A Silhueta da Morte

A morte espera por todos, mas a maioria de nós tem a sorte de não saber quando nem como.

— Provérbio Hitaísta.

 

 

A sucessão dos eventos começou naquela manhã de 11 de primavera, quando Môneli desceu no andar térreo, passou pelo saguão e atravessou o corredor até chegar ao hall. Esperava encontrar, na caixa do Pombo-Correio, cartões com comentários sobre o festival de balé da entrada da primavera, na qual dançara com suas alunas.

A luz esbranquiçada da caixa do Pombo-Correio, que atravessava até o outro lado da porta, encontrava-se acesa.

Apanhou o envelope recém-chegado.

A luz esbranquiçada se apagou.

Abriu-o e tirou a carta de dentro.

Correu os olhos pelas linhas tingidas de vermelho, escritas em eriguês oriental:

 

Cara Môneli Castrovismuam Tarbatela,

Há quantos anos não nos vemos!

Que tal nos encontrarmos para conversar sobre os velhos tempos?

Estamos convidando você e sua família para um jantar especial, onde moramos em Tariz, logo no dia 50 de primavera. É no mesmo endereço de sempre.

Estamos ansiosos para sabermos das novidades!

Vamos deixar as amarguras de lado, que tal? Leolor evoluiu, e nós também. A vida é a melhor professora.

Cordialmente, seus velhos amigos,

Marceliê Luckermuam Venier e família.

 

Ao fim da leitura, a mulher estava boquiaberta, pega completamente desprevenida.

 

Leolor Esilierxundra Venier.

 

A imagem do ex-namorado, filho de tia Marceliê, ressuscitou em sua memória, intruso. A pior escolha que já fizera na vida em pessoa.

Aquele ciumento, possessivo, grosseiro, despachado, imediatista!... sem um mínimo de sensatez!... para quem o mundo estava, a todo momento, com os dias contados!...

Mamãe deve estar no escritório a uma hora dessas, tenho quase certeza. Afinal, ontem foi o último dia do feriado.

Fechou a porta, transitou do hall ao saguão e pegou o elevador, subindo ao último andar da Esfera Sul, onde diversas salas se alinhavam às paredes circundantes do corredor.

A Esfera Sul contava com três andares e três subsolos. Era trespassada ao centro pela Espinha Dorsal, a coluna cilíndrica que a conectava aos demais compartimentos do galecão, casas com formato esférico: as Esferas Central e Norte, seguindo por um caminho que se bifurcava até alcançar as Esferas Leste, Oeste, Sudeste, Sudoeste, Nordeste e Noroeste.

A mãe de Môneli sorriu ao cumprimentarem-se em seu escritório.

— Diga lá, minha filha! Quais são as novidades?

— Só faltava essa, olha! — Entregou-lhe a carta.

A mulher perscrutou-a, sentada à escrivaninha com o telec em forma de computador portátil.

— Seu pai e eu também recebemos um desses, mas não sabia que até você tinha recebido. Não é que os Venier resolveram aparecer? E eu pensando que eles nunca mais iam voltar depois daquela briga que tivemos por causa de você e do Leolor! Mas que bom que voltaram. Senti falta deles, espero que tenham mudado mesmo. Acredito em mudanças.

— Eu também senti muita falta deles, e acredito muito que as pessoas podem mudar. De verdade. Só não estou gostando da ideia de ter que me reencontrar com o Leolor lá. Dele, sim, eu dificilmente espero qualquer mudança nesse sentido!

— Minha filha, um rapaz bonito daquele... ainda solteiro? Ele já deve estar é casado, ou pelo menos com alguma namorada!

— Acho mais fácil ele estar divorciado... — Môneli riu. — A não ser que ele tenha mudado mesmo.

— Ele pode, sim, ter mudado também. Por que não? Ele pode, no mínimo, ainda ser uma pessoa difícil para se manter um relacionamento íntimo, mas ali é a família toda! E nem por isso deixo de gostar dos Venier. Eles não são arrogantes como a maioria dos sul-davinceses.

