O Cão Biônico
Conto feito em 2010.
...
Em uma noite fria de céu aberto, eu estava esperando a carona de um grande amigo em um
lugar previamente marcado. Próximo ao lugar onde eu estava, tinha uma pequena floresta,
que mais adentro havia um pequeno riacho.
Cansado de esperar, resolvi sentar na calçada. Passado um tempo me assustei com uma coisa
que saía de dentro da floresta. Naquele momento senti medo, pois não podia imaginar o que
poderia sair daquele arbusto. Fique ali parado sentindo meu coração bater forte e senti um
suor frio sair dos meus poros.
Quando menos imaginei, saiu do escuro um cão biônico. No mesmo instante me veio uma
lembrança na mente em que havia visto uma reportagem na televisão, falando sobre esse tal
cão. O governo dos Estados Unidos estaria usando esse tipo de robô para fazer operações
especiais. Havia também, a outra parte da reportagem que falava de pessoas que acreditavam
que esse cão poderia ser usado para transportar coisas durante a noite (coisas que a
população não poderia ver, nem saber.).
Então fique ali parado, aflito, não sabia o que fazer. Prestei mais atenção no cão e vi que ele
não tinha cabeça, tinha aproximadamente um metro e meio de altura e um metro de largura,
tinha com ele quatro mochilas acopladas ao seu lado, que mais pareciam dois homens, um de
frente para o outro com as costas curvadas. De repente ele começou a andar e imediatamente
eu fui seguindo-o, devagar para ele não perceber a minha presença.
O segui por vinte e cinco metros, até que ele se abaixou. Estranhei o ato dele, mas no mesmo
instante parei. Passados exatos cinco segundos e ele deu um pulo, era magnífico, eu o vi saltar
o dobro de sua altura. Assim, após seu pulo, ele saiu correndo com uma velocidade que
variava de cinqüenta á sessenta Km/h. Estava completamente pasmo em presenciar aquilo. No
desespero sai correndo atrás dele. Nesse meio tempo meu amigo chegou com seu carro.
Perguntei a ele se ele tinha visto aquilo. Ele disse que sim e que não estava entendendo nada.
Entramos no carro e seguimos o tal cão, aos poucos poderíamos avistá-lo. Estava curioso,
afinal eu queria saber onde ele estava indo e o que ele pretendia fazer. Já passado um trecho
da floresta estávamos em uma via principal que durante o dia é movimentada, mas como já
era tarde só havia nós dois. Também pela parte subterrânea desta via, passava o metrô, mas
ali perto não havia nenhuma estação. Logo observamos ele entrar por uma parte que dava
acesso aos trilhos do metrô. Era um estreito túnel, que só dava para descer pelas escadas.
O cão já estava descendo. Eu e meu colega paramos o carro e nos dirigimos até lá. Eu estava
aflito, com medo e assaz curioso pelo que iria acontecer depois dali. Queria saber se o que
estava acontecendo seria um momento único ou se seria uma história que eu iria levar para a
vida toda.
Era uma escadaria extensa, mas podíamos avistar ele descendo logo à frente. Ao descer
podíamos perceber que ele não era muito habilidoso com escadas. Ele chegou até o final da
escadaria. Eu estava com tanta pressa que faltava cinco a seis degraus para chegar até o solo e
decidi pular esses degraus. Ao pisar no túnel a primeira coisa que fiz foi procurar a direção em
que o cão tinha ido, mas não tive sucesso, ele havia desaparecido. Foi aí que saí correndo pela
passarela que cercava os trilhos do metrô.
Logo deparei com uma porta, não poderia imaginar o que havia ali dentro, afinal se ele não
tivesse entrado lá, eu poderia estar colocando tudo a perder. Meu amigo também estava
curioso e olhando para todas as direções. Eu o chamei para me ajudar a derrubar a porta e
coloquei meu braço no ombro dele e ele fez o mesmo. Contamos até três e...
Tinha apenas uma sala vazia, mas no canto havia um estreito corredor que parecia dar acesso
à outra sala. Sem demora passei pelo corredor. A outra sala estava muito escuro, então usei o
celular como lanterna. Percebi que haviam uns sacos pretos jogados no chão, agachei e com a
ajuda do meu amigo comecei a rasgá-los.
Quando abrimos o primeiro saco nos deparamos com outro cão biônico que estava desligado.
