O Estrangulador da Noite

O vento assobiava pelas ruas desertas de uma pequena cidade costeira. O relógio da praça central marcava meia-noite, e a neblina espessava envolvia as luzes amarelas dos postes, tornando o ambiente lúgubre. Era nesse cenário que Noslim Sotnas se movia, uma sombra entre as sombras, com passos calculados e olhos frios.

Noslim era um homem comum à primeira vista, alto, de porte médio, roupas discretas. Sua expressão era uma máscara de serenidade que escondia um abismo. Durante o dia, trabalhei em uma oficina mecânica, um trabalho que lhe proporcionou anonimato. Mas à noite, ele se transformou.

Seu alvo era claro: mulheres jovens e ruivas. Algo na cor dos cabelos parecia despertar nele uma obsessão que ele mesmo não compreendia completamente. Ele as acompanhava pacientemente, estudava seus hábitos, horários e horários. Quando escolheu sua vítima, a caçada começou.

O Primeiro Movimento

Naquela noite, Júlia estava voltando para casa após uma longa jornada de trabalho no restaurante onde era garçonete. Seus cabelos ruivos, presos em um coque apressado, brilhavam sob a luz da lua. Ela assistiu ao silêncio incomum, mas atribuiu ao cansaço sua inquietação.

Noslim a observava de longe, com a precisão de um predador. Ele sabia que o medo tornava a presa mais fácil, mas também mais Jesus. Cada passo de Júlia ecoava como um tambor em sua mente, e ele sentia o familiar arrepio percorrendo sua espinha.

Ela virou na esquina, e Noslim aumentou o ritmo. O som de passos atrás dela chamou sua atenção. Júlia olhou para trás, mas só viu a neblina e um poste piscando ao longe.

— Deve ser minha imaginação… — murmurou, acelerando o passo.

Noslim gostava dessa parte: o momento em que sua presença começava a se fazer sentir.

Uma Reviravolta

Júlia dobrou outra esquina, mas, dessa vez, parou abruptamente. Noslim hesitou. Algo estava errado. Um homem surgiu da escuridão, veste uma jaqueta pesada e uma lanterna. Ele era o policial da ronda noturna.

— Tudo bem, senhorita? — Perguntou ele, notando a expressão nervosa de Júlia.

— Ah… Sim, tudo bem. Só estou com pressa.

Noslim praguejou em silêncio. Ele não gosta de imprevistos. Desapareceu nas sombras antes que o policial pudesse notar sua presença.

Mas Noslim não desistiu fácil. Ele sabia esperar. E sabia que Júlia não seria a última ruiva a vagar sozinha pela noite.

A Investigação

Na manhã seguinte, a cidade acordou com notícias de outro crime. Clara Rangel, uma jovem ruiva de 22 anos, foi encontrada estrangulada em um beco. O modus operandi era sempre o mesmo: um lenço apertado ao redor do pescoço, sem sinais de luta.

O detetive Victor Salles não estava no caso. Ele já tinha visto muitos horrores em sua carreira, mas havia algo particularmente perturbador em Noslim.

— Esse cara é metódico — comentou Victor para sua parceira, a detetive Camila Prado, enquanto analisavam o corpo. — Ele conhece a cidade como a palma da mão. E escolhe as vítimas com cuidado.

Camila olhou para o lenço. Havia uma particularidade: um pequeno monograma bordado.

— ST — ela murmurou. — Isso pode ser uma pista.

O Jogo de Gato e Rato

Enquanto a investigação avançava, Noslim continuava à espera. Ele sabia que a polícia estava em seu encalço, mas isso apenas aumentava sua motivação. Ele gosta de brincar com eles, de estar sempre um passo à frente.

Victor e Camila mapearam os crimes, identificando um padrão nos locais onde as vítimas ocorreram. Eles notaram que todas as cenas estavam próximas das lojas abandonadas.

— Ele escolhe esses locais por um motivo — disse Victor. — Talvez algo em sua infância, alguma conexão com religião.

Camila furtiva. Eles decidiram investigar mais o fundo do passado das vítimas. Uma descoberta os deixou perplexos: todos tinham frequentado uma mesma escola primária.

E lá, entre os registros antigos, encontrei o nome: Noslim Sotnas.

— É ele… — sussurrou Camila.

A Confrontação

Os dias passaram, e Noslim sentiu o cerco se fechar. Ele observou Victor e Camila de longe, percebendo que estavam cada vez mais próximos. Mas em vez de fugir, decidi enfrentar. Ele escolheu uma nova vítima, alguém que fosse um recado direto para os detetives.

Camila Prado era uma mulher de cabelos tingidos de ruivo.

Naquela noite, enquanto voltava para casa, camila sentiu o mesmo frio na espinha que Júlia sentia. Ela sabia que estava sendo seguida, mas manteve a calma.

— Estou aqui, Noslim — disse ela, ao virar em uma rua sem saída. — Sei que você está aí.

Noslim saiu das sombras, o olhar brilhando de satisfação.

— Muito esperado, detetive. Mas isso não muda nada.

Camila sorri.

— Talvez mude. — E então, o som das sirenes encheu o ar.

Noslim tentaram fugir, mas Victor e uma equipe da polícia cercaram o local. Ele oculto, mas foi dominado.

Enquanto era levado, ele olhou para Camila e murmurou:

— Isso ainda não acabou…

E, no fundo, ela sabia que ele estava certo. Algo no olhar de Noslim dizia que, mesmo atrás das notas, sua sombra continuaria pairando sobre a cidade.

O Último Sussurro de Noslim Sotnas

A cidade de Saintwood, à beira de um lago encoberto por névoa constante, carregava em si o peso de segredos sombrios. Havia algo de podre na tranquilidade, um desconforto palpável que os moradores evitavam comentar. E era sob atmosfera tão opressiva que Noslim Sotnas reinava.