— É, eles são gente boa. Só não dá mesmo para ter muita intimidade com eles...

— Eu os considerava amigos íntimos, apesar de tudo.

— Mas, também, não é, mãe? Eu não sou valente como a senhora! — Môneli gargalhou. — A senhora tem todo o perfil de juíza!

— Bom saber que escolhi a profissão certa — respondeu com bom humor. — Ou melhor, ela me escolheu, já que sempre me consideraram uma poderosa matriarca, e ninguém é obrigado a pagar pelo meu serviço...

— Então tem certeza de que vale a pena a gente ir?

— Claro que vale a pena a gente ir, não é? E eles vão ficar chateados se você não for. Mas, se o Leolor não for homem o suficiente para respeitar o fato de você ter se casado com o Janoer e não com ele, então trate de ser mulher o suficiente para contê-lo! Nós, mulheres, não somos influentes assim na vida dos homens à toa, somos?

Môneli negou com a cabeça, e deu um risinho.

É, talvez valha a pena mesmo.

— Bom, vou falar com o Janoer sobre isso.

— É a coisa certa a fazer — apoiou a mãe, compenetrada em seus afazeres. — Falo melhor com você daqui a pouco, só estou tentando não deixar as coisas se acumularem. Sabe como é, não é? Efeito de feriado longo.

— Sei, sim — disse Môneli. — Por isso, imaginei que a senhora estivesse aqui.

Saiu do escritório, dirigiu-se ao local de trabalho de Janoer, na sala vizinha, e pôs-se a aguardá-lo na seção de espera, enquanto o nervosismo a consumia por inteira.

— Dona Môneli — chamou a robô-recepcionista —, a senhora tem algo de importante a tratar com seu marido? Posso chamá-lo, se achar necessário.

— Ahn, não, não, não, Yastrid. — Meneou a cabeça, forçando uma risada. — Estou só esperando por ele.

Quando Janoer apareceu na sala de espera, despedindo-se do paciente, Môneli lançou-lhe um olhar sugestivo e pediu licença.

— Podemos conversar um pouquinho enquanto o seu próximo paciente não chega? É rápido. Não quero atrapalhar.

Ele acenou com a cabeça, conduzindo-a para o consultório.

Fechou a porta e retomou o lugar à escrivaninha, de frente para a mulher, que lhe informou acerca do ocorrido.

— É importante que você vá comigo — ela salientava.

— Eu sei, amor, eu sei... — Janoer segurou-lhe as mãos com ternura. — Não precisa se preocupar, confio em você. Iremos juntos, sim.

Foram se aproximando brandamente um do outro até seus lábios se encostarem.

Môneli deixou o ar escapar, aliviada, e abriu um sorriso.

— Bom, eu vou indo. Até mais tarde.

Ela se levantou e foi até a porta.

Ótimo, ele reagiu bem. Agora só restava saber como Leolor reagiria.

Três horas se passaram antes de Janoer e Môneli convocarem uma reunião familiar com os filhos para tratar da viagem.

Contentaram-se com o entusiasmo de Radena, Aander e Guílemm, que herdaram da avó a paixão por viajar.

— É sério, pai, não deixa ele dar em cima da mamãe! — suplicou Guílemm.

— Acha mesmo que eu vou deixar isso? — Janoer o olhou sério.

O garoto esboçou um sorriso amarelo.

— Lógico que ele não vai deixar! — replicaram Aander e Radena, enquanto acariciavam Lilynda, a cadelinha da família.

— Ele não vai nem precisar se preocupar com isso, Guílemm — Môneli tentou tranquilizar o filho —, pois eu mesma não vou deixar que o Leolor faça isso.

