi tudo uma experiência científica que afirmou a minha condição de ser livre e acima de qualquer Deus deste mundo.

– Ainda por cima, és uma pagã?

– Como a Igreja Católica pode ter a certeza de que o Deus Único é O Deus Único, Padre John? Como a sua igreja pode ter a certeza mais corretamente absoluta de que existe apenas um Deus em toda a Criação?

– Como dizemos aos que renegam o Nosso Senhor Deus desde sempre: com o coração e com a alma sabemos que ele é O Único.

– E repetir as palavras seculares de seus antecessores fazem de vocês filósofos autênticos da Igreja Católica, padres? É asim que vocês são filosófos?

– Não falo de Filosofia Cristã, falo de fé, Doutora Barbara!

– Uma fé que condena uma juventude por não aceitar os preceitos cristãos que já não lhes dizem nada, Padre John? Uma fé que aprofunda preconceitos e danosidades ao próprio evoluir humano, Padre John?

– Por que a senhora estudou Teologia, Doutora Barbara?

– Para conhecer melhor o pensamento dos que crêem no Deus Único.

– Se a senhora não crê em Deus, no Único Deus que há na Terra, no Criador Do Universo, porque o citou no início desta nossa reunião, Doutora Barbara?

– Eu não podia ser desagradável inicialmente, Padre John, diante do senhor e dos seus discípulos. Achava, e agora tive a certeza, através dos seus olhares, que me condenariam logo que eu citasse as minhas crenças pessoais, as minhas ideologias, as minhas faces que vocês consideram "ateísticas" e "degeneradas".

– A senhora é uma defensora da transgressão da juventude, Doutora Barbara?

– Estudei a Contracultura a fundo e nela vi uma atitude de retorno do ser humano às suas originais formas de vida na Terra. As letras das músicas de Janis Joplin, de Jimmy Hendrix, de Jim Morrison, de John Lennon, de Mick Jagger, de Ozzy Osbourne, enfim, de todos os artistas diretamente ligados a ela fomentam essa esperança, esse desejo, de retorno aos momentos das eras felizes da Humanidade. As drogas, o sexo livre, a rebeldia, é tudo fruto da nossa civilização moldada pela repressão advinda dos preceitos morais impostos pelas religiões ocidentais e pela rivalidade atual de um mundo dividido entre Capitalismo e Socialismo. É a partir da Contracultura que iniciei meus estudos e percorri a História Da Humanidade inteira, durante as sete semanas que me preparei para esta reunião, reunindo livros e artigos escritos por mim para vários jornais do mundo. Tudo tende a ser explicado a partir da Contracultura e o momento atual é de uma transição para uma nova maneira de ver-se o mundo, o Universo, a Criação. A Nova Era nos conclama, padres, para uma revolução dos padrões da nossa civilização. Se vocês condenam a juventude hoje por causa do que vêem apenas em um filme, daqui a trinta anos terão motivos para se suicidarem se não aceitarem as grandes mudanças que estão por vir. Serão mudanças de caráter, mudanças de comportamento, mudanças de visão total acerca do ser humano, que condicionarão a verdadeira unidade de todos com todos e o livre exercício da Espiritualidade, tanto com o retorno das antigas religiões sob novas facetas quanto pelo surgimento de novas religiões mais completas com relação ao evoluir proporcionado pela Nova Era. Diferenças raciais cairão, gamos novamente pelos campos correrão, o chifre novamente será tocado e a união do Grande Casal será retomada. Mudanças, padres, mudanças estão próximas e todas elas iniciam-se neste nosso atual período de existência neste mundo. Mudanças, muitas mudanças, prevejo, pois minha mente científica trabalha com dados específicos e é inevitável o surgimento de cada mudança que aos meus pensamentos revelaram-se claras e concretas.

– Tudo pode mudar abaixo dos Céus, mas Deus continuará sendo o mesmo! - Grita, exaltado, o Padre Walter.

– O senhor, Padre Walter, gritando, não espera que todos lhe atendam, ou espera?

– A senhora é uma...

