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UMA MULHER INTRIGANTE.

UMA MULHER INTRIGANTE.

Sempre que eu passava em frente à rodoviária da minha cidade

eu via aquela mulher, sentada no banco com uma bolsa de lado.

Pele negra dentes brancos, sorriso bonito.

Ela tinha um olhar meigo e me parecia familiar.

Como eu passava sempre por ali naquele naquele horário, para ir a academia

eu achava que ela estava ali esperando o ônibus

Mas depois eu mudei os meus horários de passar lá,

e ela sempre estava lá, aqueles dentes brancos sorrindo,

e com aquela bolsa que a cada dia aumentava um pouquinho de volume

e eu ficava me imaginando de onde ela seria e por que estava ali

Um dia sentei do lado dela e puxei conversa,

tinha português polido, voz suave e calma e me falou o nome dela

que tinha cumprido pena por ter esfaqueado um abusador

mas que tinha sido inocentada e hoje

era assistente social, que trabalhava ali perto da rodoviária que eu podia procurá-la.

Me deu o endereço, nome e sobrenome e eu acreditei porque estava tudo muito coerente

Me disse para procurar na internet que era muito conhecida

Perguntei porque que ela estava sempre ali ela desconversou e não me respondeu

Cheguei em casa e fiquei curiosa, procurei nas redes mas não tinha ninguém com esse nome

Para matar minha curiosidade fui no abrigo que ela disse que trabalhava

como assistente social, dei as características dela, falei o nome dela ninguém a conhecia

Fiquei muito intrigada com aquela história mas deixei quieto

Um dia passei lá, ela me olhou sorrindo e perguntou se eu tinha um telefone

que pudesse fazer uma ligação para ela, me deu o número

Fiz a ligação, me afastei Para não ouvir o papo, não quis ser indiscreta

mas vi que ela realmente falava com alguém.

Me devolveu o telefone me agradeceu e eu fui embora

Dia seguinte ela não estava e nos dias que se seguiram também não estava mais lá.

Nunca mais a vi depois dessa ligação, e curioso

que o número que ela me pediu para ligar também sumiu do meu telefone.

[Na hora de ligar anotei o número num papel e guardei na bolsa]

mas quando fui ver numero, o papel continuava na bolsa,

ele estava lá porém em BRANCO..,.

Julia Brito