Um pouco antes do almoço, ela desceu novamente ao andar térreo para pegar uma pantufa limpa no guarda-roupa do hall, quando se deparou com a luz arroxeada da caixa do Corvo-Correio acesa.

Apreensiva com o que poderia ser, apanhou a correspondência.

A luz arroxeada se apagou.

Franziu as sobrancelhas, intrigada.

O remetente era anônimo.

Rasgou o envelope e leu:

 

Môneli Castrovismuam Tarbatela,

Vocês receberam aquele convite?

Favor não comparecer ao jantar.

Coisas horríveis acontecerão.

Acredite em mim, eu não estaria enviando esse bilhete se não tivesse todo o respeito que tenho por você, seria mais fácil enviar-lhe uma mensagem pelo Outubicker.

Depois não fala que eu não avisei!

 

Môneli balançou a cabeça tediosamente. Revirou os olhos.

Aquilo só podia ser coisa do Leolor.

Leolor e seu ciúme doentio. Leolor e seu implacável desejo de posse. Leolor e sua incapacidade de aceitar que ela estava com outro.

Mas é claro que sua mãe se enganara a respeito dele!

Uma vez Leolor, para sempre Leolor. Quem não quer mudar não muda nunca.

Ela deveria ter imaginado...

Abriu o guarda-roupa, inclinou-se para pegar a pantufa na segunda gaveta e refez o trajeto até o primeiro andar da Esfera Central.

Os robôs domésticos cantarolavam a música do almoço enquanto punham a refeição sobre a ampla mesa retangular de pedra:

 

O relógio bateu, o relógio bateu, o relógio bateu

Bateu ao meio-dia

É hora de orar

É hora de orar

É hora de orar

É hora de agradecer aos Dois Que São Um pela comida à mesa, pois a temos em abundância

O relógio bateu, o relógio bateu, o relógio bateu

Bateu ao meio-dia

 

Acomodou-se no sofá dourado em L, junto ao marido e aos filhos.

— Mamãe estava enganada, Janoer. Leolor não mudou nada. — Entregou-lhe a carta e compartilhou impressões.

— Então desistiu de ir? — cogitou o homem.

— Claro que não, de onde tirou essa ideia? — As mãos de Môneli se entrelaçaram às do marido, que sorriu.

Radena, Aander e Guílemm a aplaudiram, e Lilynda balançou o rabinho, contente.

Conforme os dias passavam, procurou, sem êxito, não ficar pensando naquele jantar, em preservação à sua saúde mental.

Com efeito, a primeira metade da primavera transcorreu rápida como os robôs flutuando pelos ares.

A lembrança da viagem sacudiu-lhe as entranhas ao acordar, tomar o café da manhã e sair cedo para pegar a nave.

A família reuniu-se em fila para entrar, e a matriarca seguiu para a cabine de pilotagem.

A nave decolou, e a vóiller de Úistandei foi ficando para trás.

Dali de cima, tudo parecia uma maquete.

O Astodeise brilhava acima das paredes rochosas que ladeavam as águas gélidas do Fiorde de Gaerungar, salpicadas de ilhas e ilhotas; ao longe, espiava-os por trás das montanhas do Grande Paredão.

Voaram em meio à turbulência e aterrissaram em Tariz.

Chão sul-davincês — disse Aander eufórico.

— Sim, chão sul-davincês! — Môneli sorriu para ele.

Após estacionar a nave na propriedade dos Venier, Marla saiu da cabine, sendo parabenizada pela perfeição do pouso.

Organizaram-se em fila em direção à saída e desceram as escadas suspensas na entrada.

Deram de cara com aquele jardim familiar de sempre, onde tia Marceliê, tio Esilier e um homem careca de barba grisalha e roupas desbotadas, que Môneli pensou ser algum outro visitante prestes a ser apresentado, os aguardavam.

Teria Leolor saído ou ficado em seu galecão com a suposta esposa, como sua mãe supusera que ele faria?

Bom, não interessava. Deu-se por satisfeita.

