Pré-Julgamento


        Faíscas pulam do esmeril, iluminam o cômodo sujo e fétido. Com as mãos enormes e sujas ele afia um facão sem proteção nenhuma. É um homem alto, robusto, tem cabelos ralos, longos e grandes entradas demonstrando a calvíce que se aproxima apesar da pouca idade. Tem um olho maior que o outro e respira com a boca aberta, os dentes amarelos e sujos ficam à mostra.

        Pedro é seu nome, Pedrinho Maluco as crianças chamam-no. Sua casa fica distante da comunidade carente onde mora. Sempre viveu afastado das pessoas que se incomodavam demais com a sua aparência e estranheza de ser. Sempre foi calado, sem amigos, sem família. Ninguém sabia explicar como crescera, como fora criado e como chegara àquela comunidade. Sua vida se resumia a ajeitar a velha camionete e sair pelo meio do mato com o facão afiado.

        Desaparecimentos de moças estavam acontecendo na comunidade que era imensa. Já estavam desaparecidas 5, e a polícia não tinha pistas ou denúncias, afinal não tinha nada que levasse a um ponto inicial ou a um suspeito.

        Os ensaios de carnaval estavam se iniciando, e como toda comunidade que se preze, esta também tinha a sua escola que ainda estava no grupo de acesso.

        Cláudia estava eufórica, atormentou os pais o dia todo, queria de qualquer maneira ir com as amigas ao primeiro ensaio do ano. Tinha apenas 16 anos e os pais nunca tinham deixado que saísse sozinha, muito menos que voltasse tarde. Mas desta vez estava difícil segurar. A filha estava cada vez mais desobediente e crescendo, e todo dia fazia questão de mostrar que além de mais velha, era a única responsável pelos serviços domésticos e criação dos irmãos, já que os pais trabalhavam dobrado. O pai trabalhava a noite toda e parte do dia, e a mãe era dama de companhia de uma Sra no centro da cidade, trabalhava das 0:00 às 8:00.

        Questionava não ser justa a proibição de participar do único divertimento que tinha na comunidade na época que precedia o carnaval.

        A contra gosto e com o coração apertado cederam aos pedidos, já que em parte Cláudia tinha razão, era jovem, trabalhava muito, era responsável e não tinha divertimento como as outras meninas. Obrigaram-na a trazer as 5 amigas com quem iria ao ensaio para apresentar aos pais e para que anotassem o número dos seus celulares, e mesmo assim lhe foi dado hora certa para voltar, teria que estar em casa no máximo até 0:00, a sua mãe ligaria para o telefone do bar do Chico que era vizinho e ela teria quer ir até lá atender e provar que já estava em casa, e nisso Chico que era muito amigo do seu pai também confirmaria que ela já estava em casa e não sairía mais.

        Eufórica e com tudo acertado, começou a se aprontar bem cedo para não perder nada, escolheu entre os seu shorts um bem curto e sensual, um top rosa, se maquiou e até exagerou por ser totalmente inexperiente, e também exagerou no perfume barato. Se sentia bela, sensual. Observava no espelho e gostava das suas curvas, o corpo estava deixando de ser menina para ser de mulher. Queria ser sensual, mas na inocência não tinha a intenção de provocar para conseguir algo, só achava que era comum, normal, porque a maioria das moças se vestia e se comportava assim.

        Chegaram, a batida dos instrumentos, as vozes e todos estavam rindo se divertindo. As meninas suavam e chamavam a atenção de todos. As outras cinco eram experientes e sabiam provocar, logo estavam cada uma com um rapaz. Cláudia continuava sozinha, e não por falta de investidas, apenas porque não queria, não estava preparada, naquela noite só queria se divertir.