– Walter, por Deus, acalme-se! - Pede-lhe o Padre Robert. - Esta é uma reunião de estudos sobre nossa época, sobre os problemas da nossa época! Não podemos nos exceder e, como idênticos a Torquemada, queimar na fogueira das nossas exaltações a nossa irmã aqui presente apenas por ela pensar diferente de qualquer irmão que já tenhamos conhecido aqui nesta igreja!

– Ela é uma inimiga da Igreja Católica, Robert!

– Walter, por Deus!

– Walter, modere a vossa exaltação. - Apenas um pedido grave do Padre John faz o Padre Walter calar-se. - Estamos aqui, todos, em um conflito que cabe a nós mesmos resolver conforme as regras da boa discussão, do bom combate, como bem o disse São Paulo. E temos que ver com amor, intenso e infinito amor, todos os que não se compatibilizam com o que seguimos, pensamos e dizemos todos os dias dentro da nossa religião. Doutora Barbara, se é tudo uma questão de mais pleno possível livre-arbítrio a ser exercido pelos seres humanos, então, estamos caminhando, conforme os seus prognósticos, para um retorno à selvageria plena muito longe do bon sauvage de Rousseau?

– Estamos caminhando para o que Jesus realmente veio aqui ensinar, Padre John, caminhando entre perdidos, prostitutas e pescadores, pessoas como os jovens atuais que são apenas simples seres buscando o seu lugar no mundo e a compreensão do porquê de estarem neste mundo. Jesus é o modelo perfeito da Contracultura.

Well, now I get low and I get high

And when I can't get either, I really try

Got the wings of heaven on my shoes

I'm a dancin' man and I just can't lose

You know, it's all right, it's okay

I'll live to see another day

We can try to understand

The New York Times' effect on man

– Está brincando conosco, Doutora Barbara?

– Estou afirmando a idéia principal presente nas datilografias que entreguei-lhe e aos vossos discípulos, Padre John. Mais do que ser um mero "Salvador", Jesus foi um dos precursores da Contracultura, o primeiro da Contracultura, o ideal realizador e iniciador da Contracultura, historicamente considerado.

– Isso já é uma blasfêmia monstruosa, Padre John! - o Padre Walter, novamente protestando.

– Walter, cale-se.

– Expulse essa mulher daqui, Padre John!

– Walter, cale-se.

– Eu vou sair, então, não fico respirando mais o mesmo ar que essa...

– Walter, CALE-SE E SENTE-SE AÍ!!! - O Padre John berra, batendo as duas mãos, fechadas, na mesa, fazendo-o calar-se e sentar-se. - Eu não o eduquei para agir assim, pior do que uma pessoa que nunca teve estudos em sua vida! Não o eduquei para ser assim, Walter! Não se pode tratar assim nossos convidados, sejam estes quais forem, jamais, Walter; e eu não permito que você se retire desta reunião, que é educativamente necessária para o vosso esclarecimento acerca da atualidade e da realidade das coisas no mundo em que vivemos!

– Como eu estava dizendo, Jesus de Nazaré, não o homem sagrado, não o "Filho De Deus", não o "Salvador Do Mundo", não o "Deus Feito Carne", foi o primeiro espécime dos adeptos da Contracultura na História Da Humanidade. - Barbara retoma a expressão séria e compenetrada de sua face. - Encarar toda uma estrutura afirmada como a ideal para o mundo da época, dominado pelo Império Romano, mas sem diretamente enfrentar, através das armas, o dito Império; falar de amor aos inimigos em uma época que abordava ainda o olho por olho, dente por dente; conquistar a simpatia do povo simples que sofria nas mãos da opressão romana, incitando-os, com suas palavras, a se descobrirem interiormente; o que mais para dizer e afirmar que Jesus foi o primeiro exemplo da Contracultura, defendendo pensamentos e idéias contrários aos pensamentos e idéias de sua época? Claro que nenhum hippie defende, defendeu ou defenderá as idéias de Jesus abertamente e a maioria deles sequer ligou-se ao fato de que o "Paz E Amor" deles vem a ser uma variação contemporânea do "Amai-Vos Uns Aos Outros". Estou sendo breve nesta explicação porque os pormenores desta minha teoria estão presentes nas datilografias que lhes foram entregues. Tenho um respeito pelas capacidades intelectuais de todos vocês, li todos os estudos religiosos que vocês, Filhos Do Padre John, realizaram durante o seminário em Roma; e li todos os vossos oitenta e nove livros, Padre John, a tocarem em assuntos os mais polêmicos e interessantes da Bíblia e das religiões da Humanidade. Aceitei o convite para esta reunião, ainda, por se tratarem de homens intelectualizados dentro de uma religião toda dogmática que não quer aceitar os avanços do mundo atual, que se prende, à risca, ao escrito na Bíblia. Perdoem-me se fui inconveniente e atrevida durante certos momentos.

