A BOLSA DE OURO E O CACHO DE BANANAS.

Era uma vez um homem chamado Abidu que, após décadas de trabalho árduo, acumulou uma considerável fortuna em moedas de ouro. Contudo, seu coração estava inquieto, pois precisava viajar muitos quilômetros por um caminho inóspito, cercado por uma densa floresta onde salteadores frequentemente armavam emboscadas para roubar viajantes desavisados.

Nos dias que antecederam sua partida, Abidu mal conseguia dormir, atormentado pela preocupação de perder toda sua riqueza. Um velho amigo, um sábio rabino, percebeu a aflição de Abidu e, com muita compaixão, perguntou:

— O que está acontecendo, meu amigo? Vejo que você está sofrendo muito.

Abidu, com um suspiro profundo, respondeu:

— É verdade, rabino. Estou preocupado com a viagem que preciso fazer. Tenho que levar esta bolsa cheia de moedas de ouro, mas o caminho é perigoso. Tenho medo de ser roubado e perder tudo o que levei décadas para conseguir.

O rabino, com um olhar sereno, disse:

— Eu entendo sua preocupação, Abidu. Se você deseja seguir meu conselho, ouça bem. Leve sua bolsa e um cacho de bananas. Quando chegar à primeira árvore frondosa à beira da floresta, coloque o cacho de bananas e a bolsa ao lado do tronco. Abra seu cochim no chão e durma um pouco. Essa árvore fica a um dia de viagem, longe o suficiente para você descansar.

Embora achasse o conselho estranho, Abidu confiava no rabino e decidiu obedecer. Preparou-se e partiu ao amanhecer. Quando o sol já estava se pondo, ele avistou a grande árvore frondosa de que o rabino havia falado. Seguindo as instruções, ele colocou o cacho de bananas e a bolsa de moedas ao lado do tronco, estendeu seu cochim e, apesar da angústia e do medo, adormeceu profundamente devido ao cansaço da jornada.

Ao amanhecer, Abidu acordou abruptamente, ansioso para verificar sua preciosa bolsa. Para sua surpresa, as bananas haviam desaparecido, restando apenas o bambão que as segurava. Ele rapidamente verificou a bolsa de moedas e, com alívio, constatou que não faltava uma única moeda. Apenas alguns biscoitos haviam sumido.

Intrigado, Abidu ouviu barulhos vindos das copas das árvores. Olhando para cima, viu um bando de macacos, e naquele momento a resposta lhe veio clara. Os macacos, como todos os animais da floresta, não tinham necessidade de moedas de ouro. Eles viviam de forma simples e harmoniosa, alimentando-se bem, dormindo e acordando cedo, cada um cuidando da própria espécie.

Naquele instante, Abidu compreendeu a mensagem do rabino. Ele percebeu que a verdadeira riqueza não estava nas moedas de ouro que guardava com tanto zelo, mas na simplicidade e harmonia da vida. Ele entendeu que o mais importante na vida era a paz de espírito e a felicidade que não dependem de bens materiais.

Com o coração mais leve, Abidu prosseguiu sua jornada, carregando não apenas a bolsa de moedas, mas também uma valiosa lição sobre o verdadeiro valor das coisas.

Alexandre Tito
Enviado por Alexandre Tito em 26/07/2024
Código do texto: T8115119
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