O Sal Da Vingança
VINGANÇA
Os três bandidos cochichavam.
- Quando ele chegar pulamos em cima dele.- Basta apontar a arma, será fácil.
O chefe concluiu.
- Calem a boca, eu trouxe a pistola de dardos tranquilizantes, temos que pegá-lo sem um arranhão, ele parece saudável, vamos conseguir uma boa grana pelos órgãos dele.
Então o ruído de um carro.
- Silêncio seus imbecis!
Os três marginais perigosos ficaram estáticos, porém a única coisa que viram foi a porta que acharam aberta ser trancada, no mesmo momento em que bombas de gás sonífero escondidas no quarto foram detonadas.
Os três membros da quadrilha de tráfico de órgãos humanos sentiram o efeito agressivo do gás, tentaram arrombar a porta mas já estavam grogues, e a janela foi travada por fora, tudo ficou escuro.
Will Ferg, chamado de Carniceiro, acordou, sentindo a frieza das correntes nas quais ele e seus comparsas amordaçados estavam.
Seu captor os fez pensar que o haviam descoberto, e os levou para a armadilha eles achavam que estavam armando.
- Me disseram que você é o chefe, acredito neles, tive muito tempo para arrancar informações deles enquanto você tinha pesadelos
.- Eu não tive pesadelo nenhum
.- Sim, teve, ouvi seus gritos, mas enfim, creio que você só tenha três dados a me fornecer, o nome do médico que chefia esse bando criminoso, o nome da piranha disfarçada de sereia que seduziu o irmão de meu cliente, e onde fica a casa do inocente namorado dela, que mal sabe a vagabunda monstruosa que ela é
.- Desculpe mas, se eu te contar, você não terá motivos pra me manter vivo.
- Sim, mas se não desembuchar, terei motivos pra te matar devagar.
- Você é um dos bonzinhos não é? Não devia nos entregar pra polícia?
- Rss... Sou um dos bons, não cresci educado nos desenhos daquela borboleta escura que alguns ousam chamar de, " cavaleiro das trevas ". Eis o trato, vou te injetar soro da verdade, você não resiste, então eu te dou um tiro na cabeça, aí você não sentirá as chamas nas quais vou queimar vocês até virarem cinzas, pra depois salgar a terra.
O Carniceiro viu que seu destino estava selado, então ficou com o grande mal menor.
Sword cumpriu sua parte no trato, e após estourar seus miolos, cobriu Will Carniceiro com seus dois colegas que estavam já sem sentido de tanto apanhar, com gasolina tirada de seus próprios carros, com mais três galões que ele comprou no posto.
Para sua sorte, a casa do Carniceiro ficava em um local longínquo e isolado no Novo México.
Então, mais um tanque de combustível foi retirado do caminhão refrigerado, e o incêndio provocado começou.
Sword se afastou e se escondeu, mas como previu, ninguém veio, a mesma casa onde ninguém ouviu uma mulher estuprada gritar, ninguém viu queimar.
Pela manhã ele se aproximou, abriu um grande saco de sal retirado da Ultra Ranger, e espalhou, rápido e eficiente, sobre o que sobrou da casa, do caminhão, dos carros, de tudo.
Na estrada para Santa Fé, sempre ligado, ele parou para tomar um café, também ligou para Hans Scrodd, o milionário alemão, irmão de um jovem desaparecido.
- Sr. Scrodd.
- Sim.
- Lamento senhor, seu irmão teve um fim muito triste, e não posso lhe devolver seus restos ainda pois não os achei, mas já comecei a vingança.
Uma voz chorosa respondeu do outro lado da linha.
- Continue, e na volta me traga qualquer coisa que eu possa sepultar, o que você encontrar.
- Certo.
MAIS VINGANÇA
Kelly estava se preparando para ir, "trabalhar", com seu uniforme de enfermeira, ela o trocaria por roupas e maquiagem sensuais no caminho.
- Já está indo amor?-
Sim, tenho um plantão elétrico pela frente.
- Te vejo amanhã à noite.
- Te amo.
Ela estava de encontro marcado com um atleta, ela o levaria para uma das casas do Dr. Steele, onde ele seria dopado, posteriormente anestesiado, e desmontado, ( era essa a expressão que eles usavam ), numa discreta propriedade rural muito aconchegante, com o exótico detalhe de uma bem montada sala de cirurgia no porão, contígua a uma câmara fria, distante de um cemitério clandestino em área pública
.Os órgãos do campeão de natação estavam quase todos vendidos.