– Filha, tu és livre para fazer o que quiser e pensar o que quiser, não a condenamos.

– "Faze o que tu queres", Padre John?

– De maneira nenhuma, Doutora Barbara! - Padre John gargalha, acompanhado pelos demais, incluindo o Padre Walter, mais calmo agora. - Pelas exigências de meus estudos, li O Livro Da Lei de Crowley, mas nenhum dos princípios ali contidos eu incorporei ao meu modo de ver as coisas. Cada ser humano é responsável pela sua alma e pelo seu corpo e pelo Espírito que assim o faz ser, pois como disse São Paulo,

"A cada um é dada a manifestação do Espírito

em vista do bem comum.

A um é dada pelo Espírito a

palavra de sabedoria.

A outro, a palavra da ciência

segundo o mesmo Espírito.

A outro, a fé no mesmo Espírito.

A outro, o dom de curas no mesmo Espírito.

A outro, o poder de fazer milagres.

A outro, profecia.

A outro, discernimento de espíritos.

A outro, falar línguas estranhas.

A outro, interpretação de línguas.

Todas estas coisas as realiza um

e o mesmo Espírito, que distribui a cada um

conforme quer."

– Minhas palavras e crenças estão de acordo com o Espírito, Padre John?

– Descansemos um pouco de nossa reunião, Doutora Barbara, agora. Depois, respondo-lhe a essa indagação.

– Tudo bem, mas eu tenho algo para os senhores, algo trazido de minha amada Inglaterra: chá. É tradição inglesa tomarmos chás em reuniões e, se me permitem, gostaria de preparar para vocês o melhor chá que aprendi com a minha bisavó, uma autêntica e convicta seguidora das tradições inglesas.

Well, now I get low and I get high

And when I can't get either, I really try

Got the wings of heaven on my shoes

I'm a dancin' man and I just can't lose

You know, it's all right, it's okay

I'll live to see another day

We can try to understand

The New York Times' effect on man

Barbara utiliza uma pequena madeira de cedro, em um canto da sacristia, para preparar o melhor chá que a sua bisavó lhe ensinara a fazer. Os padres conversam animadamante e ela sente que, mesmo entre os que se manifestaram ardentemente contra as suas idéias há uma simpatia por sua coragem e originalidade em defendê-las. Novamente sorrindo, ela prepara o chá; e, novamente, ela vê carne apodrecida... Os padres não percebem, mas, sussurrando, enquanto move a colher em cada xícara trazida da Inglaterra e que pertence, há duzentos anos, à sua família, ela recita palavras arcanas que somente ouvidas foram entre os discípulos mais desconhecidos da Magia Negra mais antiga e tradicional da Terra que apenas em solo inglês pode ser conhecida... Vejamos pelas lentes dos óculos de Barbara o que ela vê ao mexer no líquido nas xícaras... Vejamos... Vejamos... Vejamos... Vemos o quê? Vemos o quê? Vemos o quê? Carne? Carne? Carne? Carne! Carne! Carne! Carne... Carne... Carne... Carne apodrecida... Carne apodrecida... Carne apodrecida... Vejamos os olhos dela, olhos a declamarem embalos sinistros, olhos a aclamarem embalos tenebrosos, olhos a reclamarem direitos assombrosos, olhos a anunciarem acontecimentos dolosos... Os olhos dela... Os olhos dela... Os olhos dela... Os olhos dela em arcana dolosa contemplação de Negros Mistérios... Dolosos, acontecimentos dolosos anunciandos pelos olhos de Barbara... Dolosos para os padres, vejamos, ela olha para os padres... Olha e vê carne apodrecida... Sorri para eles, vê carne apodrecida... Sorri... Sorri... Sorri... Chá terminado de ser preparado, oito xícaras, uma bandeja de porcelana duzentos anos mais antiga do que as xícaras para servido ser o chá. Sorridente, Barbara serve o chá, cada xícara entregue a um padre, cada padre sorvendo o chá por ela encantado... ENCANTADO? CHÁ ENCANTADO? Devemos dizer, melhor, chá amaldiçoado... Amaldiçoado chá...

