A MOÇA DA JANELA
Todos os dias, aquele rapaz passava por aquela rua, indo para o trabalho, e sempre via a mesma moça na janela.
Era linda: não deveria ter mais do que vinte anos. E ela sempre sorria para o rapaz.
O tempo foi passando e ele sentiu totalmente atraído por aquela moça. Nunca a havia visto nas festas da cidade; somente a via na janela de sua casa. Por fim, descobriu que estava completamente apaixonado.
No outro dia, ao passar por aquela rua, viu a moça na janela, mas desta vez, não iria passar direto: se deteve em frente ao portão da casa e decidiu entrar.
Ao vê-lo, a moça entrou. Ele ficou sem compreender. Tocou a campainha da casa.
Veio lhe atender uma senhora idosa, de aparência sofrida.
O rapaz perguntou se poderia conversar com a jovem que morava naquela casa. A mulher ficou atônita: disse-lhe que não morava moça alguma, vivia sozinha.
Não acreditando na mulher, entrou um pouco mais e viu um retrato da jovem na parede da sala. Apontando disse:
- Aquela ali. A do retrato!
A mulher levou as mãos ao rosto e pôs-se a soluçar: O rapaz não entendeu a reação daquela senhora.
- O que houve? Disse algo demais!?
- Que brincadeira de mau gosto – retrucou a mulher.
- Como assim!? – redarguiu o rapaz. A vi há poucos minutos na janela!
- Como se ela morreu há vinte anos! – fuzilou a senhora.
O rapaz sentiu-se sem chão. As pernas bambearam e o seu rosto ficou lívido. A senhora fez questão de levá-lo ao quarto da filha, intacto desde sua morte. Havia uma foto na cabeceira da cama. Era de outro jovem, noivo daquela moça, bem parecido com o rapaz.
A mulher lhe explicou que sua filha iria casar, mas foi acometida de uma doença incurável que a matou. E reparando na semelhança física, disse:
- De fato, você é bem parecido com ele!
O rapaz foi embora, pediu desculpas à senhora e nunca mais passou por aquela rua.
2003