O Fantasma e o Mendigo

Pedro Santana sempre foi

um homem de muito orgulho.

Dono de uma grande empresa,

ele caminhava pela vida com a cabeça erguida,

olhando os outros de cima.

Não havia ninguém mais importante para ele

do que ele mesmo.

Certo dia, de maneira repentina, ele morreu.

A vida luxuosa que ele conhecia cessou,

e Pedro Santana se viu transformado em um fantasma,

perambulando pelas ruas da cidade que tanto conhecia.

Ao tentar se comunicar com as pessoas,

Pedro Santana percebeu que ninguém o notava.

Passava por amigos de longa data

que simplesmente o ignoravam.

Desesperado, ele foi até sua empresa,

onde tantos funcionários o respeitavam e temiam.

Mas agora, eles sequer percebiam sua presença.

Ele gritava, tentava se fazer ouvir,

mas tudo era em vão.

O escritório, antes vibrante com sua presença autoritária,

agora parecia um lugar distante e inatingível.

Pela primeira vez,

Pedro Santana se sentiu verdadeiramente sozinho.

Enquanto vagava pelo estacionamento da empresa,

avistou Rock, um vira-lata que sempre estava por ali.

Rock, ao contrário de todas as outras vezes,

não fugiu quando Pedro Santana apareceu.

O cão, que tantas vezes fora chutado por Pedro,

agora o encarava sem medo.

Isso fez Pedro Santana refletir sobre suas ações em vida.

Sentiu uma pontada de arrependimento, uma

sensação que ele nunca experimentara antes.

Dias se passaram e Pedro Santana continuava

a vagar pela cidade,

agora como um mero espectador.

Em uma tarde, sem ter mais para onde ir,

ele entrou em uma igreja.

O padre pregava sobre a conversa de Jesus e o jovem rico,

e as palavras o fizeram sentir ainda mais tristeza.

Ele, que havia acumulado tanto em vida,

agora não tinha nada. A

grandiosidade da igreja gerou uma Dessemelhança

com o vazio que ele sentia por dentro, uma solidão esmagadora.

.

Desolado, Pedro Santana continuou

seu caminho até um beco escuro.

Lá, viu um mendigo sentado em um pedaço de papelão,

comendo um pedaço de pão

enquanto uma água fervia

em uma velha panela em cima de um fogão improvisado com alguns tijolos.

Para sua surpresa, o homem lhe disse "boa noite".

Pedro Santana rapidamente sentou no chão

ao lado do mendigo e começou a conversar.

Era a primeira vez que alguém respondia ao seu chamado desde sua morte.

A humildade e simplicidade do cenário contrastavam com a opulência que

ele estava acostumado.

Após uma longa conversa, o fantasma milionário desabafou:

"Nesta cidade, todos pararam de falar comigo.

Ninguém percebe quando passo por eles.

Só você, que eu nunca vi em minha vida, me deu atenção."

O mendigo, com um olhar triste, respondeu:

"Você não se lembra de mim,

mas eu me lembro de você.

Dezenas de vezes fui até a porta da sua empresa.

Quando você saía, eu lhe pedia uma ajuda,

mas você nunca olhou para mim.

Parecia que eu era um fantasma."

Pedro Santana, atônito, perguntou:

"Quem é você?"

O mendigo respondeu:

"Eu sou apenas um homem que caiu em desgraça

porque ninguém acredita quando eu digo

que falo com fantasmas como você."

Com essas palavras,

Pedro Santana compreendeu a ironia de sua situação.

Em vida, ele tratou os outros como fantasmas,

invisíveis e insignificantes.

Agora, era ele quem se tornara invisível,

sem ninguém para notá-lo.

O orgulho que tanto prezava

foi sua própria ruína,

e a lição que aprendeu veio tarde demais.

Alexandre Tito
Enviado por Alexandre Tito em 01/07/2024
Reeditado em 01/07/2024
Código do texto: T8097693
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