– Os senhores conhecem Eurinome? - Pergunta, pondo a bandeja vazia na pequena mesa.

– A Musa? - Indaga o Padre Esteban.

– O Demônio.

– Ouvimos falar dele, mas o Padre John...

– Já estudei Demonologia, em Roma, mas não ensinei isso a eles, Doutora Barbara. - O padre John bebe tranquilamente o chá. - Demônios são Seres que devemos combater, expulsar, dominar e tentar fazer com que vejam a Luz De Deus através da nossa fé de padres cientes da cristandade que é toda boa, toda simples, toda justa, toda caridosa. Demônios são apenas inimigos que devem ser encarados com a firmeza da crença nas obras mais profundamente divinas do Senhor Deus.

– Por que não ensinou, Padre John? Era importante que eles aprendessem sobre os Demônios. Muito importante que padres saibam acerca de todos os Demônios. E de seus adoradores, também, que são muitos e imprevisíveis, capazes de atos bem piores do que os judeus fizeram na caminhada em direção à "Terra Prometida" e que os nazistas executaram a mando de Adolf Hitler enquanto este governou a Alemanha com a sua, digamos, bestial loucura vista como bestial genialidade.

– A senhora, que não acredita em Deus, acredita nos Demônios?

– Sou de uma família de Magos Negros ingleses, Padre John, com um pouco de sangue austríaco nas veias, como podem perceber por causa do meu sobrenome Liszt; mas, que eu saiba, não sou descendente do compositor famoso Franz Liszt.

– Você aprendeu as Artes Arcanas?

– Como o senhor, aprendi.

– Não, Doutora Barbara, não aprendi Magia em Roma, apenas fui iniciado nas técnicas de Exorcismo que muito me auxiliaram diversas vezes.

– Em nove de seus livros o senhor descreve os vinte e três exorcismos que efetuou durante toda a sua carreira, atos positivamente findados.

– Não sem conseqüências para a minha saúde...

– Então, o senhor já ouviu falar de Eurinome?

– Eurinome, um Demônio de categoria elevada nos Infernos e que gosta de carne apodrecida, a qual bestialmente... come... e... que... que sensação... é essa?

– Padre John, o senhor está bem?

– Não sei... sinto... sinto... sinto...

– Um horror bestial? Um frescor bestial? Um ardor bestial?

– O que... o que... o que...

– Eu fiz? O que eu fiz? Com o senhor e com eles? - Os demais padres estão a contorcer-se em suas cadeiras e a vociferarem palavrões. - O senhor conhece algum chá, de nome desconhecido, que ao ser preparado, devidamente nos moldes de um ritual demoníaco de maldição em prol de um Demônio, provoca em quem o toma a possessão por este Demônio?

– Deus... Por Deus... Por Deus!

– É como o senhor mesmo quis me dizer, padre, citando São Paulo: o Espírito concorda com o meu Ser e me deu a possibilidade de chegar aonde eu cheguei e de ir aonde eu irei. Sou uma cientista antes de ser uma teóloga, esqueceu-se? Uma cientista autodidata, das Ciências Humanas às Ciências Ocultas. É a primeira vez que eu utilizo o chá que me foi ensinado por Elizabeth Spellmann, minha bisavó, a mais famosa membra do Ocultismo Negro em Inglaterra e que o senhor conheceu ainda em vida; até escreveu um livro sobre ela e não ligou o meu sobrenome ao dela, que falta de atenção para alguém tão intelectualizado, para um gênio como o senhor! É a primeira vez que eu evoco Eurinome desta maneira. Eu faço isso como uma experiência; e, também, lá no fundo, por vingança, vingança por ter chamado em seu livro a minha bisavó de bruxa maldita, decadente e podre. Ela não era uma bruxa, era uma Maga Negra da mais alta estirpe inglesa e, igualmente, européia. E eu, sua bisneta, aprendi tudo com ela. Tenho orgulho de ser uma Maga Negra e de ser-lhe discípula eficiente, como já estás sabendo bestialmente...