        Quando se deu conta estava na hora de pegar o trem de volta, era o último, não podia perder. Ficou desesperada quando não avistou nenhuma das meninas. Abrindo o caminho entre as pessoas que já dançavam bêbadas, algumas drogadas e outras se esfregando, nem ouvia mais as batidas do samba que mexeram com o seu coração naquela noite, queria as amigas. Sabia que se não chegasse na hora perderia uma segunda chance de sair e a confiança dos pais para sempre.

        Não encontrou ninguém, apenas avistou de longe Alessandra se esfregando com um homem bem mais velho que levou-a para a parte de trás de uns pilares no pátio da escola de samba.

        "O que eu faço meu Deus?" - Se perguntava Cláudia. Levou a mão ao bolso e constatou que o seu bilhete estava lá, olhou mais uma vez para o relógio e viu que tinha perdido mais 10 minutos, só tinha 20 para chegar até o ponto. Deixou as amigas lá, sabia que elas costumavam se arranjar e voltar de carona, quando voltavam, senão dormiam na casa de pessoas que conheciam na noite.

        Saiu e viu que o ambiente naquele horário não era tão divertido e belo como ela imaginava quando as amigas contavam. Homens e mulheres praticavam sexo nos cantos, e grupos mexiam e perseguiam moças sozinhas e que não davam atenção para eles. Teve que passar por um desses grupos, os rapazes mexeram com ela. Se assustou não deu atenção e desceu as escadas, seguiu até a calçada quando percebeu que estavam seguindo os seus passos. Não pensou, correu, queria chegar no ponto e entrar no trem, deixar aquela noite gostosa que começava a se tornar pesadelo para trás.

        Eles apertaram o passo e vinham a certa distância mas provocando nela o terror que queriam.

        Começou a chorar, e com isso se cansar mais. Tentou forçar a corrida e o salto quebrou, ela caiu. Despencou em choro, estava próxima do ponto. Olhou para o relógio e viu que faltavam 5 minutos, olhou para trás e viu que os aterrorizadores, drogados vinham gritando o que fariam com ela quando se aproximassem. Se levantou e viu o trem passar e não parar, só viu a sua luzinha sumir as uns 50m a sua frente. Neste momento ela amaldiçou a noite, e todos os dias que antecederam esta noite, principalmente o momento em que aceitou a sair com aquelas meninas. Olhou para os lados desejando encontrar alguém, uma pessoa boa que lhe oferecesse ajuda. Estava só, sofrendo, com medo, a maioria das ruas daquele bairro não tinha iluminação, e nos cantos pessoas usavam drogas e caiam no meio da rua. Ouviu gemidos abafados e viu vários homens e uma garota no meio, pela distância não sabia dizer se ela consentia os atos, ou estava sendo atacada, só percebia que estavam todos muito drogados. A cabeça girava não sabia se deixava acontecer o que tivesse que vir, ou lutava, tentava correr. Sabia que se resolvesse correr, teria que enfrentar a estrada de terra e sem iluminação lateral aos trilhos e ter forças para correr no mínino 30 minutos descalça, já que de salto seria impossível até caminhar nela.

        Olhou novamente para trás e viu que da esquina virou um carro dando um cavalo de pau, que freou bruscamente para que os rapazes que eram cinco, entrassem.

        Não pensou mais, arrancou as sandálias, jogando-as e disparou em direção à estrada. Assim que a alcançou, se embrenhou no mato da beirada porque viu os faróis do carro vindo atrás dela. Sentiu os galhos baterem no seu rosto, pescoço, pernas, espinhos entrando nos pés. Queria sufocar as batidas do coração, porque dava a impressão de que poderiam ouvir.

        Ouviu o carro parar, e os gritos e xingamentos se iniciarem. Tinha um que ordenava e dizia que assim seria mais gostoso. Mandou que pegassem lanternas e começassem a caçada.