— Olha só quem está aqui — exclamou tia Marceliê eufórica, em eriguês oriental —, se não são meus velhos amigos! Entrem, por favor! Vamos conversando para saber logo das novidades!

Na sequência, gesticulou para que toda a família a acompanhasse pelo jardim.

Assim o fizeram.

A luz do Astodeise incidia sobre a vegetação, dando-lhe um toque extra de vida. Mas não ofuscava as imagens que apareciam nos outdoors, onde as logomarcas dos empreendimentos da família eram expostas.

As lembranças dos velhos tempos vieram à tona, como se fundidas num passado remoto.

Não vou passar por isso de novo, não vou passar por isso de novo, não vou passar por isso de novo, não vou, pensou com veemência Môneli, tentando dar às memórias amargas uma organização sistemática.

Com os pensamentos distantes e as mãos entrelaçadas às do marido, seguiu os familiares e os amigos, que passaram pela porta dianteira do andar térreo.

Parou na soleira ao ouvir uma voz.

— O que foi, amor? — perguntou Janoer.

Môneli virou-se.

O coração só faltava saltar pela boca.

O homem careca de barba grisalha e roupas desbotadas, cuja identidade até então passara despercebida, estava parado ali.

Ficou perplexa.

Leolor! Ai, Deuses, o que houve com ele?! O que houve com o charmoso e bonitão Leolor?!

— Pois é, o tempo não foi gentil comigo — disse despreocupadamente o fantasma desfigurado, como se lesse seus pensamentos. — O amor que sinto por você me deixou assim.

— Amor esse que não pertence a você mais! — retorquiu Janoer abraçando a esposa por trás, que olhava para o ex-namorado, enojada.

— Você ouviu, não é? Meu coração pertence a ele e somente a ele! Por favor, Leolor, não me venha de novo com essas suas chantagens emocionais! De novo, não!

— Quer que eu minta?

— Não, quero que tome vergonha nessa cara!

Um silêncio se fez presente enquanto os três se encaravam.

— Não recebeu nenhum bilhete suspeito na estação passada, não, Môneli? — atalhou Leolor.

Antes que ela pudesse lhe dizer umas poucas e boas sobre aquilo, a voz da mãe ressoou pelo corredor:

— Môneli, cadê você?

— Espera aí, eu vou chamá-la!

Tia Marciliê veio marchando e lançou ao filho um olhar fulminante.

— Vamos? — disse com doçura.

— Não, mãe, não vou deixar a senhora fazer isso com eles! — urrou Leolor, atraindo para fora do galecão os que já haviam entrado.

Tia Marceliê enrubesceu diante dos convidados.

— É melhor saírem daqui — aconselhou Leolor. — Vocês caíram numa cilada.

O clima de tensão se instalou.

À exceção de Leolor, os anfitriões empalideceram.

— O que está acontecendo aqui, pelas Lágrimas de Hita?! — reagiu Nakilia, irmã de Môneli, exasperada.

O desespero tomou conta dos convidados.

Leolor repetiu:

— Vocês caíram numa cilada. Mamãe quer envenená-los.

Môneli estremeceu. Não sabia se ria ou chorava.

— É mentira! Não acreditem no que ele está falando! — Tia Marceliê tentou empurrar o filho, mas ele nem se mexeu. — É mentira! É mentira! É mentira! Por favor, não caiam nessa!

— Vou explicar tudo para vocês. — Leolor fitou os convidados, que não podiam estar mais atentos. Empertigou-se e prosseguiu, teatralmente: — Como todos sabem, Djonei Fordelleff III foi o primeiro a erguer o nosso patrimônio. Era um cientista e inventor renomado, considerado por muitos o intelectual mais talentoso que já existiu. Suas invenções, todas extraordinárias, lhe deram fama e riqueza. Logo se tornou o homem mais rico da época, apesar da vida curta que teve. Tinha o sonho de descobrir a cura de diversas doenças que acometiam a população de sua época, e acreditava que poderia conseguir isso por meio das lariuvas.