– Que Deus... Deus... Deus... lhe perdoe...

– Meu Deus é Satanás, Padre John.

Whether you're a brother or whether you're a mother

You're stayin' alive, stayin' alive

Feel the city breakin' and everybody shakin'

And you're stayin' alive, stayin' alive

Ah, ah, ah, ah, stayin' alive, stayin' alive

Ah, ah, ah, ah, stayin' alive

O Padre John é tomado pela Besta. A Besta. A Besta. A Besta. A Pura Besta. A Besta Eterna. A Besta Das Eras. A Besta Infinita. Feroz fica o seu rosto. Feroz fica o seu corpo. Feroz fica todo o seu Ser. Eurinome está na sacristia. Eurinome está na sacristia. Eurinome está na sacristia. Eurinome, possuindo-o, olha para Barbara, a qual ergue seu vestido e, acima da pequena mesa em um canto da sacristia, começa a se masturbar com todos os dedos de sua mão esquerda enfiados em sua vagina e os da mão direita em seu ânus. Ela assim se comporta em homenagem a Eurinome e em homenagem ao que Eurinome, no corpo do padre John, fará com os demais padres.

Os dedos na vagina...

Eurinome despe-se e defeca nas caras de todos os padres.

Os dedos no ânus...

Eurinome mija nas caras de todos os padres.

Os dedos na vagina...

Eurinome despe os padres, que continuam a gritar palavrões.

Os dedos no ânus...

Eurinome come as línguas dos padres, em meio a fezes e mijo seus.

Os dedos na vagina...

Eurinome come os pênis dos padres.

Os dedos no ânus...

Eurinome come os testículos dos padres...

Os dedos na vagina...

Eurinome mata os padres estrangulando-os com bestialidade.

Os dedos no ânus...

Eurinome inicia um ritual, utilizando um idioma apenas conhecido por Barbara e demais Filhos Dos Infernos.

Os dedos na vagina...

Eurinome executa o ritual e a carne dos padres apodrece.

Os dedos no ânus...

Eurinome apodrecendo carnes...

Os dedos na vagina...

Eurinome apodrecendo carnes...

Os dedos no ânus...

Eurinome apodrecendo carnes...

Os dedos na vagina...

Life goin' nowhere, somebody help me

Somebody help me yeah

Life goin' nowhere, somebody help me yeah

I'm stayin' alive

Barbara agora se masturba utilizando, no ânus, uma das alças da bandeja na qual serviu o chá amaldiçoado, o amaldiçoado chá. Eurinome executa o seu ritual, fazendo bestial o bestial ar a se manifestar na bestial sacristia da antes angelical construção secular. Bestial as gravuras da cena na mesa que antes servira à reunião e que, agora, serve para o apodrecer da carne de sete padres. Bestial a exaltação de Barbara. Bestial a execução do ritual de Eurinome. Bestiais os orgasmos de Barbara. Bestiais os atos de Eurinome, agora comendo as carnes dos sete padres.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome mastiga bestialmente os crânios dos padres.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome mastiga bestialmente os pescoços dos padres.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome mastiga bestialmente os braços dos padres.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome mastiga bestialmente as pernas dos padres.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome abre os tóraxs dos padres.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome arranca os corações dos padres, mastigando-os.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome arranca os pulmões dos padres, mastigando-os.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome arranca os intestinos dos padres, mastigando-os.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome arranca os rins dos padres, mastigando-os.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome arranca todos os demais órgãos internos a restarem dos padres, mastigando-os.

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome mastigando carnes...

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome mastigando carnes...

Os orgasmos de Barbara...

Eurinome mastigando carnes...

Os orgasmos de Barbara...