        Cláudia começou a rezar, chorando ela prometia à Deus que se ele permitisse a sua volta sã e salva para a casa, nunca mais cometeria a loucura de sair com quem mal conhecia, que nunca mais desobedeceria as ordens dos pais. Sua cabeça estava perturbada e ela estava quase em estado de choque de tanto pavor. Não enxergava nada, pisava em formigueiros e enxiam os pés de picadas, os galhos cortavam as pernas, até que caiu com uma perna inteira num buraco. Viu a luz de uma das lanternas se aproximar. Suando e se agarrando a tudo, rasgou uma alça da blusa, e conseguiu tirar a perna do buraco, usou o último fôlego e disparou em meio a clareira e saiu na estrada, mas não era a mesma onde os rapazes tinham estacionado. Agradeceu à Deus e correu livre pela estrada, até se ver sendo iluminada pelo farol do carro que vinha logo atrás de si.

        Desabou, desistiu e se pudesse teria se entregado à morte de braços aberto. De joelhos no chão e de cabeça abaixada, deixou que o carro se aproximasse, ele contornou a sua volta e estacionou ao seu lado esquerdo.

        Cabisbaixa ela de canto de olho se atreveu a olhar já que estava tudo em silêncio, não ouviu vozes e a algazarra dos rapazes. Era uma camionete velha, cada parte dela era de uma cor, com certeza montada com várias partes de outras camionetes velhas. A porta do passageiro se abriu para ela, uma voz rouca convidou ela pra entrar.

        Já não sabia se sentia mais medo do homem que lá dentro a aguardava ou dos rapazes que agora ela ouvia a voz e enxegava o brilho das lanternas se aproximarem da estrada. Optou por entrar e pulou dentro da camionete fechando a porta e segurando a alça da blusa.

        Estava suja, toda machucada, e chorava baixinho olhando para os seus próprios pés com medo de encarar e incomodar, ele, o temido Pedrinho Maluco, que por vezes ela com as outras crianças azucrinaram jogando pedras e gritando para incomodá-lo.

        Ele acelerou e logo apareceram os rapazes na estrada. Pelo retrovisor do passageiro ela viu dois deles jogarem a lanterna no chão de ódio por ela ter fugido.

        Cláudia não sabia se agradecia à Deus, ou se se preparava para outro tormento. O medo ainda não tinha passado, pois tinha fugido dos rapazes drogados, mas o que fazer de agora em diante? Olhou de soslaio e viu a luz da lua refletir no facão afiado que ficava ali no meio entre ela e ele. Subiu o olhar e pode ver o perfil de Pedrinho que realmente era assustador; boca aberta parecia se esforçar para respirar, dentes amarelos, cabelos longos e ralos, sujos, grudados na testa pela oleosidade, barba por  fazer, nariz torto, parecia ter sido quebrado e se curado torto. Usava uma camisa velha suja de terra, botinas sem meias e calça jeans curta. As unhas das mãos eram pretas de sujeira. Olhou um pouco para trás e viu que na carroceria tinha uma lona encobrindo algo, e só se via uma pá com o cabo pra cima. Se assusta quando ele pergunta com a sua voz rouca português falhado:

        - Tá assustada? Tava fugino?

        Ela enche o peito de ar para poder falar sem aparentar o terror que lhe dominava: 

           - Sim Sr. Fui até a cidade para o ensaio de carnaval e acabei sendo perseguida, e vim parar aqui para não morrer nas mãos daqueles...daqueles...- não aguentou e começou a chorar sem se conter.

        - Tenha carma, já tamo chegano. - disse encarando Cláudia, com olhos parados e assustadores.

        - O Sr mora lá na comunidade né?

        - Eu mi escondo né? As pessoa num gosta muito de mim. - disse ele num tom que para ela pareceu tristeza. E a a partir dali a conversa começou a tomar outro rumo. - E eu nunca sei porquê!

