A APARIÇÃO DA COBRA-GRANDE

A APARIÇÃO DA COBRA-GRANDE

Lendas da Amazônia:

Autor: Moyses Laredo

Boiuna é uma criatura da mitologia brasileira. Também é conhecida como Cobra-Grande ou Mboiaçu. Diz a lenda que a Boiuna engravidou e teve dois filhos: Maria Caninana e Honorato, que podiam virar gente ou cobra, assim conta a lenda. Como Honorato era bondoso e sua irmã cruel, os dois lutaram entre si até à morte. Honorato venceu, mas como desejava ser homem, conseguiu e daí ficou para sempre, só o que o denunciava era sua língua bífida.

A história começa no início do século XX no Amazonas, coisa de 1920. A exploração e o comércio da borracha seguiam a todo vapor no interior do estado, no bom sentido mesmo, porque os navios eram movidos a vapor, afinal, o Brasil era o maior exportador do produto naquele momento.

Havia em algum trecho do rio Juruá, um pequeno seringal, numa estrada de seringas com 15 colocação bem distante e isolada, onde três seringueiros sem família ali vivam, trabalhavam e residiam, ou seja, cortavam à noite e defumavam de dia. Uma vez ao mês o patrão deles vinha em seu barco deixar mantimentos, contabilizar a produção, depois embarcar para a comercialização na cidade.

Tudo corria normal. Porém, numa dessas viagens, o tempo passou e o patrão não apareceu no período marcado como sempre fazia, como era de costume abastecer os seringueiros e pegar a produção das pelas de borracha. Os dias se passavam e nenhuma notícia do patrão. A beirada do rio distava alguns quilômetros da colocação, de modo que um deles sempre tirava um horário pela manhã para ir até o beiradão verificar se o barco do patrão havia chegado. Os trabalhadores já começavam a se preocupar pois seus mantimentos estavam no final e não existia nenhum comércio na região ou moradores perto para lhes ajudar. Algumas noites, um deles parava o corte e ia em busca da mistura, tipo caça miúda.

Porém, em uma determinada noite, estando eles dormindo numa barraca improvisada na beira do rio à espera do tal barco do patrão que nunca chegava, eis que acordaram com o barulho de um forte banzeiro a bom solavancar no barranco. Ao olharem na direção do rio viram que algo muito grande navegava por ali passando, não muito distante, em frente à barraca onde as ondas do banzeiro espirrava neles. Ora, embora estivesse bem escuro, dava para ver que parecia ser um grande navio a vapor pois se viam luzes vindo de lá, aliás, duas grandes lanternas uma a bombordo e outra a estibordo. Os homens se animaram, ficaram alegres pois com certeza ainda não era o barco do patrão, mas, talvez algum batelão abarrotado de mercadorias que, por algum motivo, estava fazendo aquele trecho daquela área remota e que eles podiam ir a bordo em busca de comprar o que precisavam, como era comum com os barcos dos regatões.

Rapidamente os três seringueiros acenaram da margem, davam gritos e pulos para a embarcação notar suas presenças e parar. E foi exatamente o que aconteceu, o tal barco logo estacionou lá no meião do rio, pois com certeza o comandante da dita embarcação teria escutado os gritos e os viu, com receio de se aproximar da beira para não encalhar parou por ali mesmo. Os seringueiros não perderam tempo o desespero da falta de mantimentos era grande. Dois deles mais afoitos, pularam na canoa apoitada na beira e remaram no rumo do dito navio, enquanto o outro homem ficou na margem vendo-os quase desaparecer na escuridão, caboco acostumado a enxergar no escuro conseguia vê-los mesmo à distância, mas ficou na margem aguardando o retorno deles com os produtos que necessitavam.

Entretanto, misteriosamente, notou que quando os dois homens chegaram mais perto da suposta embarcação, eles se levantaram e ficaram estáticos, como que hipnotizados em pé na canoa, e num rebuliço misterioso nas águas os dois companheiros simplesmente sumira de sua vista, achou ele, que algum nevoeiro tampou-lhe a visão. Então, o que estava na margem, achou aquilo esquisito, começou a gritar para eles voltarem, mas seus amigos já não lhe atendiam mais.

Decidido a ir até lá para ver de fato o que afinal estava acontecendo, o caboclo saltou pra dentro da outra canoa amarrada num pé de embaúba e seguiu rumo ao encontro do navio e de seus companheiros. Quando estava chegando próximo estranhou a grande luminosidade do lugar, como se ali tivessem a sombra de duas luas a refletir nas águas, também viu que haviam grandes escamas de cobra que acompanhavam uma grossa escuma leitosa, flutuando na água, o que o deixou confuso ainda sem entender o que se passara. De repente, começou a ser formar grandes ondas e rebojos no local que estava o tal navio e aos poucos ele foi submergindo no rio, até desaparecer por completo.

Desesperado e amedrontado, o caboco sobrevivente remou sua canoa com toda a força do braço de volta, Isaquias Queiroz perdia feio pra ele; fugiu desesperado daquela situação, embora o rebojo o puxasse, conseguiu chegar à margem e já a salvo, olhou de volta para o local da tragédia, tudo havia desaparecido, tanto o tal navio como seus dois amigos. Foi aí que ele compreendeu finalmente o que havia acontecido: não era navio coisa nenhuma e sim a temida e lendária boiuna de tantas histórias que ouvira contar, a Boiuna havia atraído suas presas humanas em mais uma de suas aterradoras aparições.

Gaspar Vieira Neto um conhecido escritor amazonense, quando visitou seu tio, no interior do rio madeira, foram à casa de farinha, buscar uns paneiros das bagudas pra comer com açaí e bodó assado, e, ao retornarem por um caminho que passava por um barranco muito alto já na beirada do rio Solimões, ouviu um longo som demorado de um grunhidos de porco vindo do meio do rio, perguntou assustado ao seu tio que diabo de som era aquele e ele, com muita naturalidade seu lhe disse: "...é a boiuna (cobra grande) que boia pra respirar". Isso era coisa de umas 06:00h da tarde, pensa no medo, apressaram o passo e pernas pra que te quero.

Molar
Enviado por Molar em 22/08/2024
Código do texto: T8134995
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