Sem volta (conto)
Sidney, 30 e poucos anos apertou os olhos contra o brilho do sol poente enquanto sua moto rugia pela estrada deserta. O vento soprava os cheiros do campo ao redor, mas à frente, Eldenwood, a infame floresta, erguia-se como uma parede de sombras. Era um lugar de mistério, temido por todos nas cidades ao redor, mas Sidney não estava ali por curiosidade.
Ele procurava por sua irmã, Lúcia, desaparecida há meses, e todas as pistas o haviam levado até ali.
Ao chegar na pequena vila à beira da floresta, Sidney parou para abastecer sua moto em um posto de gasolina isolado.
O velho que operava a bomba o observou com olhos desconfiados e uma voz marcada pelo tempo.
— Está indo para Eldenwood, não é?
perguntou o homem, com um tom mais afirmativo do que questionador.
— Talvez
respondeu Sidney, sem se comprometer, mas o olhar sério do velho não o enganou.
— Ouça meu conselho, rapaz. Aquela floresta não é um lugar para os vivos. Quem entra lá nunca mais é visto.
Sidney apenas assentiu, sem querer prolongar a conversa. Ele não podia se dar ao luxo de ceder ao medo, não quando estava tão perto de respostas.
Depois de se instalar na única pousada da vila, ele saiu para explorar e encontrar mais informações. Foi então que viu Laura pela primeira vez.
Ela estava sentada em uma mesa do lado de fora de um pequeno café, com um sorriso fácil e os cabelos ao vento. Quando Sidney entrou no café para pedir um café e alguma direção, Laura foi quem se ofereceu para ajudá-lo.
— Está procurando por algo específico na cidade?
perguntou ela, curiosa.
— Estou em busca de informações sobre a floresta.
respondeu Sidney, esperando que ela não o desencorajasse como os outros moradores.
Laura arqueou as sobrancelhas, claramente intrigada.
— Você não parece um turista comum.
Sidney deu de ombros, tentando não revelar demais.
— Vamos apenas dizer que estou em uma missão.
Laura sorriu, mas havia algo de astuto em seus olhos.
— Cuidado ao entrar na floresta. É um lugar perigoso, com muitas histórias. Mas, se precisar de companhia, estou acampando lá perto com alguns amigos. Talvez a gente se encontre por lá.
No dia seguinte, Sidney se preparou cedo e seguiu em direção a Eldenwood.
As árvores o engoliram assim que ele entrou, criando um ambiente sufocante e quase sobrenatural.
Ele avançou por uma trilha estreita, que o levou a um aglomerado de cabanas antigas e em ruínas, como fantasmas de uma civilização esquecida. O ar estava pesado, como se a própria floresta estivesse viva e observando cada movimento.
Enquanto explorava as cabanas, uma sensação de estar sendo observado o fez se virar bruscamente.
Para sua surpresa, ali estava Laura, emergindo da floresta com um sorriso enigmático.
— Eu disse que a gente poderia se encontrar por aqui.
disse ela, com uma naturalidade que desarmou Sidney.
— Não imaginei que você fosse realmente vir.
ele admitiu, tentando esconder seu alívio ao ver um rosto conhecido.
— Meus amigos estão acampando mais ao norte. Eu decidi explorar um pouco por conta própria.
respondeu Laura, com um tom casual que não combinava com o ambiente opressivo ao redor.
Eles passaram algum tempo juntos, explorando as cabanas, mas o que começou como uma exploração curiosa logo se transformou em algo mais sinistro.
Sidney notou marcas estranhas nas árvores, símbolos que ele não conseguia identificar, e a sensação de estar sendo observado ficou mais forte.
— Você sente isso?
Laura perguntou, sua voz agora carregada de uma tensão palpável.
— Como se algo estivesse nos cercando.
Sidney respondeu, e seus olhos se encontraram, compartilhando o mesmo medo.
De repente, um som de galhos quebrando ecoou ao redor deles, e Sidney instintivamente pegou sua faca.
Antes que pudessem reagir, uma figura alta e sinistra emergiu da escuridão das árvores, seus olhos brilhando com uma luz ameaçadora. Não era humana, e havia algo profundamente errado com sua presença.
Laura recuou, sua respiração acelerada.
— Precisamos sair daqui, agora!
Sidney não precisou de mais incentivo. Eles correram juntos, mas a floresta parecia estar contra eles.
As árvores se fechavam, os caminhos mudavam, e a criatura os perseguia, seus passos ecoando como um tambor acelerado.
Cada sombra parecia viva, e os sussurros no vento tornaram-se quase insuportáveis.
Finalmente, eles chegaram à estrada onde a moto de Sidney estava estacionada.
Sem perder tempo, ele ligou o motor, e eles dispararam para longe de Eldenwood, o som dos sussurros diminuindo à medida que se afastavam.
Eles nunca mais falaram sobre o que encontraram naquele dia, mas Sidney sabia que o mistério de Eldenwood ainda estava lá, à espera de sua próxima vítima.
E embora nunca tenha encontrado Lúcia, ele sabia que, de alguma forma, estava mais perto da verdade do que jamais estivera antes.