        Quando a conversa engatava a camionete engasgou e morreu. Ele deu partida por vezes e nada. Abriu a porta e foi ver o que tinha acontecido com o motor. Ela começou a pirar no nervosismo novamente, aquilo poderia ser apenas um truque, já que ela não entendia nada de carros. Lhe vieram a mente todas as meninas desaparecidas, 2 delas estudavam na mesma escola que Cláudia. Batia os pés no chão da camionete, e não sabia no que pensar e gritou quando viu o rosto dele no lado do passageiro pedindo ajuda:

        - Aaaiii...- e segurou a alça da blusa.

        - Descurpa, eu só preciso que o cê pegue uma caixa de ferramenta que tá lá atrais. Num posso sortá esse cabo senão ela num pega mais hoje.

        - Tá bom já tô indo. - disse ela abrindo a porta e saindo sem pensar.

        - Tem barbante tamém, você pode amarrar a arça da sua brusa.

        Ela subiu cautelosa e como se tivesse pisando em ovos. Sentia o medo percorrer o sangue, e na sua mente quase enxergava os corpos das meninas ali. Num canto achou a caixa e amarrou primeiro a blusa, e antes de descer resolveu levantar a lona, e quando ia ver o que tinha de baixo ele gritou, fazendo ela soltar a ponta:

        - Ande logo, se a camionete morrê num saimo dessa estrada hoje!

        Ela o ajudou, demorou, mas ao poucos o medo passou, e a conversa fluiu. Ela se esqueceu de que estava atrasada, e até o medo desapareceu.

        Pedrinho com o seu jeito estranho e o português ruim de uma pessoa que nunca frequentou uma sala de aula, conhecia as coisas e sabia de acontecimentos que ela nunca imaginou que ele soubesse. Chegaram até a conversar sobre as meninas desaparecidas. E tendo mais confiança ela perguntou o que ele carregava na carroceria.

        Ele levou Cláudia para ver o que era. Lá tinha de tudo; terra, pá, serrotes, facas, martelo, pregos, ripas, e uma casinha com uma cachorra quietinha que acabara de dar cria. Ele a encontrou na beira da estrada machucada e com fome e estava levando-a para sua casa.

        Cláudia não deve ter ouvidos os filhotes de tanto medo e porque estava imaginando sempre o pior.

        Pedrinho contou que fazia brinquedos de madeira e levava para a igreja toda noite, deixava lá sabia que o padre recolhia e doava para as crianças do bairro depois. Abriu o porta-luvas e tirou um lindo chaveiro de borboleta feito em madeira e  deu para ela.

        Realmente na camionete tinha muita coisa feita em madeira, pequenos brinquedos, chaveiros, pássaros, tatus, colheres, coisas que o pânico não permitira que ela enxergasse.

        Ele contou que vinha fabricando 3 casinhas de madeira que doaria para as escolas infantis, e ainda ressaltou que seu sonho sempre foi ter uma casa na árvore, e logo em seguida perguntou se ela queria ver as casinhas, que estavam logo ali numa clareira, pois ele serrava as árvores e como não tinha como carregar sempre trabalhava onde elas estavam.

        Com a confiança já conquistada ela não pensou duas vezes e entrou no mato seguindo Pedrinho. Alguns minutos pela trilha limpa e já podia com a ajuda da lanterna que carregava ver as três casinhas lindas quase terminadas.

        Pedrinho feliz como nunca por poder pela primeira vez na vida conversar e expôr o seu trabalho, ria sem parar e falava também.

        De vez em quando ela iluminava a face dele que se encontrava do outro lado das casinhas e podia vê-los com outros olhos. Não lhe parecia mais tão repugnante e amendrotador. Era apenas um homem solitário e excluído por preconceito.

        De repente ouve uma pancada e vê a lanterna de Pedrinho cair desligando e a sua voz sumir.

        Desesperada ela chama, grita, tenta iluminar a clareira e nada vê:

        - Pedrinho!!! Por favor fale comigo. Pedrinho!!! Cadê você??? - chorando pedia, sentiu o pavor tomar conta de si novamente.