Percebemos que nos outros sacos também havia outros cães. Fiquei feliz e triste ao mesmo
tempo. Triste por saber que entrei na sala errada e feliz por ter feito tamanha descoberta.
Eu e meu amigo decidimos pegar o cão que estava no saco e levá-lo conosco. Ele pegou por
um lado e eu pelo outro. Percebi que seria muito difícil subir com ele pela as escadas, porque
ele era muito pesado. Demoramos quase trinta minutos ate chegar à superfície.
Primeiro jogamos o cão para fora do túnel, subi em seguida e não vi uma coisa boa. Havia uns
sete homens fardados e armados. Um dos homens me puxou pela blusa, colocou um saco de
pano em minha cabeça e me algemou. Outro homem puxou meu amigo para fora do túnel e
fez o mesmo com ele.
Eles nos jogaram em uma espécie de van. Percebia que eles estavam com pressa e que não
estavam bem intencionados. Aflito e com muito medo, não queria nem imaginar o que eles
poderiam fazer conosco.
A van começou a andar. Eu já estava arrependido de ter seguido aquele cão, estava com muito
medo, só queria estar em casa naquele momento e deitado na minha cama, queria que aquilo
tudo fosse um sonho, e que após eu acordar poderia fazer a rotina da minha vida quieta e
pacata. Também não parava de pensar de que aquele dia seria o ultimo da minha vida, se
minha vida iria acabar por conseqüência de ter seguido um cão de alta tecnologia.
Estávamos andando a mais de trinta minutos é em alta velocidade. Ate que a van parou, dois
dos homens vieram buscar eu é meu amigo, eles nos pegaram pelas algemas e saíram nos
arrastando. Fomos Arrastados por aproximadamente duzentos metros, ate que percebi que eu
estava em uma parte bem iluminada. Eles nos pegaram e nos colocou e amarrou em uma
cadeira.
Tiraram o saco de pano de nossas cabeças, Quase cego por não estar acostumado com a
claridade da sala, imediatamente senti um tapa forte em meu rosto vindo de uma mão pesada,
que logo depois veio as perguntas. O que você sabe? Como você conseguiu entrar no túnel? É
por que você queria uma maquina?
Logo respondi, Eu não sei de nada, estava só curioso para saber o que era aquilo, entrei no
túnel após o cão ter entrado, se a maquina que você fala e o tal cão, eu ia pegar ele para saber
o que ele era realmente, e queria ver os mecanismos dele.
Após as respostas eles colocaram uma grande televisão em nossa frente. Começou a
reproduzir um vídeo falando do cão, falando que ele estaria sendo usado para operações
especiais, que ele seria muito bem útil para resgates, e que ele se adapta muito bem a
qualquer ambiente sendo eles terra, água, paredes, morros e etc.
Percebi que aquilo estaria sendo usado como um tipo de lavagem cerebral. Então ignorei
aqueles vídeos, e fechei meus olhos e abaixei minha cabeça. Não demorou muito ate que um
dos guardas me puxou pelo cabelo, me fazendo assistir o vídeo. Fingindo que estava prestando
atenção, virei minha cabeça e olhei para meu amigo e vi que ele estava em estado de transe,
não fiquei feliz por telo visto daquele jeito. Continuando a fingir que estava vendo o vídeo. O
tempo foi passando ate que o vídeo acabou. Após o termino do vídeo, senti uma grande
pancada na cabeça, e então...
Estava com frio, molhado e com dor na cabeça, pensei que seria apenas uma noite mal
dormida. Então abri meus olhos e vi que não estava em casa, estava na beira de um riacho e
com minha cabeça acostada em uma pedra. Não demorou muito ate eu me levantar. Já de pé
fui cambaleando ate uma pedra, onde me sentei. Sentindo uma dor intensa em minha cabeça,
não conseguia me lembrar como eu fui parar ali. Então decidi subir um pouco, para ver aonde
eu poderia estar.
Subi uns duzentos metros, ate que deparei com uma pista. Feliz pela descoberta, pois estava
com medo de estar em uma floresta totalmente fechada é longe de toda população é cidade.
