A Festa do Natal.

Chagaspires

Era a festa mais esperada do ano.

Passávamos o ano inteiro esperando pelo grande acontecimento.

A festa de rua em que se comemorava o Natal.

A vila da Fábrica de Tecidos entrava em pavorosa.

Era executada no pátio da gruta de Lourdes em Camaragibe.

Os donos da fábrica faziam questão de proporcionar aos funcionários aquela noite diferente em que a Cristandade comemorava a vinda de Jesus Cristo.

Muito divertimento para as crianças e para os adultos se encontrava naquele lugar.

Carrocel, onda, botes, pessoas vendendo bolas de gaz amarradas numa linha ; barracas de prendas e de pescarias com brindes.

Comedorias e bebedorias.

Um coreto para a banda de música onde as músicas natalinas podiam ser ouvidas a distância .

Missas proferidas pelo padre local.

A representação do pastoril onde as pastorinhas encenavam atos do natal.

O sobe e desse das pessoas pelas ladeiras da gruta e do calçamento eram constantes naquela noite festiva.

As bolas de gaz eram vendidas amarradas aos cilindros que ladeava a ladeira por onde as pessoas passavam.

De roupa nova e com a alegria peculiar das crianças, eu e meus irmãos nos misturavam aos felizes participantes.

Esses acontecimentos descritos foram registrados em um dia de Natal dos finais dos anos cinquenta para sessenta.

De repente no meio do vai e vem das pessoas ouviu-se um estrondo seguido por um clarão ofuscante.

Um dos cilindros de gaz explodiu

acidentando várias pessoas que por ali passavam.

Entre elas se encontravam meu primo Nino sua esposa e seu filhinho que estava nos braços do pai.

Os acidentados foram tantos que foi preciso um caminhão para levar as vítimas.

Meu primo Nino era filho de minha tia avó Antônia. Ele teve que cortar as duas pernas. Sua esposa faleceu. Só a criança que estava em seus braços conseguiu pela graça divina não ter nenhum problema.

Hoje depois de muitos anos passados volto a me lembrar daque Natal fatídico que marcou muita gente daquele lugar.