“Mas, enquanto fazia experimentos, contraiu o Fungo das Lariuvas, conhecido por decompor organismos vivos de forma permanente. A doença é hereditária, e pode ser transmitida por contato sanguíneo. Não apresenta sintomas, embora o Fungo das Lariuvas esteja todo o tempo em ação no organismo. O infectado morre sempre com idade prematura, pois o fungo consegue, com a decomposição progressiva, a falência dos órgãos vitais.”

“E o que aconteceu foi que mamãe não quis que a gente ficasse sozinho nessa, e convidou vocês para um ‘jantar’ — ou melhor, para envenenar vocês. Envenenar vocês com nosso sangue.”

O mal-estar impregnou ainda mais o ambiente.

Então era por isso que ele enviara aquele bilhete? Para salvar a todos de uma armadilha?

Mas por que os Venier quereriam matá-los?

Môneli estava atordoada.

Então o ex-namorado era daquele jeito despachado precisamente por saber a idade em que vai morrer?

É por isso que ele era tão possessivo, ansioso e grosseiro, às vezes... Simplesmente não tinha tempo a perder... Era tudo ou nada.

Os convidados soltaram um guincho de apreensão.

Leolor concluiu:

— As coisas são difíceis para quem sabe quando vai morrer, e que vai morrer cedo. A preocupação com o futuro tem atrapalhado nossos investimentos, situação que se agravou com a guerra. Mamãe estava farta de perder ações para vocês no mercado intergaláctico e não queria que a gente ficasse sozinho nessa. Queria preservar o nosso nome. Queria que voltássemos a ser a família mais rica de todo o espaço.

Houve um silêncio petrificado quando ele terminou de falar, interrompido pela aparição repentina de alguns dos associados da vóiller, atraídos pela gritaria, reforçando, assim, a balburdia que se instalava no jardim.

— O que está acontecendo aqui? Que gritaria é essa? — perguntou uma velha carrancuda na língua deles, com seu sotaque sul-davincês, no meio da multidão. — Esses visitantes estão incomodando vocês?

— Não, eles não estão nos incomodando, não, Dona Telelma — negou Leolor, lançando um olhar sugestivo aos convidados.  — Pode ficar tranquila.

Guílemm fez que ia falar, mas parou depois que Môneli apertou-lhe a mão.

Silêncio.

Não houve quem contrariasse.

Os demais associados percorreram o olhar pelos convidados. Aos poucos, foram deixando o jardim do galecão e retornando aos seus afazeres diários.

A mãe de Môneli aproximou-se dos anfitriões e encarou-os seriamente.

— Eu... — começou tia Marceliê intimidada, sem tirar os olhos do chão.

— Não! Não precisa falar nada! — As vozes dos adultos convidados saíram afiadas como facas.

— Já entendemos tudo — atalhou a matriarca rispidamente, virando-se para Leolor. — Vocês têm sorte de tê-lo como filho. — Indicou o homem com a cabeça. — Só não contamos para os seus vizinhos o que acabamos de ouvir porque devemos nossa vida a ele, que sempre foi muito ligado a vocês.

— Obrigado, obrigado — disse Leolor irrompendo em lágrimas. — Eu não tenho palavras para agradecer...! Vocês serão recompensados por isso... eu prometo!

— Recompensados ou não, vamos embora agora! — finalizou Castrovis, o patriarca, dando as costas para os anfitriões.

Ele e o restante dos convidados saíram em direção às escadas que os levariam de volta à nave.

Ainda de mãos dadas com Janoer, Môneli deu uma última olhada no ex-namorado, que a fitou com tristeza.

Pela primeira vez, achou que podia dizer que o entendia.

Alexandre Braga
Enviado por Alexandre Braga em 23/11/2024
Código do texto: T8203629
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