Well, you can tell by the way I use my walk

I'm a woman's man, no time to talk

Music loud and women warm

I've been kicked around since I was born

And now it's all right, it's okay

you may look the other way

We can try to understand

The New York Times' effect on man

Barbara pára de se masturbar, se recompõe e olha, séria, para Eurinome, o qual lhe oferece um pedaço do coração de cada padre que ele guardou para ela. Barbara, totalmente suada e exausta, aceita e mastiga cada pedaço bestialmente, acompanhando Eurinome, que devora as últimas partes dos corpos dos padres. O Bestial Demônio olha para si mesmo em um corpo humano e sente que estar em um corpo humano não é de sua inteira razão de ser. Eurinome, A Besta, A Besta Demoníaca Maior Dos Infernos, olha para Barbara, que faz um positivo sinal com a cabeça, sorrindo novamente. Eurinome, então, curva-se e começa a mastigar os pés humanos aos quais está atado temporariamente... Desafiando as leis da Física, ele se contorce, e mastiga os pés do corpo do qual apossou-se, o corpo do Padre John, com uma bestialidade que faz Barbara, finalmente, soltar uma bestial gargalhada! Contorcendo-se sobre si mesmo, quer dizer, contorcendo o corpo do qual apossou-se, o corpo do Padre John, Eurinome começa a mastigá-lo inteiramente!

A mastigá-lo!

Panturilhas...

A mastigá-lo!

Joelhos...

A mastigá-lo!

Coxas...

A mastigá-lo!

Pênis...

A mastigá-lo!

Mãos...

A mastigá-lo!

Tríceps...

A mastigá-lo!

Bíceps...

A mastigá-lo!

Tórax...

A mastigá-lo!

Coração...

A mastigá-lo!

Pulmões...

A mastigá-lo!

Intestinos...

A mastigá-lo!

Rins...

A mastigá-lo!

Todos os órgãos internos...

A mastigá-lo!

Eurinome mastigando o Padre John...

Eurinome mastigando o Padre John...

Eurinome mastigando o Padre John...

Whether you're a brother or whether you're a mother

You're stayin' alive, stayin' alive

Feel the city breakin' and everybody shakin'

And you're stayin' alive, stayin' alive

Ah, ah, ah, ah, stayin' alive, stayin' alive

Ah, ah, ah, ah, stayin' alive

Ao fim, apenas o crânio do que outrora fora o Padre John permanece acima da mesa de bestial refeição. Eurinome se fora e, cruelmente, Barbara faz com que o fatigado espírito do padre continue a avivar aquele pequeno pedaço que restou do corpo do mesmo. Ela se aproxima do crânio, segura-o com as duas mãos e bestialmente diz:

– Comer carne de padres em um dia de sábado a embalar-me é uma divina infernal refeição! Por Satanás, pelo meu Deus, Satanás, saboreio esta carne de padre apodrecida! Danações para o meu caminho! Danações para o meu objetivo! Danações para o meu instante de Filha Do Inferno, Filha De Satanás, Filha De Eurinome! A Ti, Satanás, esta carne apodrecida que comerei! A Ti, Eurinome, esta carne apodrecida que comerei! A Ti, Inferno, esta carne apodrecida que comerei! Satanás, salvai-me! Satanás, libertai-me! Satanás, glorificai-me! Satanás, Pai Tu És, Filho Tu És, Espírito Perdido Tu És! Satanás, que eu seja A Santa Apodrecida Dos Infernos! Satanás, Eu Sou A Santa Apodrecida Dos Infernos! Satanás, Sou A Apodrecida Que Te Amas Como O Verdadeiro Pai Meu Que Tu És! Glória A Ti, Meu Pai Satanás! Glória A Ti, Meu Pai Satanás! Glória A Ti, Meu Pai Satanás! Glória A Ti, Meu Pai Satanás! Glória A Ti, Meu Pai Satanás! Glória A Ti, Meu Pai Satanás! Glória A Ti, Meu Pai Satanás! GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, GLÓRIA, A TI, A TI, A TI, A TI, A TI, A TI, A TI, MEU PAI, MEU PAI, MEU PAI, MEU PAI, MEU PAI, MEU PAI, MEU PAI, SATANÁS, SATANÁS, SATANÁS, SATANÁS, SATANÁS, SATANÁS, SATANÁS!!!