Ate que... Comecei a me recordar daquela rua em que eu estava. Sim! Meu deus, o que eu
estaria fazendo ali? Por que, ate onde eu lembro, eu estava em uma sala, amarrado á uma
cadeira e sendo forçado a assistir uns vídeos sobre o cão biônico. Decidi ir para casa logo, pois
sei que o caminho seria distante.
Ao chegar em casa, já peguei meu telefone e liguei para meu amigo. Assim que liguei,
perguntei como ele estava, como ele havia chegado em sua casa. Logo ele me deu explicação
dizendo que depois que foi me buscar em o tal lugar marcado, não me encontrou e foi logo
para casa. Não acreditei no que estava ouvindo, como ele não podia se lembrar de nada?
Então perguntei se ele se lembrava do cão, de nos termos estrado no túnel, e o seguido. Ele
logo me interrompeu falando, que cão? Você esta ficando louco. Então ele desligou o telefone.
Fiquei em choque, como ele não poderia se lembra daquela noite. Fui tomar um banho quente
para me acalmar um pouco. Logo após o banho fui à casa do meu amigo dizer detalhadamente
o que havia acontecido na noite anterior.
Chegando lá toquei a campainha é fui logo cumprimentado pelo meu amigo. Rapidamente ele
já me perguntou o que havia acontecido comigo. Que história era aquela de cão biônico. Então
pedi para ele se sentar e contei toda a história para ele e principalmente a parte em que
haviam feito a lavagem cerebral nele. Assustado com tudo que eu havia acabado de falar, foi
logo me convidando para ir a este túnel que havia dentro do metrô, pois queria ver com seus
próprios olhos todos os sacos onde dentro havia os cães. Mas falei para ele que não era seguro
irmos lá durante o dia e também eu tinha que ir trabalhar. Então marcamos que depois do
meu expediente ele iria me buscar para eu provar a ele que o que aconteceu era verdade.
Após o cansativo trabalho, fiquei esperando ele lá em baixo do bloco do prédio. Após uns cinco
minutos meu amigo chegou com uma cara interrogativa, parecia que ele estava com pressa de
saber de tudo que havia acontecido na noite anterior. Não perdi tempo entrei no carro e
fomos seguindo para o túnel onde nos encontrávamos em outra noite. Estacionando seu carro
em um lugar mais escondido e distante da entrada.
Ao chegarmos à entrada do túnel nos deparamos com um imenso cadeado que com certeza
era para manter afastado qualquer tipo de intruso. Não demorou muito ate que meu colega
retirasse de sua mochila um pé de cabra que seria usado para arrebentar o cadeado. Após ser
arrebentado começamos a descer a escadaria que dava acesso ao túnel, lá embaixo
rapidamente nos dirigimos à porta onde havia muitos cães. Ao abrirmos as portas fomos para
o estreito corredor onde dava acesso a outra sala. Não havia nada, nem um pedaço rasgado de
um saco plástico. Fiquei muito sem graça, pois tinha jurado a ele que era tudo verdade.
Aborrecido comigo ele virou as costas e foi saindo da sala. Saí atrás dele tentando me explicar,
mas, foi em vão, pois ele não queria nem saber o que eu tinha para falar, ate parecia que para
ele tudo que saia da minha boca seria mentira. Subimos a escada novamente, só que ele
estava à minha frente. Estava com medo de encontrar os homens fardados lá em cima, não me
hesitei sobre, pois talvez não encontraríamos os tais homens. Ao chegarmos à superfície
estava tudo em seu devido lugar. Não havia nenhum homem ou nenhuma van. Fomos ao
encontro do carro e ele foi me levar para casa. Por todo o caminho meu amigo não disse
nenhuma palavra, com certeza ele estava com raiva de mim. Pedi desculpas a ele, mas mesmo
assim ele não me respondeu nada. Apenas permaneceu calado.
Ao chegarmos a minha casa, abri rapidamente a porta do carro e dei tchau a ele e falei que
retornaria a falar com ele no dia seguinte. Apenas com um simples ato de balançar a cabeça,
ele afirmou. Subi as escadas pensando se tudo aquilo realmente tinha acontecido. Abri a porta
e me deparei com um dos homens fardados, me assustei dando um paço para traz. Senti uma
pancada forte contra minha cabeça, cai no chão com muita violência, e apenas com os olhos
fechados, pois não conseguia abri-los, os escutei falando entre si. Pegue-o vamos levá-lo para a
van. E apaguei literalmente.