Ela olhou da janela do carro, viu seu querido Pool dormindo debruçado sobre a mesa, estranho ele pegar no sono assim, ela realmente o amava, era a única parte boa no coração dela.
Mais estranho ainda foi ela apagar antes de ligar o carro.
Ela não sabia quanto tempo tinha ficado sem sentidos, mas as cordas sintéticas estavam ferindo seus pulsos e seus tornozelos, na sua frente, um Dr. Steele todo machucado e dois capangas mais machucados ainda, estavam igual e impiedosamente amarrados no chão.
- Essas fotos com você e o doutor transando foram antes de você decidir que amava seu namorado, e só transar com ele a partir de então, não é? Foi útil vocês gostarem de fotos das suas trepadas, junto com esse bilhete escrito e assinado pelo doutor dizendo que vocês foram embora juntos, vai diminuir o sofrimento do rapaz. Tadinho... Tão inocente.
- Quem é você?
- Fui contratado pelo irmão do jovem Oscar Scrodd, para encontrá-lo, ou descobrir o que aconteceu com ele, e se fosse o caso, como é... Executar sua vingança
.- Seja quanto for que ele estiver te pagando, eu pago mais, está casa tem um cofre abarrotado de dinheiro, eu sei a combinação, junto a isso, pode dispor de mim como lhe agradar, tudo pela minha vida
.- Não quero esse dinheiro, é amaldiçoado, não quero te comer, você é nojenta, quanto a ter dinheiro, dessa vez vocês mexeram com alguém que tem muita , mas muita grana mesmo, fortuna de verdade, vocês sequer conseguem imaginar, o que ele não tem, é sangue ralo
.- Porque tanto sal espalhado por aqui?
- Quero que essa terra amaldiçoada com os crimes de vocês esteja salgada quando o fogo apagar.
- Você não vai...
Neste momento Sword lacrou a boca dela com fita adesiva.
- Esperei você acordar, para dizer que a última lembrança que seu querido Pool terá de você antes do seu desaparecimento, será a de uma vagabunda sem valor.
Ela o viu colocando em sua mochila várias pastas com informações sobre compradores do Dr. Steele, e subir as escadas, não muito tempo depois, a fumaça começou a entrar pela porta do porão, o calor começou a ficar insuportável, o doutor acordou, os outros dois criminosos acordaram, o fogo começou a tomar as paredes, esse cara sabia criar um incêndio.
O doutor começou a gritar como um pássaro jogado vivo na frigideira, ela tinha esperança que as cordas derretessem, mas não derreteram, pelo visto o material delas era especial, e ainda que conseguissem se soltar, passar pelas chamas e sair da casa, alguém estava vigiando lá fora, com um fuzil em uma mão, e uma cerveja na outra.
Kelly não pôde escapar dos rostos fantasmagóricos dos muitos homens que ela seduziu até ali.
A pouco tempo ela tinha decidido juntar uma boa quantia, e fugir com Pool para onde a quadrilha não os achasse, começar vida nova.
Agora ela só conseguia imaginar a expressão de mágoa e desprezo do Pool, ao ver aquela foto.
BENÉFICO EFEITO COLATERAL
Algumas horas antes, um nadador muito chateado com o bolo que levou, deixava no celular de Kelly, uma mensagem magoada que nunca seria lida.
Dois dias depois, um esqueleto recém contrabandeado dos Estados Unidos foi subtraído do laboratório de anatomia de uma faculdade de medicina na América Central.
A SENSAÇÃO
- Obrigado por comparecer ao funeral do meu irmão.
- Não agradeça Sr. Scrodd.
- O DNA bateu, eram mesmo os ossos de Oscar, graças a você, pude sepultar meu irmão.
- O senhor me pagou, não tem o que agradecer.
- Não tem dinheiro que pague por isso, as pastas que você me trouxe foram muito úteis, infelizmente, as informações lá só dizem quem comprou qual órgão, não dizem de quem o órgão veio, então, decidi que vou desgraçar as vidas de todos que compraram.
- Compreensível.
- Se eu identificar algum inocente, que não faz ideia de onde seu marido, esposa, filho, filha, pai ou mãe, trouxe seu rim, fígado, coração transplantados, vou deixar que fique e seja poupado.
- Generoso.
- Sword, porque você salgou os solos?
- Porque certas energias devem ser extirpadas da Terra Sr. Scrodd, me sinto melhor com isso.