Ela, bestialmente, mastiga o crânio do Padre John. Mastiga rosnando. Mastiga xingando-o. Mastiga rindo. Mastiga gargalhando. Mastiga, sentindo a aflição espiritual que causa no Padre John. Mastiga, sentindo a dor espiritual que causa no Padre John. Mastiga, sentindo-se bestialmente satisfeita, bestialmente refeita, bestialmente LINDA!!!

BESTIAL, BARBARA MASTIGA A CARNE APODRECIDA DO CRÂNIO!!!

BESTIAL, BARBARA MASTIGA A CARNE APODRECIDA DO CRÂNIO!!!

BESTIAL, BARBARA MASTIGA A CARNE APODRECIDA DO CRÂNIO!!!

BESTIAL, BARBARA MASTIGA A CARNE APODRECIDA DO CRÂNIO!!!

BESTIAL, BARBARA MASTIGA A CARNE APODRECIDA DO CRÂNIO!!!

BESTIAL, BARBARA MASTIGA A CARNE APODRECIDA DO CRÂNIO!!!

BESTIAL, BARBARA MASTIGA A CARNE APODRECIDA DO CRÂNIO!!!

Life goin' nowhere, somebody help me

somebody help me yeah!

Life goin' nowhere, somebody help me yeah!

I'm stayin' alive

...

Pequenos Demônios, com alguma inteligência média, são evocados por Barbara para deixar a sacristia limpa, sem nenhum resquício do que ali ocorrera. Quando derem pela falta dos padres e lhe indagarem, ela dirá que os viu apenas naquele sábado bestialmente embalado por bestiais demoníacas festividades. E jamais terão a noção do que na sacristia ocorrera, a limpeza é bestialmente perfeita, a limpeza é bestialmente impecável, a limpeza é bestialmente isentadora, aos olhos humanos, de qualquer culpa que tenha no desaparecimento dos oito padres, o querido pela comunidade nova-iorquina Padre John e os seus discípulos, os igualmente queridos pela comunidade nova-iorquina Filhos Do Padre John. As oito datilografias que entregou aos padres com o seu trabalho de pesquisa finalizado foram limpas e dispostas na mesa nos locais exatos das cadeiras utilizadas pelos padres.

Ela foi limpa pelos Demônios, vestida com uma calça boca de sino branca e uma camiseta da mesma cor. Puseram-lhe brincos. Puseram-lhe belas sandálias. Pentearam-lhe os lisos cabelos negros, soltos, cabelos que se extendem até a cintura. Recolheram e limparam as xícara e a bandeja de chá, que permaneceu na mesa em um canto da sacristia. Deram-lhe uma pequena bolsa branca, a combinar com o traje. E despediram-se dela, uma bestial Mãe Infernal detentora e realizadora de todos os mais bestiais ultrajes.

Com os óculos na bolsa, ela sai pelos fundos da igreja às vinte horas e trinta e quatro minutos. E, dançando ao caminhar, parte em direção aos embalos de sábado à noite pelos bares, boates e discotecas de New York emitindo uma bestial alegria no Ser. Dançando, ela vai sendo seguido pelos Predadores E Feras Noturnas, Aqueles Que Adormecem Nas Esquinas Sujas Das Ruas Mais Sujas. Dançando, ela vai chamando os Predadores, as Feras, os demais Lobos Noturnos, os demais Leões Noturnos, os demais Animais Bestiais Noturnas Sob O Signo Da Besta. Dançante, o seu rebolado diz a todos eles que o seu cu está bestialmente preparado para ser currado por um bestial pau de qualquer dançarino ou de todos os dançarinos das boates e discotecas de Nova York, parecidos ou não com o John Travolta.

Dançante, a bestial Barbara embala a noite do sábado mais bestial daquele ano de 1977.

I'm stayin' alive

I'm stayin' alive

I'm stayin' alive

I'm stayin' alive

I'm stayin' alive

I'm stayin' alive

I'm stayin' alive

I'm stayin' alive

I'm stayin' alive

I'm stayin' aliveeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

Inominavelmente bestial,

Inominável Ser.

Inominável Ser
Enviado por Inominável Ser em 25/06/2008
Código do texto: T1050966
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