FIM DE NOITE

Fim de Noite

Mordendo os lábios carnudos vermlehos de baton, misturados com gloss e gostos de tantas bocas, gemendo emocionada, baixinho ela gozava em sua memória os últimos momentos que tinha vivido. Aquele enorme e troncudo corpo moreno agarrando-a, apertando –a cada vez mais forte. Ai! Que coisa! Mordeu novamente os lábios com morbidez, ajeitou-se entre as cobertas, sentia tanto prazer ao relembrar! Aquele tinha sido inesquecícel em sua vida de tantos que conhecera.

Lá fora a chuva fininha escorria com suas águas, empurrava para os bueiros entupidos, lavando, levando todas as marcas de crime, pecado dentro do silencio da noite.

Ela estava praticamente nua, cansada, fim de ato, mas não entregava os pontos fácilmente e não parou de se mexer, contorcendo-se toda, em uma de suas mãos segurava com firmeza, sentindo tamanha maciez e avaliando a espessura gostosa do tecido. Ameaçou levantar o corpo, e jogando o para o lado com uma das pernas, ficou por cima dele e sentou-lhe tantas, quantas agüentou.

Ao ver o corpo dele ali ao seu lado ficou insegura. Calçou os sapatos e viu que um dos saltos estava completamente arruinado, tinha ainda algumas manchas vermelhas. Correu, mancando, nua, debaixo da chuva.

Na manhã seguinte algumas meninas comentavam que o pessoal do batalhão estava com idéia de convidar algumas delas para uma conversinha. Na lanchonete onde costumava tomar seu café da manhã, sempre por volta do meio-dia, a garçonete perguntou: - O mesmo de sempre? Vou preparar seu suco de tomate e aquele sanduíche de presunto fresco. Ela não ouvia mais nada, estava longe atravessando a rua, decidida a não olhar para trás.