A HORA DA MINHA MORTE (conto)

Caros leitores,

É com grande prazer que os convido a mergulhar nas intensas e emocionantes aventuras de Sidney.

Um homem marcado por um passado trágico, em busca de vingança e justiça. Sua jornada o leva por diversas cidades e situações, onde ele enfrenta não apenas inimigos de carne e osso, mas também os próprios demônios internos.

Em cada conto, vocês encontrarão um pedaço da alma de Sidney, um homem calmo e estratégico, forjado pelas perdas e pelas batalhas que enfrentou. Seu talento para a sobrevivência, sua habilidade e sua determinação em encontrar o assassino de sua família o fazem seguir em frente, sempre um passo mais perto da verdade.

Espero que cada palavra possa envolvê-los e que a história de Sidney deixe uma marca em vocês, assim como deixou em mim ao criá-la.

Boa leitura!

A HORA DA MINHA MORTE

Um conto por Sidnei Nascimento

Sidney havia decidido seguir viagem após resolver o mistério em Icaraíma. Sentado no Ford Maverick 1970, ele abastecia o carro em um posto de combustível à beira da rodovia.

O sol começava a se esconder no horizonte, tingindo o céu com um tom laranja suave. Ele trocava mensagens com Isabela, a investigadora paranormal. Havia um certo conforto em saber que alguém entendia as coisas pelas quais ele tinha passado, alguém com quem podia compartilhar suas experiências, seus medos e, talvez, algo mais.

Enquanto lia uma nova mensagem de Isabela, uma sensação estranha começou a rastejar pela sua espinha. Sidney ergueu o olhar, e o mundo ao seu redor pareceu congelar. Lá estava ele. O homem que ele perseguia há tanto tempo, o assassino de seu pai e sua irmã. O sangue de Sidney gelou, e sua mente foi tomada por uma tempestade de emoções...raiva, dor, e o desejo ardente de vingança.

Antes que pudesse agir, o homem percebeu sua presença. Seus olhos se encontraram por um breve momento, antes que ele corresse de volta para o carro e arrancasse em alta velocidade. Sidney não pensou duas vezes. Abandonou o celular e entrou no Maverick, acelerando ao máximo para não perder o rastro do homem.

Os pneus cantaram quando Sidney lançou o carro para fora do posto e entrou na rodovia, o motor rugindo como um animal selvagem. A estrada à sua frente era longa e cheia de curvas traiçoeiras, mas Sidney não se importava. Tudo o que ele conseguia pensar era que finalmente tinha encontrado o homem que procurava.

A perseguição era frenética. Ambos os carros se moviam a uma velocidade perigosa, com Sidney se aproximando cada vez mais.

Ele sentia seu coração bater no peito como um tambor, sua mente completamente focada no objetivo à sua frente. Ele se lembrava de cada momento de dor que aquele homem havia causado.

O corpo sem vida de seu pai, o olhar vazio de sua irmã.

Então, de repente, o homem fez uma manobra arriscada, saindo da pista e voltando em um ângulo inesperado. Sidney tentou reagir, mas a velocidade era alta demais. O Maverick perdeu o controle, girando descontroladamente antes de sair da estrada e capotar várias vezes. O som do metal se retorcendo e dos vidros estilhaçando foi a última coisa que Sidney ouviu antes de tudo se apagar.

No Hospital:

A sala de espera do hospital estava silenciosa, exceto pelo som ocasional de passos apressados dos médicos e enfermeiros. Ás luzes fluorescentes lançavam uma iluminação fria sobre o ambiente, fazendo com que tudo parecesse ainda mais distante e irreal.

Isabela entrou no hospital, o coração pesado de preocupação. Ela havia recebido a notícia do acidente de Sidney por telefone e, desde então, o tempo parecia se arrastar dolorosamente devagar. Ela foi direcionada para a UTI, onde ele estava sendo mantido em coma induzido.

Quando Isabela finalmente o viu, uma onda de emoção a atingiu com força. Sidney estava deitado na cama, conectado a uma série de máquinas que monitoravam cada batimento do seu coração, cada respiração que seu corpo ainda frágil conseguia fazer. Ele parecia tão diferente; frágil, vulnerável, uma sombra do homem forte e determinado que ela conhecia.

Ela se aproximou lentamente, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam cair. Sentou-se ao lado da cama e segurou a mão de Sidney, tão fria e sem vida em suas mãos.

O som dos aparelhos médicos era quase ensurdecedor, cada bip parecendo marcar o passar de um tempo que não trazia respostas.

Minutos depois, um médico entrou na sala, a expressão grave. Isabela se levantou, ainda segurando a mão de Sidney, e se preparou para ouvir o que ele tinha a dizer.

- “Como ele está, doutor?” ela perguntou, a voz trêmula.

- “Ele sofreu uma lesão grave na cabeça,”

o médico começou escolhendo cuidadosamente as palavras.

- “Estamos mantendo ele em coma induzido para permitir que o cérebro se recupere. Não podemos dizer quanto tempo ele vai precisar... pode levar dias, semanas... talvez mais. Tudo depende de como o corpo dele vai reagir.”

Isabela sentiu como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. O medo e a tristeza se misturavam em seu peito, criando um peso quase insuportável. Mas ela sabia que precisava ser forte por Sidney, por ela mesma.

- “Ele é forte,” disse Isabela, mais para si mesma do que para o médico.

- “Ele vai lutar.”

O médico assentiu, compreendendo a dor que ela estava sentindo.

- “Sim, ele é. Vamos fazer tudo o que pudermos por ele.”

Quando o médico saiu, Isabela se sentou novamente ao lado de Sidney, observando cada detalhe de seu rosto. As cicatrizes, os machucados... tudo parecia contar a história de uma batalha que ele travava por dentro e por fora. Ela se perguntou quantas vezes ele havia se sentido assim, sozinho, lutando contra seus demônios.

Ela se inclinou um pouco mais perto, falando baixinho, quase como se não quisesse quebrar o frágil silêncio que envolvia o quarto.

- “Sidney, por favor, volte para mim,” ela sussurrou, a voz quebrada.

- “Nós ainda temos muito o que fazer. Eu... eu não quero fazer isso sozinha.”

Mas as únicas respostas eram os bipes regulares dos monitores e o som suave do ventilador que o mantinha respirando. Isabela não sabia quanto tempo havia passado, mas sentia que a única coisa que podia fazer era esperar...

esperar e acreditar que Sidney, com toda a sua força, lutaria até o fim para voltar para ela.

A imagem de Sidney deitado inconsciente, enquanto Isabela segura sua mão e luta contra as lágrimas, é a última cena deste conto.

O silêncio pesado do hospital contrasta com a intensidade da perseguição que o levou até ali, criando uma atmosfera de tensão e emoção.

Sidnei Nascimento
Enviado por Sidnei Nascimento em 25/08/2024
Código do texto: T8136660
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