Homem de hábitos metódicos, Noslim sabia como se misturar à mixagem. Durante o dia, era invisível, um rosto perdido entre trabalhadores simples e turistas desavisados. Mas, à noite, ele era um predador letal. Suas vítimas – jovens mulheres ruivas – foram escolhidas com precisão, como peças de um quebra-cabeça que apenas ele compreendia.

Não deixe rastros. Nada além do lenço de seda apertado ao redor do pescoço das mulheres, um símbolo de controle absoluto. Era como se, ao estrangulá-las, apagasse suas histórias e reafirmasse a própria existência.

Mas, naquela noite, tudo começou a desmoronar.

O Intrigante Chamado

O detetive Alaric Foster foi acordado pelo toque insistente do telefone.

— Mais uma — disse a voz do outro lado, sombrio.

Foi a quarta vítima em menos de dois meses. Annabelle Carter, 25 anos, encontrada em um campo nos arredores da cidade. A jovem tinha cabelos ruivos que, mesmo na morte, não deixavam de vibrar com a vida.

Foster, um homem de meia-idade, calejado por anos de casos não resolvidos, olhando para a cena do crime. Ele sabia que o Estrangulador de Saintwood estava escalando.

— Esse não é um assassino comum, Camila — comentou com sua parceira. Camila Drake era jovem, mas inteligente, e enfrentava o caso com determinação. — Ele não mata por impulso. Isso aqui é um ritual.

Enquanto observava o lenço, notou algo peculiar: um aroma de lavanda. Uma pista que poderia ter passado despercebida, mas que despertou a curiosidade de Foster.

— Ele quer ser encontrado.

O Passado Reprimido

Noslim Sotnas não era apenas uma psicopata. Ele era um homem atormentado. Durante sua infância, viveu na sombra de uma mãe autoritária que usava punições severas para moldá-lo. Ela tinha longos cabelos ruivos e uma voz que sibilava como uma cobra.

“Você nunca será nada, Noslim.”

A frase ecoava na mente dele como um mantra distorcido. Cada mulher que estrangulava era, em sua mente fragmentada, uma versão da mãe que ele precisava silenciar.

Mas algo mudou em seu ritual. Ele sentiu que o cerco estava se fechando. Os olhos atentos de Foster e Drake perseguiram-no mesmo à distância. Ele sabia que precisava dar um golpe final, algo que deixasse sua marca para sempre.

A Isca Perfeita

Camila Drake decidiu arriscar. Após dias analisando os padrões de Noslim, propôs uma ideia ousada a Foster.

— Ele caça ruivas, certo? — disse ela, prendendo os cabelos tingidos em um coque. — Eu serei a isca.

— Você tem ideia do que está propondo? — Foster perguntou, hesitante.

— Ele está ficando mais ousado. E sabemos que ele gosta de sentir o controle. Se dermos a ele a oportunidade perfeita, ele vai cair.

Contra sua intuição, Foster aceitou o plano. Camila começou a frequentar os locais onde Noslim caçava, sempre à noite, sempre sozinha.

Noslim a notou quase imediatamente. Ela era perfeita: jovem, ruiva, vulnerável. Ele atuou durante dias, examinando seus movimentos, testando sua paciência.

Na noite decisiva, enquanto ela caminhava por uma rua deserta, ele fez seu movimento.

O Confronto

Camila sentiu a presença dele antes de vê-lo. Seu coração disparou, mas manteve a postura. Noslim surgiu das sombras, sua figura alta e sinistra destacando-se sob a luz trêmula do poste.

— Está perdida, senhorita? — Disse ele, com um sorriso cortante.

Camila fingiu surpresa, relembrando alguns passos.

— Quem é você?

Noslim não respondeu. Ele avançou rapidamente, e antes que ela pudesse reagir, o lenço estava em volta do seu pescoço. Mas, naquele instante, Camila tirou uma lâmina pequena do bolso e cortou o tecido.

— Agora, Foster! — conferiu ela.

Foster e uma equipe de policiais saíram de suas posições escondidas, cercando Noslim. Ele comunicava, uma expressão que parecia mais um desafio.

— Vocês acham que podem acabar comigo? — disse ele, recuando para a névoa.

O Fim de Sotnas

Noslim correu para a floresta que circundava Saintwood, movendo-se com a agilidade de um animal. Mas Foster estava em seus calcanhares, movido por uma raiva que não conseguia conter.

– Sotnas! — falou ele, a voz ecoando nas árvores. — Isso termina aqui!

Noslim parou em uma clareira. Ele sabia que não havia mais saída, mas não tinha medo.

— Você me acha um monstruoso, Foster? — Disse, com a voz calma. — Mas eu sou apenas o espelho de tudo que essa cidade esconde.

Foster declarou a arma, mas Noslim avançou antes que ele pudesse destruir. Os dois lutaram ferozmente, o som de seus corpos ecoando na floresta.

Foi Camila quem terminou o confronto. Ela chegou a tempo de puxar Noslim para trás e empurrá-lo contra uma pedra. Elegou escorregou, caindo em um penhasco que terminava no lago.

O som do seu corpo batendo na água foi abafado pela névoa, e então tudo ficou em silêncio.

Um Último Mistério

Dias depois, o corpo de Noslim não foi encontrado. A cidade voltou ao normal, mas Foster e Camila sabiam que algo permanecia inacabado.

Uma carta anônima foi entregue à delegacia. Dentro, um lenço de seda com as iniciais ST bordadas.

“Vocês podem ter vencido, mas Saintwood sempre terá seus segredos.”

E assim, o fantasma de Noslim Sotnas continua a assombrar Saintwood, mesmo na morte.