        Sentiu uma pancada na cabeça que a fez cair, deixando cair a lanterna das mãos. Não sabia mais se estava acordada ou sonhando, a cabeça confusa, os olhos  tinham uma visão limitada, apenas percebeu quando alguém apanhou a lanterna se aproximou dela sem nada dizer arrastou-a pelos cabelos. Viu o mato roçar a sua face e as pedras machucarem as suas costas. Sentia a pele ser cortada pelos galhos e pedras que estavam no caminho. Não tinha força para mover o corpo, e se viu ser arrastada por um bom pedaço de estrada. Não ouvia vozes e a única luz que via era da lanterna. A cabeça rodava e a mente parecia estar entre o delírio e a lucidez. Viu o reflexo da luz na marca do tênis e conseguiu levantar as mãos e cravar as unhas no braço que a arrastava pelos cabelos.

        Cláudia foi espancada, violentada e enterrada ainda viva. Antes da última pá de terra ser arremessada o bandido se aproximou bem do seu rosto e acreditando que ela já estivesse morta, lhe disse:

        - Esta noite era pra ser sua. - e fez a terra cobrir o seu rosto.

        No dia seguinte os parentes e amigos da comunidade saíram como em todas as outras vezes à procura de mais uma menina desaparecida.

        Encontraram Claúdia somente com parte da cintura pra cima desenterrada e apesar de muito machucada, ainda viva. E Pedrinho machucado caído ao seu lado. Já tinham certeza do crime cometido por ele antes mesmo da polícia investigar e afirmar. Encontraram na camionete dele as roupas dela, a pá, terra e as ferramentas usadas para espancar Cláudia.

        Enquanto o resgate socorria Cláudia, ela pode avistar a população avançar sobre Pedrinho e linchá-lo. Ela tentou buscar forças de onde não existia, queria gritar e impedir aquilo. Mas não pode nem se quer falar. Apenas viu o olhar dele em meio as pessoas encontrar o seu e se despedir.

        Ele foi morto por espancamento, e em depoimento à polícia ela entregou o verdadeiro criminoso que se valeu da situação e da inocência de Pedrinho para se usar disso para cometer os seus crimes. Sempre plantava provas contra ele, deixando a comunidade ressabiada, e nesta noite plantou as provas na camionete logo após ter pensado que tinha matado a vítima. Mas ela não estava morta e viu o tênis enquanto estava sendo arrastada e depois antes da última pá de terra viu o seu rosto de pertinho.

        Pedrinho estava ao seu lado porque tinha desmaiado com a pancada enquanto olhavam as casinhas que ele fabricava, e quando despertou procurou por ela até encontrar e tentou desenterrá-la chorando desesperado pedindo para que ela não morresse, até que parou porque não conseguia mais e ela já sentia fraqueza, e ele também não estava bem com a pancada. Os dois acreditaram que morreriam juntos, então deixaram os corpos que não aguentavam mais esforços entregue ao futuro e ao que tivesse que ser.

        Não se lembrava de mais nada depois disso, só do resgate e do linchamento de Pedrinho que com muito dor e sofrimento ela relatou.

        O assassino das meninas desaparecidas era seu primo, o exame feito através de DNA pela pele retirada das suas unhas quando ela arranhou o braço dele, juntamente com o reconhecimento, comprovaram isso. Todas estavam enterradas próximo de suas casas. Ele não escolhia as vítimas, apenas caminhava na comunidade e quando encontrava uma vítima agia por impulso. Ele já tinha inúmeras passagens pela polícia e se enforcou em uma semana lá dentro.






(O ser humano sempre erra quando julga sem conhecer, sem saber, e sem averiguar. E mesmo assim continua fazendo. Por que será?)
Anne Valentine
Enviado por Anne Valentine em 25/02/2008
Reeditado em 09/03/2009
Código do texto: T874937
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