O beijo da morte
Na flor da juventude selvagem,
Caminhava só, no campo,
Em direção à trilha florestal,
Dia de Primavera, rosas e orquídeas.
Ouvia o canto do rouxinol,
Propagando no ar pueril,
Guiando meus pés no percurso trilhado,
Minha alma captava uma sensação estranha.
Gelava a pele da minha nuca,
Ouvia o ronronar do corvo,
Saltava na minha frente, vindo
Dos arbustos repletos de margaridas.
Um cervo fêmea, vermelho,
Correndo em desespero e pavor,
Com seus filhotes saltitantes,
Como se visse uma criatura selvagem.
Prestes a atacar, para minha surpresa,
Minha visão se deparava com uma linda mulher,
Vestida de negro, como o abismo,
Exibindo braços desnudos, provenientes.
Da encantadora pele alva de neve,
Os cabelos e olhos escuros combinavam,
Bem com as vestes, um corvo sinistro,
Qual ouvir o sonar sombrio.
Estava pousado sobre o ombro dela,
Encarando-me com olhar vermelho,
Como chamas invernais de Hades,
Jurei que vi os olhos dela brilharem.
De brilhante azulado flamejante,
Enquanto sorria simpática ,
Perguntou sobre onde estava o meu sogro,
Antes, questionei sobre o nome.
Daquela fogosa, porém enigmática mulher,
Transparecendo na minha alma,
Uma lança gélida de espanto,
Admiração e arrepio
Ela disse que era Dalia,
Uma conhecida dele,
Reparei nas suas unhas postiças,
Pintadas em roxo gélido.
Enquanto caminhava em minha direção,
Notei que seu corpo era perfumado,
Em mistura de alfazema e cereja,
Sorridente e confiante.
Reparei novamente no olhar de brilho azulado,
Que me hipnotizou,
Ela então falou num sussurro,
"Quer saber o gosto do meu beijo?
Hoje, meu hálito cheira a hortelã fresca,
E os meus lábios, pintados de vermelho,
Há a fragrância de romã,
Você é sortudo por ter completado.
Minha beleza sombria sem pudor"
Ela acariciou meu peito,
Beijou meus lábios,
Sentir aquele delicioso fragor.
De repente, caí sem sentido no chão, desmaiado,
Mas ouvi, antes de adormecer,
As seguintes palavras,
"Ainda não é seu fim."
Apenas estou lhe avisando,
Que iremos nos encontrar novamente,
Fui acordado pela minha namorada,
Que, desesperada e chorosa.
Revelou que o pai morreu,
Na cadeira de balanço, defronte à casa de campo,
Soube do bizarro acontecimento,
O pobre homem de cabelos grisalhos.
Havia morrido misteriosamente,
Com o estranho sorriso nos lábios,
E com um ar no olhar de pavor,
Na boca, havia o inchaço roxo e frio.
Então, concluí assustado,
Ele foi beijado pela morte.