O desabafo da solidão.
Dentro do labirinto, onde as paredes de pedra pareciam sussurrar segredos antigos e o ar estava impregnado com um sentimento de desespero, o Minotauro, uma criatura mitológica de metade homem e metade touro, sentou-se em sua solidão. Ele lamentava sua condição, aprisionado naquele lugar sombrio e condenado a alimentar-se das vítimas que ousavam entrar em seu território.
Naquela noite, uma jovem, destemida e determinada, adentrou o labirinto, decidida a enfrentar o monstro lendário e a encontrar uma saída para sua própria jornada. Enquanto ela avançava pelos corredores tortuosos, o Minotauro observava em silêncio, intrigado com a coragem da intrusa.
Quando finalmente seus caminhos se cruzaram, ao invés de atacar imediatamente, o Minotauro sentiu uma estranha vontade de desabafar, de compartilhar seu fardo com alguém. A jovem, surpresa com a humanidade nos olhos do monstro, ouviu atentamente suas lamentações, suas histórias de solidão e sofrimento, de ser uma criatura temida e incompreendida.
Com o passar das horas, uma conexão improvável se formou entre o Minotauro e sua inesperada confidente. Mas conforme a aurora se aproximava, o monstro percebeu que aquela companhia, por mais breve que fosse, não poderia durar. Seu instinto animal despertou, a fome e a sede de sangue retornaram com força avassaladora.
Num momento de desespero e angústia, o Minotauro cedeu à sua natureza primal. A jovem, que momentos antes ouvira suas lamentações mais profundas, tornou-se sua próxima vítima. Com lágrimas nos olhos e um coração pesado, o Minotauro consumiu sua confidente, sua única chance de conexão em um mundo de solidão e escuridão.
Envolto em culpa e remorso, o Minotauro permaneceu sozinho no labirinto, assombrado pela lembrança da jovem que ousara entendê-lo. E assim, ele continuou sua existência solitária, condenado a vagar eternamente entre os corredores sombrios, um monstro tanto de corpo quanto de alma.