A Floresta

Acordo em um lugar que não era a minha cama com um som estridente que parecia ser de um bicho. Me levanto do chão naquela floresta escura somente com uns raios de luz da lua atravessando os galhos das arvores que estavam sem folhas dando um aspecto de mãos retorcidas no chão, o vento assobiava no meu ouvido como se falasse saia daí. Eu me virei em direção ao som, o coração disparado, tentando identificar o que poderia ser. O som parecia estar se aproximando, um grunhido baixo e contínuo, seguido de passos leves, quase imperceptíveis. Tentei lembrar como havia chegado ali, mas minha mente estava um borrão completo.

Tudo o que sabia era que precisava sair daquele lugar. Com os pés descalços, comecei a caminhar lentamente, tentando evitar galhos secos que estalavam sob meu peso. Cada barulho que fazia parecia ecoar pela floresta, como se estivesse anunciando minha presença.

Enquanto andava, percebi algo estranho: o caminho parecia se repetir. As mesmas árvores retorcidas, as mesmas pedras cobertas de musgo. Era como se eu estivesse andando em círculos, embora tivesse certeza de que estava indo em linha reta.

De repente, senti algo tocar meu ombro. Meu corpo congelou. Não foi um toque pesado, mas algo frio e úmido, como a ponta de um dedo gelado. Lentamente, virei a cabeça e logo acordei de novo no lugar onde eu havia acordado pela primeira vez.

O pânico tomou conta de mim. Minha respiração estava ofegante, e minhas mãos tremiam enquanto eu tentava entender o que tinha acabado de acontecer. Era como se o tempo tivesse dado um salto ou se dobrado sobre si mesmo, me trazendo de volta ao início.

Olhei ao redor, e tudo estava exatamente igual: as árvores retorcidas, o chão coberto de folhas secas e aquele mesmo som, distante, mas presente. Desta vez, algo estava diferente. Havia marcas no chão ao meu lado, como pegadas — não humanas. Eram grandes e afundavam profundamente na terra, como se algo pesado tivesse passado por ali recentemente.

Levantei-me com cuidado, tentando não fazer barulho, e comecei a seguir as pegadas. Não sabia por que fazia isso, talvez por pura curiosidade ou pelo desejo de encontrar respostas. Conforme avançava, o som se intensificava, e minha cabeça começou a latejar, como se algo pressionasse minha mente.

As pegadas me levaram a uma clareira semelhante à anterior, mas esta era diferente. No centro, havia uma estrutura de pedra, como um altar antigo, coberto de musgo e com inscrições que brilhavam fracamente sob a luz da lua. O som estridente agora parecia vir dali, como se a própria pedra estivesse emitindo aquele ruído.

Aproximei-me com cautela, tentando decifrar os símbolos. Quando estiquei a mão para tocar a pedra, algo me puxou para trás com força. Caí no chão, meu coração disparado, enquanto uma sombra alta e indistinta se erguia à minha frente.

— Você não deveria estar aqui — disse uma voz profunda e reverberante, que parecia vir de dentro da minha cabeça.

Eu tentei falar, mas nenhum som saiu da minha boca. A sombra deu um passo à frente, e então percebi: ela não tinha forma definida, mas olhos brilhantes, como duas brasas, fixaram-se em mim, sinto novamente o toque daquela coisa então acordo."